Em dois anos, do zero à Maratona de Boston. Agora é hora de curtir. E muito!

Há dois anos, nunca havia corrido uma maratona. Era algo distante. Em todos os sentidos. Literalmente. Tinha completado uma meia-maratona para mais de 2h em setembro de 2009 e várias corridas de 10 km, além da São Silvestre, é claro. Na passagem do ano, uma resolução: decidi experimentar os 42 km. Montei minha planilha com base em treinamentos publicados na Contra-Relógio, coloquei duas meias como preparatório (São Paulo e Corpore) e me inscrevi na Maratona de São Paulo que ocorreria em maio. Lembro que dia 4 de janeiro dei início aos treinamentos. Quatro provas de 42 km depois e estou a uma semana da Maratona de Boston.

Confesso, quando parti para a maratona, não tinha perspectiva alguma. Queria emagrecer e me preparar para completar os 42 km. Só isso. Fiz exames de sangue, fui ao cardiologista e pronto. Tudo perfeito com o corpo? Vamos lá então. Nem sabia o que era Boston. Ou melhor, assistia à prova na televisão, mas sem conhecer detalhes mais aprofundados algum. Fui treinando e melhorando minhas marcas, fazendo os longões, ritmo, velocidade. Já deram resultado na Meia de São Paulo, com 1h37. Algumas semanas depois, 1h33 na Corpore. Estava no caminho certo. Nos 10 km, 42:20.

Tudo fluiu corretamente nos treinamentos e chegou o grande dia. Em que ritmo iria correr? Nem pensei nisso. Tinha só um objetivo: não caminhar. Então, fui cauteloso ao extremo. Uma média confortável, sem forçar já que a meta era chegar bem e feliz ao final. Quem já correu São Paulo, sabe que devido à altimetria e, principalmente ao horário da largada (foi depois das 9h quando corri), não é o local para um estreante (e ainda muito inexperiente) como eu. Mas era perto de casa, fácil para voltar depois de metrô/ônibus…

Sofri com o calor, me recordo. Lembro da sensação de passar pelo último túnel. Abafado, cheiro de urina, mais de 12h, temperatura alta… os pés já um pouco dormentes. Mas consegui a meta: cheguei ao final, sem andar, com 3:47:53 no tempo líquido (3:54:03 no bruto, já que larguei na turma do fundão). Ah, na verdade, fiz uma parada, na altura do km 25, dentro da USP, no banheiro químico, para “tirar água do joelho”. Pouco tempo perdido. E desafio concluído. Tinha uma maratona no currículo.

Continuei nas provas de 10 km e meias-maratonas, até o convite de dois amigos (João Theoto Jr. e Antonio “Cesinha” Alario Pires) para correr em Curitiba, no final de 2010. Novamente, uma prova casca grossa, dessa vez devido principalmente às subidas (e também à possibilidade de calor já que ocorre no final de novembro). A preparação não foi a ideal, como para São Paulo, já que decidi correr mais em cima da hora. Até o km 25 fui bem, mas depois sofri demais, tive de andar (os longões fizeram falta), porém baixei em 20 minutos minha marca, fechando em 3:27:10. Acabei dizendo que “maratona, nunca mais!”.

Mas já estava “contaminado”, mordido pelo “bichinho da maratona”. Sofrimento de Curitiba esquecido, decidi me dedicar exclusivamente aos 42 km. Primeiro passo, na minha opinião, era ter um treinador. Comecei o trabalho no final de janeiro do ano passado com o Marcos Paulo Reis. Duas maratonas, dois tempos quase iguais – 3:09:28 em Porto Alegre e 3:09:34 em Punta del Este (Uruguai). Classificação para Boston (agora já sabia o que representa a centenária maratona).

Será uma experiência única. Espero, daqui a uma semana exata estar correndo para o primeiro sub 3h. Treinei para isso. A largada será às 11h de Brasília (são 12h54 agora que escrevo). Mas o que tinha de ser feito, está feito. Planilhas fechadas. Todas. Sem exceção. Da melhor forma possível. Não perdi dia algum. A parceria com o Marcos Paulo foi perfeita. Nossa forma de pensar a maratona encaixou. Desde o início. Isso é fundamental. Agora, é momento de curtir. E muito. Já coloquei isso na cabeça.

Independentemente de como me sentir na prova, se conseguirei manter o pace previsto de 4:10/4:15 do início ao fim, a cada passagem de 5 km, vou aproveitar a Maratona de Boston, o apoio do público, a experiência de correr uma das cinco Majors, festejar a saúde que não me deixa na mão, minha mulher amada (Mari que estará ao meu lado nos EUA), meus filhos lindos (Vitória e Pedro) que a cada dia me deixam mais feliz, meus pais quebrando aqueles galhos e garantindo a vida toda o suporte necessário (me dando tranquilidade para viajar pois sei que cuidarão da criançada até melhor do que eu…).

Vou me esforçar, é claro. Sou competitivo. Não nego. Porém, quero terminar a prova de uma forma: feliz da vida, satisfeito por ter feito o melhor que poderia no dia. O suficiente para um sub 3h? Isso será uma consequência. Prometo cruzar a linha de chegada com um sorriso enorme no rosto.

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