Sem categoria André Savazoni 9 de novembro de 2011 (13) (159)

Por que a discussão não é sobre a bagunça da largada da São Silvestre?

A São Silvestre segue no meio de uma polêmica em São Paulo devido às alterações no percurso – chegada no Obelisco do Parque do Ibirapuera, além de mudanças no miolo, com a saída da descida da Consolação e do Minhocão (corte específico este que, a meu ver, fará um bem danado para quem vai correr a prova). Respeito a opinião dos dois lados, mas como jornalista fui fazer uma pesquisa no site oficial da mais tradicional corrida de rua brasileira e, talvez, da América Latina. Descobri dados interessantes sobre os percursos (que mudaram inclusive de distância desde 1925, como todos sabem, mas a discussão nesse momento é outra, já que os 15 km foram mantidos).

De 1925 a 1929, largada na Avenida Paulista (Parque Trianon) e chegada na A.A. São Paulo na Ponte Pequena – 5 edições.

De 1930 a 1941, largada na Avenida Paulista esquina com a Angélica, e chegada no C.R. Tietê – 12 edições.

De 1942 a 1944, largada da Avenida 9 de Julho (Túnel) e chegada no C.R. Tietê – 3 edições.

De 1945 a 1948, largada no Estádio do Pacaembu e chegada no C.R. Tietê – 4 edições

De 1949 a 1950, largada na Praça Oswaldo Cruz, esquina com a Avenida Paulista e chegada na Rua da Conceição, no Ed. Palácio da Imprensa – 2 edições.

De 1951 a 1952, largada e chegada na Rua da Conceição, Ed. Palácio da Imprensa – 2 edições.

De 1953 a 1965, largada na Avenida Cásper Líbero e chegada na Rua da Conceição, no Ed. Palácio da Imprensa – 13 edições.

De 1966 a 1978 e de 1980 a 1990, largada e chegada na Avenida Paulista, 900, Ed. Cásper Líbero – 23 edições.

1979, largada na Avenida Paulista, 900, Ed. Cásper Líbero, com chegada no Estádio do Pacaembu – 1 edição.

De 1991 a 2010, largada na Avenida Paulista, em frente ao Masp, e chegada na Avenida Paulista, 900, Ed. Cásper Líbero – 20 edições.

Então, resumindo os dados, por 63 edições a São Silvestre teve largada na Avenida Paulista (estou contando as duas da Praça Oswaldo Cruz também, é claro), com chegada na Paulista por 43 vezes, o que se tornou usual, é verdade, de 1966 até 2010 (com a exceção de 1979, quando o término foi no Estádio do Pacaembu).

Assim, acredito que as pessoas indignadas têm (e devem) protestar, expressar suas opiniões (felizmente isso é possível nos dias atuais, nunca podemos deixar de lembrar pois nosso passado é muito recente), porém, a tradição realmente da São Silvestre era a prova noturna e não o seu percurso que, como pode ser visto nos dados acima (e visualizado no site da prova), mudou inúmeras vezes.

O que eu gostaria, sinceramente, é que fosse discutido (e corrigido) o principal problema da São Silvestre, e que faz milhares de corredores deixá-la de lado: a incrível zona na concentração (principalmente em dias de calor, que são comuns), a falta de separação por ritmo e a não adoção das ondas de largada, com os fantasiados e carregadores de cartazes tendo um espaço específico para festejarem, mas lá atrás. Pontos para mim inadmissíveis para uma corrida com o número de inscritos e a importância que tem.

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13 Comments on “Por que a discussão não é sobre a bagunça da largada da São Silvestre?

  1. Concordo André, corri a SS uma vez apenas, senti a emoção que todos falam, mas parei por ai! Aquela largada é qualquer coisa, menos largada de corrida!

  2. André, parabéns pelos pontos levantados.
    Ficou claro que os principais problemas da prova não são sequer discutidos. Uma prova internacional com tantos participantes pode ser melhor organizada. Concordo que o maior problema maior não é o tamanho do percurso e nem o local de largada/chegada. Só uma dúvida: de quem seria a competência para decidir sobre essas questões? Da Yescom?
    Um forte abraço!

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    Então, Nilo, na verdade, é um jogo de empurra. A Yescom é contratada pela Globo e Fundação Cásper Líbero, que são as “donas” da São Silvestre. Então, as três têm participação e as três têm culpa na confusão da largada.

    Abraço

    André Savazoni

  3. O que os organizadores querem é colocar 40 mil inscritos e dane-se as outras coisas.

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    Marcelo, a cada dia tenho mais essa certeza. Uma pena.

    Abraço

    André Savazoni

  4. Nunca corri a São Silvestre e a única coisa que realmente me incomoda é largar num lugar e chegar em outro.

    Não conheço São Paulo e se largasse e chegasse no mesmo lugar ia ajudar bastante. Vou recorrer a familiares que moram por lá pra me ajudar no deslocamento.

