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Aquecimento: Leia sobre a Maratona de Chicago de 2017

Por Fernanda Paradizo

Domingo (dia 7) será a vez da 41ª edição da Maratona de Chicago, nos Estados Unidos. Para uma “aquecimento”, leia a cobertura e depoimentos de personagens sobre a prova do ano passado, em cobertura publicada na Contra-Relógio.

“Dia 8 de outubro (de 2017) foi realizada a 40ª edição da Maratona de Chicago. Neste ano a prova teve um público recorde de 44.257 terminando, um crescimento de quase 10% em relação ao ano passado. O Brasil, desta vez, alcançou a posição de terceira maior delegação estrangeira, com um enorme grupo de 802 concluintes (mais do que o dobro do ano passado, quando menos de 400 terminaram a prova), atrás apenas do México e Canadá.

Chicago é, de fato, um ótimo destino para se viajar e correr. Além da maratona em si, a cidade é muito bem estruturada, fácil de se locomover com transporte publico, com boa oferta de restaurantes, museus, passeios, eventos esportivos e lazer.

Na sexta-feira e sábado anteriores à corrida, ocorreu a tradicional feira de retirada do kit, em um pavilhão com expositores das mais variadas marcas de tênis, roupas e acessórios, alimentos e aparelhos eletrônicos. Uma coisa que chama a atenção na Maratona de Chicago é a eficiência da retirada dos kits. O processo é bastante automatizado e rápido, e os voluntários esbanjavam simpatia, desejando com entusiasmo boa sorte a todos os participantes.

Uma novidade da prova neste ano foi a realização de uma corrida de 5 km na véspera, a exemplo do que já ocorre em outras maratonas grandes pelo mundo, como em Paris e Nova York. Muitos maratonistas usaram essa prova para confraternizar e soltar as pernas para o evento do dia seguinte (a prova de 5 km será realizada novamente em 2018).

UM POUCO DE CALOR. O domingo amanheceu ensolarado, com temperatura de 14 graus na largada e aumentando bastante em seguida. Chicago teve um dia mais quente que a média dos últimos anos, o que dificultou a vida de quem queria melhorar seus tempos pessoais.

Essa maratona norte-americana é famosa pelo seu percurso praticamente plano ou, como dizem por lá, “pancake-flat” (plano como uma panqueca). Apesar dessa fama, existem pequenos aclives e declives, principalmente por passar em algumas pontes que cortam o rio Chicago. Mas nada que comprometa o desempenho se a pessoa estiver bem treinada. O trajeto oferece a oportunidade de se conhecer a cidade de norte a sul, com início e fim no Grant Park, à beira do lago Michigan, passando por 29 bairros.

Uma característica interessante dessa prova é que os prédios altos do centro da cidade atrapalham bastante a captação do sinal GPS dos relógios, então não dá para confiar na distância medida por eles, e nem é necessário porque há marcações no percurso, obviamente aferido. Para os amigos e familiares que ficam na torcida, o aplicativo da prova para smartphones, como já é praxe em eventos desse porte, permitia acompanhar em tempo real o trajeto dos participantes.

MUITA TORCIDA. Ao longo do trajeto, diversas atrações musicais (DJs, bandas locais, até um sósia do Elvis estava lá) animavam os corredores. Mas o grande destaque da prova é a participação do público. A animação e envolvimento das pessoas ao longo do trajeto é de emocionar qualquer corredor, mesmo os mais experientes. Idosos, crianças, policiais, imigrantes, locais, todos se juntam para gritar, segurar cartazes, oferecer água ou comida aos corredores. A cidade abraça o evento de uma forma emocionante, infelizmente bem diferente do que estamos acostumados a ver aqui no Brasil.

Na chegada, além da medalha da prova, um estande distribuía a medalha “6 stars” para quem estava completando em Chicago o circuito das World Marathon Majors, composto por 6 das maiores maratonas do mundo (Tóquio, Londres, Boston, Berlim, Chicago e Nova York).

VITÓRIA DE AMERICANO. Em relação ao pelotão de elite, com um field bem menos competitivo que o da Maratona de Berlim, realizada uma semana antes, os americanos vibraram com a inesperada vitória de Galen Rupp (que foi prata nos 10.000 m da Olimpíada de Londres 2012), com o tempo de 2:09:20, depois de 15 anos sem um campeão do país.

Na disputa feminina, a etíope Tirunesh Dibaba levou a melhor, concluindo com o excelente tempo de 2:18:31. Outro destaque muito comemorado pela imprensa local foi a 3a colocada Jordan Hasay, de apenas 26 anos, que em sua segunda maratona fez o segundo melhor tempo da história de uma americana em maratonas (2:20:57). O recorde pertence a Deena Kastor, com 2:19:36, em Londres 1973.

