Notícias admin 12 de outubro de 2014 (0) (118)

Maratona de Tóquio: 310 mil inscritos para 36 mil vagas!

As inscrições são através de sorteio – e este ano foram 310 mil candidatos! – ou por meio das agências de viagens especializadas em corrida para as 36 mil vagas. Claro que as 27 horas de viagem, no mínimo, e as 12 horas de fuso horário assustam, bem como o medo dos altos custos do Japão e a dificuldade do idioma. Mas, ao chegar, você esquece tudo isso. Tóquio é uma cidade impressionantemente moderna e com lindas construções antigas bem preservadas, harmoniosamente, lado a lado.
Com uma população superior à de São Paulo, tudo funciona muito bem, mas seguir para a feira da maratona já é um programa e um desafio. Realizado no centro de exposições Tokio Big Sight, o mesmo local da chegada da competição, e distante do centro da cidade, podemos observar o eficientíssimo sistema de transporte de Tóquio. Prepare-se para se perder e se atrapalhar pelo caminho. Poucos falam inglês, mas a gentileza dos japoneses é tão grande, que mesmo sem entender a língua e o que está escrito nas placas de identificação, você se divertirá bastante até encontrar a direção certa.
Também se surpreenderá com o tamanho da feira, que é gigantesca. Os estandes da Asics e da Mizuno, marcas japonesas, só vendiam tênis até o tamanho 38 feminino e 42 masculino, frustando, principalmente, os corredores estrangeiros mais altos. A loja com produtos da prova oferecia modelos de camisetas com frases, na sua maioria, em inglês, tal como a camisa oficial do evento. Nunca vi tantos estandes de meias: de compressão, com dedinhos, coloridas, de bolinhas, listradas… Mas havia alguns com excelentes ofertas de roupas esportivas e tênis de modelos mais antigos, mesmo com os preços em ienes.
No sábado, acontece a Corrida Internacional da Amizade, de 5 km, e o grupo de brasileiros foi calorosamente recepcionado e já teve uma ideia da magnífica organização que estaria à sua disposição no domingo. Com a chegada no mesmo local da maratona, uma bandinha de adolescentes japoneses tocou música brasileira para a nossa alegria e das televisões locais, que filmaram a festa do nosso animado grupo.
À noite, um jantar de massas para os corredores estrangeiros que compraram o convite foi realizado no 45º andar do belíssimo e moderno prédio da Prefeitura, com uma magnífica vista da cidade. Na saída, já podíamos observar a organização da largada da prova que acontece neste mesmo local, no bairro de Sinjuku, com excelentes opções de hospedagem, restaurantes e lojas com preços até inferiores aos do Brasil.
Já no domingo, com 3 graus de temperatura, os corredores começaram a chegar bem cedo – e muitos, fantasiados. Os números da corrida indicavam a baia de largada de cada atleta e todos esperavam pacientemente o momento para começar a correr. O percurso passa por diversos pontos turísticos, como o Palácio Imperial, Hibiya Park, o elegante bairro Ginza e suas lojas de grife, por Asakusa, com seus magníficos templos, e por bairros de arquitetura antiga e futurística.