    As outras coisas não sei, mas este ano vou correr e vou ver de perto.

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    Legal Enio, essa vivência sobre a prova é bem importante. Depois de sua participação, conversamos. Claro que facilita largar e chegar em um mesmo ponto, porém, há inúmeras provas onde isso não ocorre, tanto aqui no Brasil quanto no exterior.

    Se precisar de alguma dica, é só dizer.

    Abraço,

    André Savazoni

  5. É isso ai André! A largada da SS é um caso de saúde pública. Fico imaginando o que deve ser ficar naquele asfalto sentado sobre a urina dos outros. Meu Deus! Será que ninguém percebe que estão brigando pela causa errada? Parece Dom Quixote contra os moinhos de vento! Enquanto isto fico esperando de centésima edição da SS. Esta sim eu quero correr! Até lá…ficarei na expectativa de uma largada minimamente organizada!

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    Leo, já acreditei mais em mudanças na largada da São Silvestre, agora, como querem colocar 40 mil inscritos até 2014, dái, não tem jeito, só com largadas por ritmo (com tempo comprovado) e ondas, como ocorre por exemplo na Maratona de Chicago, que você vivenciou neste ano. Até acho que a CBAt deveria instituir uma regra: provas com mais de 10 mil inscritos, seria obrigatório larga por ritmo e ondas.

    Abraço,

    André Savazoni

  6. André, nunca corri a SS, principalmente pela logística complicada pois moro em Aracaju, porém estou achando descabido esta constante troca de percurso muito perto de sua realização, dificultando a preparação adequada do atleta e transpirando um clima de desorganização ao evento. Triste!

  7. Sim, por que ninguém fala da bagunça da largada da Sâo Silvestre? Por que nas propostas de mudanças isso não entra em pauta? Não que eu concorde em tirar a largada da Paulista, ao contrário. Mas é legal botar um monte de gente encurralada na Paulista pra fazer volume pra TV. E quanto mais, melhor. Coitado dos corredores. Vale lembrar que vai ficar pior agora, com o novo-novo percurso (se não mudarem de novo). Porque o inferno da largada na Paulista se descomprimia bastante na descida da Consolação, ocupando as duas pistas em descida, seguindo assim na Ipiranga e São João, “recompactando” por um trecho curto na subidinha do Minhocão e novamente descomprimindo pelas duas pistas. Ali já é o 7° km, e já deu pra dispersar um pouco o povo. Agora, descendo pela Itápolis, mais estreita até que a Paulista, e em curvas, vai ser show do U2 o tempo inteiro…

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    Nishi, realmente, estava pensando nisso sobre o afunilamente do novo percurso. Na teoria, ele é mais rápido e melhor para correr (sem a confusão), porém, na descida da Consolação, havia ainda a possibilidade de ir para as faixas da subida. Muita gente fazia isso. Vamos ver como será agora.

    Abraço,

    André Savazoni

  8. Caro André, companheiro de CR e vizinho de Blog,

    Você sabe que eu penso exatamente da mesma forma. Honestamente, eu só corri a São Silvestre uma vez porque era “pressionado” pelas pessoas. “Você é corredor?” Sim. “Você corre maratona?” Sim. “Já correu a SS?” Não. “Por que não?” Ah, sei lá. “Tem que correr, meu!” etc etc.

    Corri em 2009, se não me engano. Um verdadeiro caos na largada. Você se esforçando para correr em uma velocidade minimamente condizente (rimou) e nego gritando “Abre! Abre!”. Blocos de corredores lentos ou rápidos, gente andando e tudo mais.

    Gostei de ter corrido? Sim, sem dúvida. Todo corredor deve correr a SS uma vez. Tem gente no percurso inteiro incentivando, xingando, chamando os corredores de gordinhos, gritando “o queniano já ganhou!” etc.

    Quero voltar um dia? Sim. Quando tiver baias com controle (rígido) de ritmo e largada por ondas. Tá fantasiado? Fica lá trás, em uma baia específica, que a Globo vai adorar. E quando tiver largada por ondas, que é o mínimo para uma corrida com mais de 10 mil pessoas. Dessa maneira todo mundo corre no ritmo que quiser.

    É uma festa? É, mas quero correr a prova para valer, meu amigo. Com sangue nos olhos e feliz da vida.

    Abs

    Sergio

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    Sérgio, é isso mesmo.

    No Brasil, parece que quem não corre a São Silvestre não é corredor. Você chega e fala: caramba, fiz a maratona para 3h09. E ouve: é mesmo, que legal? Mas você já correu a São Silvestre? Lá que é difícil, não é. Não tem jeito, é assim e continuará sendo.