Por fim, na 2a feira após a prova, a organização anunciou novidades para a inscrição na edição de 2018. Agora, atletas com tempos abaixo dos índices por sexo e faixa etária terão prioridade na inscrição, podendo se inscrever uma semana antes da abertura do sorteio para os demais interessados. Mais informações em www.chicagomarathon.com.

DEPOIMENTOS DE BRASILEIROS

“A prova é espetacular, uma experiência fantástica, organização sem igual. O único problema é que o corredor fica à mercê do clima (este ano foi bem quente no final). Mesmo assim, não ofusca o brilho do evento. Consegui fechar em 2:50:25, sendo o 4º melhor resultado brasileiro.”
Adriano Ananias, 34 anos, Campina Grande

“Foi minha quarta maratona, a segunda Major. Para quem teve um AVC em janeiro de 2011, mostra a superação que consegui… A prova de Chicago é, sem dúvida, a mais fácil delas, com clima mais acolhedor – friendly, como diriam os americanos, de arrepiar! Muitos reclamaram do clima, mas como estamos no Brasil achei tudo muito parecido.”
Fernando Costa, 37 anos, São Paulo

“Dada a largada, saí tentando controlar o ritmo pra não queimar os estoques de energia, mas no km 5 eis que o GPS já marcava um ritmo muito abaixo do que achava que estava fazendo. Estranhei mas continuei e percebi no km 10 que o GPS não estava funcionando. Bate aquele desespero: puxei demais? Vai fazer falta? Olhei para os lados e vi que havia outras pessoas na mesma aflição e o jeito foi seguir baseado na sensação de esforço. A prova convida para um ritmo mais forte e acho que pra mim faltou glicogênio (que talvez tenha queimado no começo com meu GPS atrapalhando), mas sobrou gratidão pelo calor humano no percurso e pelas paisagens belíssimas.”
Marcel Vinicius de Aguiar Menezes, 37 anos, Aracaju

“Como em qualquer preparação longa para uma prova, aconteceram surpresas pelo caminho. Faltando menos de um mês para Chicago, tive problemas de saúde que me deixaram apreensiva, mas consegui me recuperar e manter os treinos. A prova é sensacional e tem uma organização fora do comum. A estrutura é gigante e a forma de largada em ondas, divididas por cores e setores, é respeitada, permitindo uma saída sem congestionamentos. A hidratação durante a prova também chama a atenção, com vários pontos de Gatorade e água na sequência para tirar aquele gostinho doce da boca; também havia sachês de gel, bananas e vaselina em creme para quem estivesse assado. O que me chamou atenção foi o povo na rua em 100% do percurso, torcendo, vibrando, distribuindo papel para enxugar o suor, comidinhas e água. Me senti uma atleta profissional durante uma olimpíada!”
Leticia Somensi, 40 anos, Brasília-DF

“Chicago foi minha 9ª maratona e 3ª Major. Fiquei surpresa com o quanto gostei da cidade – um sopro de contemporaneidade no careta meio oeste americano. A semana foi excepcionalmente quente e achei que isso prejudicaria a corrida, mas nem senti tanto calor. O que me afetou mesmo foi o cansaço acumulado do Brasil somado à noite dormida no avião, que me derrubaram com gripe. Na noite anterior à maratona, acordava sem parar para tossir. Fiz uma prova lenta para poupar a saúde, mas, de qualquer forma, adorei a experiência. O mais especial foi passar pelos bairros de imigrantes como Greektown, Chinatown ou Pilsen. Talvez por estarem lutando pela sua própria integração à sociedade, eles torcem, gritam e animam os corredores desconhecidos como ninguém.”
Luciana Guilliod, 37 anos, Rio de Janeiro

“Foi um domingo mágico, uma prova que ficará guardada pra sempre na lembrança! Contemplei a cada quilômetro a arquitetura e paisagem natural dessa cidade linda, vibrei muito a cada passada, tanto por estar retornando às pistas, como pela alegria contagiante estampada no rosto de cada espectador. A vibração da torcida é fantástica, o envolvimento de toda a cidade com a prova nos deixa em êxtase! Até os policiais que estão trabalhando se envolvem, nos dizem palavras de encorajamento e estendem a mão para dar uma força. Impossível não se emocionar. Agora as pernas doem; no entanto, a sensação de alegria e superação compensam! Todo ser humano deveria correr pelo menos uma maratona na vida! Cada percurso e chegada são sempre sensacionais! Ultrapassar a linha de chegada nos 42 km nos torna mais fortes, determinados e gratos!”
Morgana de Oliveira, 39 anos, Anápolis

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