A Maratona Internacional de Florianópolis Uninter assumiu a liderança, entre as grandes, como a que (proporcionalmente) mais concluintes conseguiu colocar no Ranking da CR 2018, superando Porto Alegre, cujo índice está em queda.

Quando se fala sobre resultados em maratonas, o que logo vêm à mente são as condições oferecidas pela prova para que as marcas sejam boas. E nesse sentido, são lembradas algumas “qualidades” dos eventos, indispensáveis para que os 42 km sejam menos duros.

Pela ordem, cita-se a dobradinha temperatura baixa e percurso plano, seguida da organização em geral, notadamente no que se refere ao abastecimento no percurso. E efetivamente esses detalhes são mesmo importantes, podendo-se ainda acrescentar, como dado positivo, uma boa presença de participantes, assim como de público no trajeto.

Por essa forma de pensar, em maratonas com essas características a tendência é que a maior parte dos participantes consiga bons resultados, certo? Sim, mas está faltando um elemento fundamental nesse raciocínio: o corredor! Se ele não estiver bem treinado, de pouco vai adiantar estar frio no dia, quase nada de subida pelos 42 km, muita gente ao lado, plateia animada e abastecimento perfeito.

Este detalhe se constata ao se comparar as chamadas maratonas “sérias” e as “festivas”, ou seja, onde há, respectivamente, predomínio de corredores competitivos (e bem condicionados) e nas que o que importa é completar, fazer muita selfie, enfim se divertir. Nesse sentido, lá fora seria o caso de Boston e Nova York; por aqui, as maratonas de Uberlândia, Goiânia e Foz, em oposição ao Rio de Janeiro.

O fato fica flagrante ao se considerar o nível de ingresso no Ranking Brasileiro de Maratonistas, em que as provas mais “casca-grossa” (Uberlândia e Goiânia, futuramente Foz) são as que mais qualificam corredores, conforme se vê no quadro. Não se pode esquecer que fator importante para esses percentuais altos é a premiação em dinheiro (Goiânia e Foz) nas faixas etárias, atraindo os chamados “corredores sérios”.

Destaque e fugindo um pouco dessa dicotomia está a Maratona Uninter de Florianópolis, acontecida agora no final de agosto, que obteve (até agora) o maior índice entre as grandes provas do país, desbancando Porto Alegre, depois de vários anos. A maratona gaúcha, que tinha chegado a colocar 57,2% dos concluintes de 2016 no Ranking, apresentou queda no ano passado para 46,3% e novamente em 2018, quando 42,4% dos que terminaram foram ranqueados.

A explicação para essa ascensão de Florianópolis (34,6% dos concluintes obtiveram a qualificação em 2017) está no seu percurso plano e temperatura amena, com bom abastecimento, mas provavelmente também na “qualidade” dos participantes, que estariam migrando para essa prova, pela vantagem de poderem se preparar bem, aproveitando os meses mais frios (maio, junho e julho).

Agora é esperar 2019 para ver ser essa tendência se confirma e se o título de “a mais rápida” fica mesmo com a maratona catarinense, que acontecerá no dia 25 de agosto.

INGRESSO NO RANKING CR 2018

MARATONA        CONCLUINTES  NO RANKING    PERCENTUAL   NA LISTAGEM   PERCENTUAL

São Paulo                             3.933                 885                    22,5 %               684                           77,2 %

Uberlândia                            254                    118                    46,4 %               95                              80,5 %

42K Floripa                         1.413                 539                    38,1 %                  523                           97,0 %

Rio de Janeiro                    8.970                 1.751                 19,5 %               1.644                           93,8 %

Porto Alegre                        3.385                 1.438                 42,4 %               1.374                          95,5 %

SP City                                  4.011                 1.222                 30,4 %               1.125                           92,0 %

Florianópolis                       1.636                 767                    46,8 %               737                              96,0 %

Goiânia                                   150                    72                      48,0 %               50                              69,4 %

TOTAL PARCIAL              23.752             6.792                 28,5 %                 6.242                           91,9 %

Comentários: Como se vê na tabela, apenas 28,5% (média) dos que fizeram maratona este ano no Brasil conseguiram entrar no Ranking, mas em algumas provas esse índice foi bem mais alto, em função das condições de percurso e clima, notadamente, mas também da “qualidade” dos participantes. Os números na listagem são menores porque são descartados os tempos piores de quem fez mais de uma maratona, sendo que poucas mulheres se enquadram nessa situação, ou seja, a absoluta maioria correu apenas uma prova. A última coluna revela o predomínio do tempo de cada maratona, quando feita a comparação de resultados; por exemplo, 77,2% dos que correram a Internacional de SP entraram no Ranking com sua marca nessa prova, enquanto os 22,8% restantes com resultados (melhores) em outra.