A 29ª edição da Maratona de Porto Alegre, disputada no dia 3 de junho, teve domínio queniano. No masculino, primeiro lugar de Kiprop Mutai, em 2:17:43, com Adriano Bastos na segunda posição (2:18:03). No feminino, vitória com direito a recorde: 2:34:15 de Flomena Daniel. A marca anterior era de Márcia Narloch (2:34:18 de 2000). A melhor brasileira foi Graciete Moreira Carneiro Santana, na segunda colocação, com 2:44:44. O número de concluintes foi menor do que o de 2011: 1248 contra 1436 no ano passado.
Eleita a melhor maratona brasileira no 1º ranking da Contra-Relógio, publicado na edição de janeiro, vencendo em três dos quatro quesitos (mais rápida, melhor organizada e a preferida dos jurados), a prova organizada pelo Corpa mostrou melhorias na edição deste ano. Com um patrocinador de peso (Caixa) e em parceria com a Latin Sports, ampliou a premiação para a elite e para as faixas etárias, uma das tradições da corrida, atraindo amadores competitivos de todo o país. Além disso, a hidratação foi aprimorada, tanto com água quanto isotônico, principalmente na segunda metade, e o kit também recebeu um tratamento especial.
Simultaneamente, ocorrem outras duas provas (rústica de 8 km e maratona de revezamento), porém com largadas escalonadas e em pontos diferentes; dessa forma, não há qualquer tumulto e todos os atletas conseguem impor o ritmo pretendido ao passar pelo pórtico. Durante os 42 km, havia três pontos com tapetes de cronometragem, nos 10 km, nos 21,1 km e por volta do km 28, diminuindo assim as possibilidades para os "cortadores de caminho". Neste ano, também, a largada/chegada e concentração mudaram para o Jockey Clube do Rio Grande do Sul – Hipódromo do Cristal.
A organização manteve o sistema de traslados gratuitos do aeroporto/rodoviária para a entrega dos kits e hotéis da Rede Máster, além dos hotéis para a largada e retorno. Porém, alguns corredores relataram problemas no dia da prova, com atrasos no traslado. Outros elogiaram também. "Realmente o serviço de vans para a largada foi ruim, acho que devido ao trânsito no hipódromo, as vans demoraram muito para voltar aos hotéis e fazer mais viagens. Ficamos esperando por mais de uma hora. A van não conseguiu chegar ao local, nos deixando a mais de 1 km da largada. Fiz um tiro de 1.200 m e cheguei faltando 10 segundos para a largada. Foi um estresse total. Acho que a prova deveria voltar para o local antigo, ao lado do Gasômetro, por ficar perto dos hotéis", afirmou Julio Cesar Kujavski, que corre a Maratona de Porto Alegre desde 2004.
Estreante na corrida gaúcha, Jarbas Pereira disse que a 29ª edição fez jus ao título de melhor maratona do Brasil. "A começar pelo kit, com camiseta de ótima qualidade e brindes interessantes, como meia, cadarço elástico e doce de leite. A organização acertou em cheio na data da prova ao entrar uma semana a mais no outono. O percurso é bom, mas há algumas subidas, sendo a pior a do km 34. A hidratação foi excelente. Água e isotônico à vontade e bem distribuídos. Peguei alguns copos de água em temperatura ambiente, mas como estava frio não senti falta da água gelada. A medalha é muito bonita e o pós-prova estava bem organizado com tenda médica, massagem, alimentação e música. Outro ponto positivo foi montar a base toda junta: você retirava o kit no mesmo lugar da largada/chegada. Facilita o reconhecimento do local", afirmou Pereira.
Porém, de acordo com o corredor, dois pontos precisam ser melhorados. "A largada na beira do rio não dá. Fecha-se a rua e fecha-se o trânsito também. Local bem complicado para chegar e sair. Era preciso andar quase 1 km para começar a procurar um táxi. A organização podia montar uma base de táxis perto da chegada. A outra coisa foi a animação. Senti falta de bandas e atrativos durante a prova. Daria um colorido a mais."
Anezio Vidal Junior optou pela Maratona de Porto Alegre de tanto ler na Contra-Relógio e ouvir elogios de amigos. Foram dois anos de namoro. "A organização do Corpa superou as minhas expectativas em todos os quesitos: informações pelo site, a entrevista no podcast Contra-Relógio no Ar, traslados para os atletas do aeroporto e rodoviária para a retirada do kit e depois os levando aos respectivos hotéis e alojamentos, bem como traslado para a prova e retorno. Hidratação mais do que perfeita, a cada 3 km água e isotônico servidos educadamente e gelados, e vi também que estavam oferecendo banana", disse Anezio. "A temperatura ajudou, bem como o trajeto que é quase totalmente plano, porém com muitas idas e vindas em alguns trechos – o que não me agrada. Mesmo assim, consegui quebrar o meu recorde em 8 minutos."
SOLIDÃO. As mulheres, tanto amadoras quanto da elite, largam 20 minutos antes e, com isso, correm muito tempo sozinhas, até que alguns homens comecem a alcançá-las. Esse foi o único problema citado por Mariana Maia. "Largamos em pequeno número, junto com as melhores. Depois, quando os homens começam a chegar, também são os que fazem em ritmo mais forte. Não achei bacana, pois parece que se passa a prova toda fora de ritmo", afirmou. "Agora, sobre a maratona, o percurso é realmente muito bom por ser bem plano. Hidratação ótima, porém é uma prova muito vazia; poucos competidores e quase ninguém nas ruas, aliás como é padrão aqui no Brasil. E os dez últimos quilômetros são intermináveis… O esquema das vans para pegar no aeroporto, buscar kits e sair e voltar ao hotel no dia também foi muito bom." Resultados completos no site www.corpa.esp.br
BOSTON-2013
Corri pelo segundo ano consecutivo a Maratona de Porto Alegre. Acredito que, realmente, é uma prova de 42 km onde os corredores, principalmente os amadores competitivos, são respeitados. O nível de organização é acima da média brasileira. Em termos de altimetria, o percurso de 2012 foi muito semelhante ao de 2011, com um pouco mais de vaivém, o que particularmente não gosto. A decisão da organização de transferir a prova para o início de junho, fugindo do tradicional "Veranico de Maio" de Porto Alegre, foi acertada.
Para 2013, quando a corrida gaúcha completará 30 anos, colocar bandas no percurso ajudaria a quebrar a monotonia e seria uma atração à parte. Fui novamente em busca do índice para Boston, e não só consegui como baixei minha marca em quase cinco minutos. De 3:09:28 para 3:04:45 (3h10 é o tempo exigido pela prova americana para minha faixa etária, dos 35 aos 39 anos). O editor de arte da CR, Sérgio Rocha, também correu a prova e completou em 3:45:50. (AS)