Notícias admin 14 de janeiro de 2013 (0) (157)

Maratona e Meia de Sydney: Parar? Só na linha de chegada!

Seja corredor iniciante ou com muita quilometragem, todos concordam que uma das melhores sensações e prazer que a corrida de rua proporciona é o estímulo para viajar (e correr…). E para alguns, quanto mais longe melhor! Como foi meu caso, em 2011, ao conquistar um prêmio na categoria imprensa, oferecido pela Olympikus na Maratona do Rio de Janeiro. Tive a oportunidade de escolher qualquer cidade do mundo para correr uma meia-maratona e decidi ir bem longe, para a Oceania.

Havia escolhido, pelo exotismo, correr no Camboja em 2011, na intenção de conhecer o templo de Angkor Bat. Mas como estava lesionado, a Olympikus foi gentil ao permitir que eu adiasse para 2012, e optei por Sydney, na Austrália, para participar da Blackmores Sydney Running Festival – quatro corridas (42, 21, 9 e 4 km) – todas largando no mesmo local, Harbour Bridge, em média 50 minutos uma da outra, no dia 16 de setembro. Apenas nesse dia é possível correr na famosa ponte, o que atraiu corredores de 52 países.

 

A LONGA VIAGEM. Foram quase 17 horas de voo e quatro aeroportos – Guarulhos/SP, Santiago do Chile, Auckland/NZ e enfim Sydney – num fuso horário de 13 horas para frente, ou seja, parti na terça-feira, dia 11, às 16h30, e desembarquei na Austrália na quinta, às 8 horas. Nunca tinha viajado para um lugar com uma diferença de horário tão grande, e não sabia o que fazer ou como me portar no tal "jet lag". Algumas dicas de amigos me alertavam sobre a necessidade de tentar me encaixar rapidamente ao horário local. Mas na prática como seria? Tive a sorte, um dia antes da viagem, de encontrar, correndo no Parque Ibirapuera, o médico Dráuzio Varella.

Dráuzio estava a 6 km de completar seus 26 km de treinamento. Essa era a quarta ou quinta vez que nos encontrávamos e logo lhe contei a minha dúvida. Ele me deu dicas muito úteis, como caminhar no avião, usar meias de compressão e dormir de 2 a 3 horas chegando lá e colocar o despertador para levantar à força, querendo ou não. Mas, pela ansiedade e principalmente no afã de chegar num lugar tão convidativo a passeios, não segui o conselho do médico corredor.

No sábado fui conhecer alguns pontos turísticos e à tardinha retirei o kit. Apesar dos quase 30 mil inscritos, as filas foram bem rápidas e deu tempo de curtir a feira da corrida, bem completa e curiosamente separada em duas partes, para mulheres e para homens. Mas pelo fato de o dólar australiano ser mais caro que o americano, os preços para brasileiros são um pouco salgados.

 

LARGADA POR BAIAS. Com a estranha sensação de não ter dormido nas últimas 24 horas, alinhei para a largada, que seria às 6h20, com temperatura de 10 graus. Os números de peito já tinham o chip inserido, através de dois filetes na parte de trás, enquanto na frente eram sinalizados com as letras A, B, C, o que definia as áreas de largada. Caso não estivesse no local certo, era alertado pelos corredores ao redor, como foi meu caso, pois poderia sair na primeira baia.

E assim, praticamente com a fita de largada no peito, olhei para os lados e vi que pela primeira vez sairia numa elite internacional, sem quenianos, ao menos nos 21 km, enquanto os japoneses eram muitos (a Austrália está a apenas 8 horas de voo do Japão). Logo após a largada já se começa a subir a ponte e imediatamente peguei a câmera fotográfica para registrar belas imagens, o que, aliás, nunca tinha feito em meus 33 anos de corrida.

Como de hábito, corro com a camisa do Brasil sempre que estou em outro país, esperando algum aplauso ou grito de apoio, ainda mais que em Sydney vivem 30 mil brasileiros. Mas acho que em função do horário, eles estavam todos dormindo. Passei os 10 km para 39:54, mas faltando 6 km para o final senti a panturrilha repuxar e resolvi segurar o ritmo. Mesmo assim completei mais uma meia-maratona em menos de 1h30. O site da prova é www.sydneyrunningfestival.com.au.

 

JAPONÊS CAMPEÃO. Pela primeira vez a edição masculina da maratona teve um vencedor do Japão, Yuki Kawauchi, 25 anos, que marcou 2:11:52 demolindo em mais de dois minutos o recorde de 2007, do queniano Júlio Maratim. Kawauchi chegou quatro minutos na frente do queniano Felix Kandi, vindo em terceiro o campeão de 2011, Joel Kemboi, com 2:18.34.

Yuki Kawauchi é comparado no Japão a um "rock star". Ele ficou conhecido mundialmente pelo seu enorme esforço (e muitas caretas) para chegar em 3º lugar na Maratona de Tóquio 2011, no tempo de 2:08:37, e desmaiar logo após cruzar a linha de chegada. Kawauchi trabalha de 8 a 9 horas por dia, cinco dias por semana como funcionário público numa escola noturna e mesmo com vários convites decidiu se manter amador. Com a vitória de Yuki em Sydney aumentará ainda mais a sua popularidade, garantindo maior número de corredores japoneses nas próximas edições.

A maratona feminina foi ganha pela japonesa Mitsuko Hirose, no tempo de 2:48:49, seguida pela compatriota Yukie Tamura com 2:52:33, e por Risper Kemaiyo, do Quênia, com 2:54:04.

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