Pelo Dicionário Houaiss, “determinação” tem como um dos seus significados “forte inclinação a ser persistente no que se quer alcançar”. Assim, não chega a ser um sinônimo de persitência, que quer dizer “qualidade de persistente; constância, pertinácia”. Mas são duas palavras diretamente ligadas e fundamentais num bom desempenho na corrida.

Falamos sempre de treinamento, ritmo, velocidade, longa distância, cadência, alimentação, alongamento… Mas sem determinação e persistência, não dá para ser um bom corredor.

Treinar quando tudo está perfeito, chega a ser tranquilo. E nos dias/semanas difíceis, quando o universo parece ser adversário e nos boicotar? Quando há algo “escondido” tentando sabotar nosso treino? Nos dias frios, quando a cama fica nos chamando ou estamos prontos para treinar e surge um imprevisto familiar ou profissional. Só para citar dois exemplos. Nessas horas tanto a determinação quanto a persistência calçam o tênis. Principalmente se a preparação é para uma maratona.

Neste sábado, 30 de abril, meu treinamento marcava 32 km no último longão antes da Maratona de Porto Alegre, no dia 22 de maio. Dois amigos, Fausto Corteze e Sergio Rocha, companheiro de Contra-Relógio e de blog Corredólatra, aqui ao lado, também. Não corremos juntos porque cada um tinha sua programação de ritmo, mas estávamos no mesmo local.

Sergio começou um pouco mais tarde. Quando eu estava com 29 km, encontrei com ele na hora de beber água e o vi parando. Ainda não tinha chegado aos 20 km. Quem acompanha a CR e o blog, sabe que Sergio está correndo de uma forma mais natural, descalço, com sandália ou Five Fingers. A sandália tinha machucado o pé. Chegou a calçar um tênis, mas parou. “Treinei na quinta-feira à noite e não me recuperei, mas deveria ter preparado um plano B. Amanhã eu dou um jeito de fazer o treino.” Foi embora.

Acabei o longão em 2h25min31s, média de 4:32 por km, fui beber água, papear com os amigos. Quando estava no carro, indo embora, passa o Sergio correndo, com o Five Fingers. “Opa, você foi até em casa?”, indaguei. Sim, ele pegou o carro, foi até sua casa, pegou a “luva dos pés” e voltou para completar boa parte dos 32 km. E não pense que ele mora ao lado. “Não iria perder esse treino de hoje, não dá”, respondeu o Sergio. Quem corre maratonas sabe que o último longão, três semanas antes da prova, é uma marca, nos dá confiança e ajuda a determinar o ritmo para o grande dia. Decisivo psicologicamente.

Sergio mostrou, na prática, determinação e perseverança na corrida. Num dia em que nada estava dando certo, manteve a concentração e o foco, fundamentais para a preparação da maratona. Exemplo a ser seguido. Parabéns. Que venha Porto Alegre!