Releitura Redação 2 de setembro de 2018 (0) (140)

Coisas do coração

Qual é o limite máximo de treinos e de provas longas que podemos realizar sem prejudicar o coração? Essa é uma pergunta difícil de responder, pois até os estudos científicos ainda não encontraram uma medida exata. É importante estar bem treinado e realizar exames médicos com regularidade, mas, mesmo assim, ainda há o risco de acontecer algum problema.

Por essa razão, resolvi abordar esse assunto neste mês. Tenho presenciado corredores treinados e com exames médicos em dia tendo dores no peito, arritmias e até mesmo infartos do miocárdio em maratonas, ultramaratonas e corridas longas de montanha.

É cientificamente comprovado que após uma maratona os principais marcadores no sangue, como creatina quinase (CK) e CK-MBtroponina e mioglobina, indicam algum tipo de lesão gerada no músculo cardíaco. Esses marcadores voltam ao normal em até duas semanas, sendo que quanto melhor treinado, menor é o tempo.

Ou seja, isso já levanta um grande alerta para corredores que, mesmo não preparados para uma prova longa, vão até o final se arrastando para cruzar a linha de chegada. Qual o estado desse coração após a prova? Como isso poderá influenciar em todo o processo de envelhecimento? Ainda não há estudos conclusivos, mas é certo que é necessário estabelecer um limite, caso contrário o músculo cardíaco será muito prejudicado.

 

QUATRO SINTOMAS. Como não temos muitos estudos dessa nova geração de ultramaratonistas, maratonistas e corredores de montanha, acredito que vale a pena criar o hábito de vigiar mais o organismo, por meio de exames médicos regulares (todos os anos) e ficar atento a avisos que o corpo fornece, especialmente, o coração. Listo quatro sintomas importantes:

Dor no peito – O desconforto merece atenção especial quando surgir ou aumentar durante a corrida. A dor torácica pode ser de origem muscular. Porém, diversas doenças cardíacas graves costumam ter o incômodo como principal sintoma. Somente o médico, com o resultado de seus exames, saberá a real causa do problema e se você pode ou não continuar seus treinos.

Síncope – Também chamada de desmaio é a perda transitória de consciência. Geralmente, acontece subitamente, tem curta duração e recuperação espontânea. Qualquer corredor que sofrer um desmaio ou tiver a sensação de que vai “apagar” deve interromper o exercício imediatamente e relatar o problema ao um médico cardiologista. A maioria das síncopes acontece quando as pessoas ficam muito tempo em pé, estão em ambientes quentes e sem ventilação ou passam por situação de grande estresse.

Palpitações – Podem ocorrer em função de diversos tipos de arritmias. Uma causa muito corriqueira e benigna de palpitação é a extrassístole, um batimento antes do tempo habitual do átrio ou do ventrículo, que pode causar sensação desconfortável. O sintoma tende a piorar em momentos de estresse e ansiedade. Porém, na maioria das vezes, não há necessidade de tratamento ou recomendações especiais para a prática da corrida. Mas a palpitação é considerada um sinal de alerta, pois talvez seja a única manifestação de doenças cardíacas graves que aumentam o risco de morte súbita.

Falta de ar – Costuma passar batida pelos corredores, que associam o problema ao mau condicionamento, condições climáticas desfavoráveis ou resultante de um treino puxado. Normalmente, quando a falta de ar é desproporcional ao esforço da atividade física, vem acompanhada de chiado no peito, febre, inchaço nas pernas, dor no peito ou palpitações.

Mesmo a prática de uma atividade física como a corrida requer cuidados, notadamente, quando falamos de correr no limite ou de forma extrema, como no caso de provas longas. Quanto mais prestarmos atenção e tivermos consciência do nosso organismo, mais proveito podemos tirar desse esporte. Portanto, esteja sempre bem treinado e descansado, separe tempo para realizar os exames necessários e ouça as orientações do seu treinador, se tiver um.

 

 

 

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