20 de setembro de 2024

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Blog do Corredor Tomaz Lourenço 14 de maio de 2019 (0) (121)

Muitas conversas, surpresas e discussões durante as provas

Por Tomaz Lourenço | tomaz@novosite.contrarelogio.com.br

Talvez uma das razões para o sucesso da Contra-Relógio, desde seu início lá em 1993, tenha sido o fato deste editor estar presente nas corridas (sempre com sua esposa Cecília) em praticamente todos os fins de semana, pelo menos nos 15 primeiros anos. E não íamos apenas para promover assinaturas e vendas avulsas da revista, como também eu participava das provas.

E foram centenas de eventos com boas e más lembranças, fatos curiosos e até estranhos, mas que permitiram conhecer bem as muitas personalidades dos corredores brasileiros. Vamos a eles!

Vou começar pela minha experiência na primeira Meia-Maratona das Cataratas, em Foz do Iguaçu 2007 (foto de abertura). Apesar de estar no hotel da prova, onde foi a entrega dos kits e em frente a ele aconteceria a largada, constatei às 22 horas que haveria ali uma festa de casamento, que se estendeu até de madrugada. Naturalmente que dormi pouco nessa noite, assim como outros participantes, mas como estava bem treinado, não me preocupei muito.

O domingo amanheceu perfeito para correr, com frio e garoa. Saímos às 7h por estrada e em leve descida, e logo tive a companhia de um rapaz um pouco pesado, que parecia estar correndo no limite, tal sua respiração ofegante. Fomos juntos por alguns minutos, quando resolvi alertá-lo que deveria se poupar, pois se tratava de uma meia-maratona. Mas, ao me aproximar dele, vi que estávamos chegando à placa de 1 km e, na hora, desconfiei do que estava acontecendo.

Passamos a placa e imediatamente o jovem deu um grito de alegria. Então, emparelhei com ele e perguntei: “Bateu seu recorde do quilômetro?” E a resposta: “Sim, nunca tinha conseguido correr 1 km em menos de 5 minutos!” Parabenizei-o e comentei que tínhamos ainda 20 km pela frente, ao que ele comentou que passaria a correr no seu ritmo de 6 min/km, para chegar bem no final, ao lado das Cataratas.

RESPIRA, RESPIRA. Em outra meia-maratona, desta vez em Joaquim Egídio, distrito de Campinas, vinha logo atrás de mim uma corredora, acompanhada pelo que parecia ser seu técnico. Ele falava palavras de incentivo, comentava sobre o ritmo que estavam etc, tudo intercalado pela recomendação de que ela respirasse.

Depois de alguns minutos ouvindo “respira, respira”, achei que tinha que comentar com eles a situação. Foi quando perguntei se era mesmo necessário que ele sugerisse que ela respirasse, já que é uma coisa natural. O tal treinador ou coisa parecida não gostou da minha interferência, fez alguns xingamentos e eu resolvi acelerar para não complicar. Algum tempo depois de completar, vi chegando a dupla, ela em estado deplorável, andando, e me lembrei que outra de suas falas era “você está ótima, mantenha o ritmo”…

EM QUE RITMO? Em outra meia, em São Paulo, corria ao lado de um assinante e nós dois estávamos nos sentido muito bem. Então sugeri que aumentássemos um pouco o ritmo, para terminar com uma boa marca, talvez até um recorde pessoal nos 21 km. Ao que ele alegou não ser possível, porque seu treinador tinha recomendado que não passasse de determinado batimento cardíaco, caso contrário colocaria em risco sua prova.

Me lembro de ter comentado que procurava seguir o que meu corpo indicava, sem entrar numa corrida com ritmo pré-estabelecido, pois ia depender de “estar no dia” ou não, da temperatura e naturalmente do percurso. Mas ele se manteve irredutível, nos despedimos e fui aos poucos aumentando a velocidade. Acabei completando bem cansado, mas com excelente marca.

Algum tempo depois vejo a chegada daquele assinante e fui conversar com ele. Quando soube o tempo que eu tinha feito, ficou com raiva, pois seria seu RP. Estava inteiro, mas não feliz, comentando que da próxima vez iria correr conforme se sentisse, sem seguir tão fielmente as orientações. Ao que eu retruquei que o inverso também era verdade, ou seja, entrar numa prova com um ritmo na cabeça e procurar cumpri-lo a qualquer custo, mesmo sofrendo, não era algo inteligente e que levaria, com certeza, a uma quebra durante o percurso.

Este tema leva aos conhecidos “coelhos” ou marcadores de ritmo, mas isto fica para uma próxima história.

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