Por Bruno Augusto de Alcântara Mendonça, do Rio de Janeiro
Decidi começar a correr em 2014. Sem qualquer noção, acabei me lesionando por overtraning… Mas não deixei a ideia de lado. Fiz os primeiros 5 km andando e fui gostando… Em 2015, a meia-maratona e, em 2016, cheguei à maratona.
Para 2017, a meta era me recuperar de uma lesão mais grave no final de 2016, melhorar na maratona e conseguir completar a Mizuno Uphill, já que havia sido sorteado e estava inscrito! Metas cumpridas graças à disciplina aos treinos específicos e de excelente qualidade técnica da treinadora Luiza Fellipa.
Hora de pensar em 2018. Primeira meta: maratona sub 4h, quem sabe entrar no Ranking da CR! Me faltavam 18 minutos… Escolhi Porto Alegre ao lado da Luiza e conseguimos! Bem no limite, mas já garanti meu certificado que será emitido pela CR no final do ano.
Mas ainda em 2018, precisava traçar uma meta para o segundo semestre… Lembrando a dica da treinadora que deveria começar a pensar em provas internacionais, veio na memória uma matéria que li no site da academia onde malhava. Reportagem ainda de 2015. O que me chamou atenção foi que essa prova atravessava três países! E como eu ainda não conhecia a Europa, fui buscar nos arquivos o tal e-mail. Encontrei! Sparkasse Marathon! Às margens do Lago de Constança, tendo percurso passando pela Áustria, Alemanha e Suíça. Estava decidido. Seria essa minha primeira prova.
Procurei o site da prova na internet e a primeira surpresa positiva: inscrições abertas no final de 2017 e sem qualquer exigência adicional. Além disso, achei a taxa “barata” frente aos preços de algumas provas nacionais. Não tive dúvidas, me inscrevi direto. Falei com alguns amigos e quatro também toparam a empreitada. A Elane decidiu pela maratona, Patrícia e o Amon pela meia, e o Leonardo foi de 10,5 km.
Agora tinha de planejar a viagem. Pensei nas agências que sempre estão relacionadas ao nosso mundo de corredores, mas infelizmente nenhuma me apresentou algo que realmente fosse focado nessa prova… O problema é que a Sparkasse é sediada e tem chegada em Bregenz (Áustria), a largada ocorre em Lindau (Alemanha) e passa por Sankt Margrethen (Suíça). Todas são cidades do interior e não têm aeroportos. O mais próximo fica em Friedrichshafen (Alemanha).
Entretanto, já sabia que a malha ferroviária da Europa é excelente e que poderia chegar em qualquer aeroporto da região como Zurique, ou mesmo o regional de Friedrichshafen. Comprei as passagens pela internet para chegar 7 dias antes da prova com a intenção de me ambientar. Também procurei um hotel em Bregenz. Não queria ficar me deslocando muito nos dias anteriores para evitar imprevistos. Tudo comprado já no início de 2018. Um outro fator bem propício é que os brasileiros não precisam de visto para entrar na Europa. Só restavam alguns detalhes (como compra de moeda estrangeira) que foram resolvidos ao longo do ano.
O plano inicial era chegar pelo Aeroporto de Zurique e pegar um trem até Bregenz, mas devido a um imprevisto no voo de ida que custou um dia de viagem, a empresa aérea aceitou o desembarque final em Friedrichshafen. Como cheguei já tarde da noite, a opção foi um táxi até Bregenz. No dia seguinte, já fui treinar bem cedinho para sentir o quão frio poderia ser. E foi! Nordestino e morando no Rio, peguei uma garoa com vento leve às 6h fazendo menos de 5°C. Depois treinei mais um dia e fiz a Breakfast Run na véspera da prova (exige uma inscrição separada da prova para quem se interessar).
A retirada de kit ocorre na linda cidade de Lindau, onde tem a largada da prova, mas na minha opinião deixou a desejar. Esperava muito mais da expo, mas foi muito limitada e com produtos bem caros. A sinalização para retirada dos números de peito/chip não era adequada e o pessoal de apoio estava um pouco confuso. A camisa é opcional. A pasta party foi realizada no mesmo local da entrega dos kits, também confusa e sem sinalização.
Enfim, o dia da prova. O transporte, tanto de trem como de barco, a partir de Bregenz para a largada em Lindau, é gratuito para os participantes com número de peito nos horários que antecedem as provas. No manual da corrida está bem explicado quais os horários. Os guarda-volumes estão em caminhões que voltam até a chegada no Casino Stadium em Bregenz. Na concentração existe um barco ancorado com banheiros para os corredores. Há divisões de ritmo, mas apenas por fitas dentro do espaço de largada. Uma banda toca rock durante os minutos que precedem o início. É fantástico ver a diversidade dos nomes nos números de peito e ficar tentando adivinhar as origens. O número total de corredores para todas as provas não chega a 9 mil.
Como a largada é única para todos os ritmos, avistei vários pacers identificados pelos balões com o tempo proposto para concluir. Normalmente, não acompanho, devido à grande concentração de corredores em torno dos marcadores. Mas dessa vez, como quantidade não era grande, consegui acompanhar o que mais se aproximava da meta prevista. Entre Lindau e Bregenz, os caminhões guarda-volumes passaram na via paralela buzinando para nos saudar! Em quase todo o percurso haviam pessoas assistindo e incentivando. Em locais mais específicos, bandinhas e cheerleaders.
Os postos de hidratação são poucos, com o primeiro por volta de 5 Km e o segundo, nos 10 Km. Mas são extremamente bem abastecidos e possuem, além de água, isotônico, frutas, refrigerantes e chá. Não senti falta de nada, até porque a temperatura estava muito agradável (por volta dos 15°C), apesar de a largada ser às 10h30. Depois dos primeiros 10 km, os postos são mais frequentes e continuam bem abastecidos. Sem falar na população ao nas portas das casas.
Senti um pouco de cansaço nos últimos 10Kms e diminui um pouco o ritmo. Mesmo assim cheguei com 9 minutos a menos do que a Maratona de Porto Alegre. Novo recorde pessoal. E brindado com o anúncio do nome na chegada dentro do Casino Stadium pelo locutor da prova.
A área de dispersão era imensa! Sem nenhuma pressão para os corredores saírem, com barracas distribuindo (sem limitações) frutas, água, café, biscoitos, sucos, refrigerantes, iogurtes, e até cerveja sem álcool. Também haviam massagistas, com prioridade para os maratonistas Enfim, superalegre e muito satisfeito com a prova e o resultado, saí do estádio e fui andando até o hotel. Mais pessoas paravam para perguntar o quanto havia corrido e parabenizavam o feito.
Resumindo, uma prova excelente para qualquer corredor amador de nível iniciante a intermediário.
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