SEM LIXO NO CHÃO! O público é bastante grande e carinhoso. Todos tentam oferecer alguma coisa para ajudar os corredores: refrigerantes, chá quente, sopinha, sushi, chocolates, balas, biscoitos e muito mais. O povo enlouquecia ao ver a camiseta brasileira, e por diversas vezes gritaram o nome do jogador de futebol Zico. Mas, tenho certeza de que todos os que lá estiveram voltaram com uma recordação especial do percurso. Os staffs da prova, impecavelmente vestidos com suas capas e bonés do evento, deram um show de simpatia e eficiência. Nenhum copo ou sachê de gel foi deixado no chão ao longo de todo o trajeto.
A organização também oferecia bananas, tomates (?!), chá quente e, em vez das tradicionais bebidas isotônicas, uma deliciosa com BCAA.
Muitos corredores com fantasias criativas de ervilha, tomate, bonés com torres, sushis e muitos super-heróis japoneses, é claro. O público também compareceu fantasiado ou com coloridas perucas, além de um sorriso e uma alegria contagiantes. Muita música e apresentação de dança típica marcam o itinerário que tem 2 pontos de ida e volta. Com leves descidas e subidas durante todo o trajeto, somente a partir do km 40 encontramos a parte mais íngreme, com 3 pontes , que não chegam a assustar. A prova tem pontos de corte, onde os corredores são impedidos de continuar caso não cheguem nestes locais até o horário indicado em grandes cartazes. Mas o tempo-limite é de 7 horas, ou seja, pouquíssimos não conseguem.
A prova teve recorde, tanto no masculino quanto no feminino, estabelecido pelo queniano Dickson Chumba – 2:05:42 – e pela etíope Tirfi Tsegaye – 2:22:23.

TUDO ORGANIZADO. Na chegada, além da medalha – pequena, mas bonita – ganhamos uma toalha, em substituição à tradicional manta térmica de alumínio, e todos os corredores seguiam para o pavilhão em que foi realizada a feira da maratona, onde as bolsas dos guarda-volumes estavam milimetricamente arrumadas, como tudo o que lá vimos durante estes dias em Tóquio. De lá, os inscritos com a agência de viagem Kamel e demais empresas de turismo internacional tinham ônibus à disposição para retornar ao hotel.
Em 2015 a competição acontecerá em 22 de fevereiro, e as inscrições para o sorteio devem estar disponibilizadas no site da prova, como nos anos anteriores, de 1º a 30 de agosto e em outubro sai o resultado. A inscrição, no valor de 12 mil ienes (equivalente a 120 dólares) é muito mais barata que as demais Marathons Majors. E os custos da viagem não são tão assustadores.
Portanto, se você deseja ter uma maravilhosa experiência, corra, literalmente, para participar desta maratona. Tenho certeza de que será cada vez mais difícil conseguir uma vaga nesta que será, em breve, e merecidamente, a queridinha das Majors.

* Denise Amaral é do Rio de Janeiro

Corrida maravilhosa!

