Junior começou a correr para perder peso. Ia à pista de atletismo do Bolão, em Jundiaí, logo pela manhã. Trotava e caminhava diariamente. Foi conhecendo alguns corredólatras, como Sergio e João.
O vírus da corrida foi invadindo seu corpo e pensamento. O esporte ganhou força. Não queria só perder peso. Assim, estreou nas provas em 19 de outubro de 2008, com 40:56 em 8 km.
Com o comprometimento com as corridas, foi recebendo dicas sobre os tênis (que estavam errados), a melhor maneira de correr e ampliando as amizades. Foi para outra prova em Itatiba e, em 2009, aventurou-se nos 21 km, na Meia de São Paulo.
Por motivos de horário do trabalho, teve de trocar as manhãs de treinos pelas noites. Acabou ficando mais distante dos corredólatras. Por pouco tempo. Recebeu um convite para ir aos sábados pela manhã na Malota, aos pés da Serra do Japi.
Depois de alguns sábados fazendo longões, conheceu Marcela. Passou um tempo e buscou informações sobre a nova amiga. A principal questão: “Solteira?”. Como a resposta foi positiva, começou a ouvir brincadeiras.
Já com um certo interesse, como ele mesmo definiu, ficou sabendo que Marcela iria com duas amigas, Sandra e Ana, para estrear em uma meia maratona na capital paulista. Candidatou-se a acompanhá-la, dar ritmo, ajudar na hidratação. Esperto, esse Junior…
Durante os 21 km, correu com a amiga, deu dicas e, ao final da meia, ganhou como presente um abraço apertado e um “muito obrigado”. No porta-malas do carro, uma garrafa de champanhe, que presentou Marcela para comemorar. Tudo planejado. Para não dar muito na cara, deu uma garrafa para Sandra e outra para Ana também.
Por coincidência, no sábado seguinte ao da meia de estreia de Marcela, não pode ir para a Malota treinar. À noite, ela telefonou para ver se tudo estava bem com ele. Junior, então, tomou coragem e convidou-a para um teatro. Marcela engasgou. “Esta hora?”, perguntou. Mas acabou cedendo e começaram a sair. Como amigos…
Conversa daqui, bate-papo dali. Corridas juntos, convite para um suco… Para o namoro, foi um passo, quase como um tiro de 100 m.
Num dia, Junior revelou a Marcela um sonho: terminar uma maratona. Ouviu, então, como proposta, em tom sério, em tom de brincadeira: “Se você terminar, eu caso com você!” Sabendo que o relacionamento daria certo, foi o incentivo que faltava: Junior começou a treinar com afinco. Com mais disposição do que o normal.
Chegou o grande dia: 19 de junho, Maratona de São Paulo. Junior sabia que chegar ao final era mais do que uma obrigação. E tinha ainda de estar quase 100% fisicamente. Não poderia relaxar. E foi muito bem: 4:01:00. Essa parte, agora, quem conta é o próprio Junior: “No final, ajoelhei como manda a regra, pedi a mochila que estava com meu irmão. Eu tinha comprado um tênis para a Marcela. Afinal, nos conhecemos na corrida. Era nosso símbolo. Assim foi feito o pedido de casamento, colocando o cadarço do tênis no seu dedo. Não contente, ela queria calçar na hora. Mesmo um ‘pouco’ cansado da maratona, não tive dúvidas: ajudei.”
No dia 4 de setembro, a união será oficializada. Com a presença dos amigos corredólatras que, segundo Junior, fazem parte desta união. Farão uma corrida dentro do condomínio onde compraram um terreno para construir a casa, em Louveira. Depois, um café da manhã.
A lua de mel, como não poderia deixar de ser, será em Buenos Aires, onde correrão a meia maratona em 11 de setembro!
Junior e Marcela, parabéns. Felicidades, saúde, muito companheirismo e corridas. Que esses 42 km de uma história de amor na ponta do tênis tornem-se, rapidamente, várias e longas ultramaratonas de vida.