Maratonas no Brasil deveriam ser entre abril e agosto

A grande redução no número de concluintes na Maratona de Curitiba, no último domingo (20), vale uma reflexão mais ampla. Desde a edição de 2001, a prova paranaense vinha crescendo anualmente. Em 2010, 1.958 pessoas completaram os 42 km. Agora, caiu para cerca de 1.200. Em 2000, tinham sido 1.028 concluintes. A troca de organizadora com a redução da premiação para a elite num primeiro momento (depois, voltou ao normal) e o corte do dinheiro nas faixas etárias pesou para isso? Sim, mas não foi o único fator. Nem o preponderante a meu ver.

Um ponto importante é a data da prova. Novembro está longe do ideal. Tudo bem, domingo passado estava perfeito para correr. Talvez tenha sido em termos de clima a melhor maratona brasileira em 2011. Mas o normal é fazer calor. Em 2010, corri a prova e sofri demais com o sol e temperatura elevada. Isso pode ter afastado muita gente. O que leva os brasileiros cada vez mais a correrem maratonas no exterior? A viagem e o turismo? Claro, mas percursos favoráveis e, principalmente, clima ameno. Principalmente quem quer fazer tempo. Então, será que a maratona curitibana se ocorresse no inverno, em julho, por exemplo, não atrairia muito mais gente? Mesmo com suas subidas?

Outro fator foi que não crescemos em número de maratonistas nem de concluintes nos 42 km em provas realizadas no Brasil em 2011 (dado inversamente proporcional ao dos brasileiros que foram ao exterior), mas tivemos um aumento no total de maratonas brazucas. Incluindo a volta de Florianópolis ao calendário, só na região Sul e no segundo semestre tivemos Londrina e Caxias do Sul (no próximo dia 4) como novidades. Isso também pode ter “roubado” público de Curitiba. Sem falar nos mais de 600 corredores que representaram o Brasil na Maratona de Buenos Aires, a maior da América do Sul – número esse superior aos concluintes em Foz do Iguaçu, Florianópolis ou Londrina, por exemplo.

Defendo que o Brasil tenha um calendário unificado das maratonas, mas concentrado em períodos de clima mais ameno. De preferência, entre abril e agosto (tinha pensado em maio, mas há muitas provas, mais do que maratonistas, mas essa é outra discussão). De corridas oficiais, teríamos então cinco meses para concentrar Belo Horizonte (novidade em abril de 2012), Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Foz do Iguaçu, Londrina, Blumenau (outra volta confirmada para o próximo ano), Florianópolis e Curitiba. Junte-se a esse número Recife (que teve problema na distância neste ano), Brasília, Caxias do Sul (primeira edição, não sabemos ainda se tem aferição oficial) e a do Rio da Yescom. Continuo achando provas demais. Podia ter a metade, mas todas em épocas de frio (com o clima louco, haveria ondas de calor, mas não seria a regra), com organização e percursos favoráveis. Largadas, no máximo, às 7h. Sempre. Fica a discussão aberta.

Por sinal, esse calendário unificado, daí espalhado pelos 12 meses do ano, deveria valer para todas as distâncias. Com o crescimento do número de corridas de rua pelo Brasil, principalmente nas capitais, já passou do tempo dessa “padronização”. Evitaria “confusões” como a do começo de novembro, com a última etapa da Golden Four Asics e o encerramento do Circuito Caixa no mesmo domingo na mesma cidade, Brasília.

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