Na Contra-Relógio de maio de 2011, li o depoimento do Antenor Sakamoto "Maratona de Tóquio: Que abastecimento!".Fiquei sensibilizado com as palavras de Sakamoto e coloquei a prova na minha lista de prioridades. Quando chegou agosto de 2013, fui ao site http://www.tokyo42195.org/, registrei meu nome na loteria e fiquei na expectativa. No início de outubro recebi um e-mail da organização informando que meu nome havia sido sorteado e que eu tinha dez dias para efetuar o pagamento (aproximadamente R$ 300).
Com uma planilha da CR de dezembro de 2012 me pus a treinar com determinação. Em janeiro comecei a monitorar as condições climáticas de Tóquio e eis que faltando quinze dias para a maratona, o Japão é castigado pela maior nevasca dos últimos cinquenta anos.
Embarquei para Tóquio uma semana antes da maratona, para melhor me recompor das 21 horas de voo e das 12 de fuso horário. Nevasca ou mera neve era coisa do passado. A meteorologia indicava bom tempo para ofim de semana da maratona. O local da retirada do kit é meio longe do centro e dos hotéis; leva uns 30 minutos de trem até lá. A entrega do kit é rápida, o pessoal é muito gentil e camarada. Na feira os preços são muito em conta e na saída, uma série de produtos (camisetas, agasalhos, calções, moletons, abrigos, etc.) a preços superacessíveis.
Então chegou o dia da maratona. Acordo cedo, confiro a meteorologia: variando de 0 a 10 graus. Desço ao restaurante do hotel e tomo café da manhã: arroz, batata cozida e pão. Pego minha sacola e me dirijo a pé por 1,3 km até o local da largada.
O percurso da maratona é bem interessante porque passa pelos principais pontos turísticos da cidade. A altimetria é boa, mas não totalmente plana;no início um discreto declivepor 6 km e então vai plana até o km 35, quando começa uma sucessão de pontes e um elevado. Por diversas vezes,corre-se em uma faixa da avenida e o pessoal mais rápido voltando na outra faixa. Imaginei que isso pudesse ser ruim, desestimulante, mas foi bem positivo.
Ao longo do percurso tem 25 atrações, entre bandas de música e grupos amadores realizando performances. Na beira da calçada boa quantidade de pessoas acompanhando, torcendo e dando balas e comidinhas para os corredores. Essa torcida não é tão numerosa nem barulhenta como nas maratonas de Chicago ou Londres, mas incentiva bastante, no jeito japonês de torcer.
A minha corrida foi excelente, maravilhosa. Larguei tranquilo, passando o km 10 com 56 minutos. Por aí o sol saiu e até esquentou um pouco; tirei o gorro e as luvas e coloquei no cinto porque o tempo podia mudar e eu poderia precisar deles novamente. Fui nesse ritmo até o km 15. Neste ponto o céu voltou a ficar nublado e entrou um vento frio. Uma voz me disse que dava para aumentar o ritmo, obedeci e passei a meia-maratona com 2h05. Não tinha dor, me sentia muito bem e pensei: por que não tentar fechar esta prova em menos de 4 horas?
Do km 30 ao 36 tudo continuava tranquilo, o que me deu certeza de terminar dentro da nova meta. Eis então que chega o km 36, quando começam algumas subidas de pontes, então o rendimento foi caindo. Ainda assim, fiz cara brava para os trechos íngremes, olhei para baixo e não me deixei vencer. No km 41 tudo voltou a ficar plano, então dei a última acelerada.
Cruzei a linha de chegada inteiro, sem nem uma dorzinha, incrível! O relógio do pórtico indicava 4h08 como tempo bruto, mas deu 3:58:29 no líquido. Recebi a medalha, um monte de brindes, tirei fotos e fui encontrar meu filho que veio da Noruega só para comemorar comigo mais uma maratona.
Carlyle Vilarinho, assinante de Brasília

A Baby das Majors

Os países do Extremo Oriente, como o Japão, por terem uma cultura muito distinta das nações do Ocidente, sempre nos provocam muita curiosidade e eu queria experimentar o jeito do país das gueixas e da alta tecnologia de organizar uma maratona. Apesar da edição deste ano ser a segunda que Tóquio realiza já na condição de Major, os japoneses mostraram porque entraram neste seleto clube, se juntando a Nova York, Berlim, Boston, Londres e Chicago.
A começar pela entrega do kit, em espaço amplo e muitos voluntários que, apesar da dificuldade do idioma, não mediam esforços para dar as orientações para os corredores, sempre com muitos sorrisos, mesuras e "arigatôs", um show de amabilidade.
Como aperitivo, os organizadores promoveram no sábado, véspera do grande dia, a Corrida Internacional da Amizade, que tem como objetivo facilitar a integração entre os atletas estrangeiros que vieram para participar da Maratona de Tóquio. Aproximadamente 5 mil estrangeiros estiveram lá este ano.
Segundo os organizadores, 1,5 milhão de japoneses se postaram ao longo do percurso para incentivar os corredores. Interessante foi constatar que, que embora seja um povo extremamente formal quando está em público, na maratona parece que eles se liberam e o que se vê de gente com as mais extravagantes fantasias é impressionante, fazendo lembrar a nossa tradicional São Silvestre.
A minha participação nessa prova pode ser dividida em duas etapas. A primeira, até o km 21, em que consegui manter o ritmo planejado e que me levaria a completar pouco abaixo de 4 horas. Na segunda parte, porém, o frio intenso, com direito a uma rápida precipitação de neve, somado às noites mal dormidas devido à diferença de 12 horas de fuso horário, fizeram meu ritmo cair drasticamente. Acabei cruzando o tapete de chegada com o cronômetro marcando 4h14. Até que não muito ruim, para os meus 62 anos.
Ismar Marques, assinante de Campinas

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