    Agora, falando sobre a largada, realmente precisa de uma correção urgente. Já passou do tempo. Já escrevi aqui e acredito que a CBAt poderia entrar nessa parada, colocando um limite de inscritos que, a partir desse número (10 mil por exemplo, com o você citou) seria obrigatóriao a largada por baias de ritmo e ondas.

    Abraço

    André Savazoni

  9. Andre, acho bacana o uso de dados estatísticos-históricos para justificativa de que a SS nem sempre foi na Paulista. O problema é a sua má utilização. Não por vc, que não fez isso,mas, Má utilização no sentido que, sem rigor teórico, podem ser feitas quaisquer conclusão. Vamos usar apenas a conclusão de tds os dados que foram lançados: há 63 edições da SS que partiram da Paulista, e 43 que chegam na paulista. Podemos ver nisso um indicador que a tradição da SS ñ é a chegada na Paulista, visto que metade das edições não tiveram como chegada por lá (estamos indo para a 87ª edição). CONTUDO, uma análise um pouco melhor abalizada vai ver que, da metade da década de 1960 até hoje, justamente num período que a prova começou a ter mais repercusão e cobertura da mídia, e compreendendo os dois “boom” da corrida no Brasil (A década de 1970/80, com a revolução com método Cooper ou Fixx) e o boom nessa última década, a exceção de 1 prova, TODAS começaram e terminaram na Paulista. Há quem diga, como o Savazoni, que a tradição era a corrida a noite, e nisso eu concordo. Mas em parte: a tradição é a corrida à noite e com chegada na Paulista, não importando a quilometragem, visto que só nos anos 90 é que chegamos aos famigerados 15k. Então, a chegada na paulista é SIM parte da tradição e do charme da SS, e sua dissolução é o fim, sim, das duas últimas características que fizeram a SS a prova mais comentada e esperada do Brasil: ser na virada e com largada e chegada no mesmo ponto. E, não importa se a prova nem sempre foi organizada pela Yescom, se há a ingerencia da Rede Globo, ou se a corrida vai continuar tendo seus 25.000 corredores, um possível indicador que só nós, corredores chatos e jornalistas, estamos preocupados com isso, mas o fato é que a prova, em relação ao que era há mais de 4 decênios, está sendo desfigurada. A discussão das baias, da confusão da largada ñ é algo exclusivo da SS, mas de quase todas as corridas no Brasil, sobretudo aquelas organizadas pela Yescom. É uma discussão válida sim, mas não em exclusão a discussão do percurso, que deve sim ser levado em consideração. Memória histórica: isso muito nos falta.

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    Nelton, seus argumentos têm fundamento, porém, há alguns pontos que discordo.

    Você fala corretamente do boom da corrida e da divulgação maior da São Silvestre. Sim, mas o boom da corrida no Brasil não ocorreu ao mesmo tempo do que nos Estados Unidos, por exemplo. É bem depois. Décadas de diferença. Muito distante desses 43 anos de chegada na Paulista. Anos e anos depois.

    Historicamente falando, na década de 80, por exemplo, a grande prova brasileira era a Maratona do Rio. A São Silvestre era famosa e importante, sim, claro. Mas a Maratona do Rio tinha mais atletas do que a São Silvestre, por exemplo. Esse é um ponto.

    Segundo, em 1994, sabe quantos inscritos tinha a São Silvestre? Só 17 anos atrás? 5 mil. E, em 2000, 12 mil, crescendo até os 18 mil concluintes do ano passado. E, nos últimos anos, esse crescimento tem sido menor.

    Respeito sua opinião, mas a São Silvestre é uma prova nacional, não paulistana, não dos corredores e jornalistas de São Paulo. Não acho que a prova seja o que é porque começa e chega na Avenida Paulista. Ela é importante para o Brasil porque é a São Silvestre, porque está no imaginário popular, porque está na 87ª edição, porque grandes atletas de todos os tempos aqui estiveram e brilharam, porque recebe gente do Brasil inteiro.

    Quando fala que outras provas têm o mesmo problema da largada da São Silvestre, em parte concordo. Têm mesmo. Discordo no ponto em que a São Silvestre é a maior de todas e um espelho. Nenhuma outra tem 18 mil concluintes (não estou incluindo o revezamento Pão de Açucar). A que chega próxima é a Tribuna 10 km em Santos. E que também, é verdade, tinha uma largada confusa que a organização começou a melhorar neste ano com a largada em duas ondas com 20 minutos de intervalo entre elas.

    Então, para mim, a maior discussão sim é a bagunça da largada e de tudo que envolve o começo da São Silvestre. Porque, acertando isso, passando a respeitar todos os tipos de corredores (quem quer ser rápido e buscar marcas pessoais sem gastar uma fortuna para a elite C, quem quer fazer festa, quem quer correr com os amigos, quem quer festejar o ano, quem quer levar a placa de Cerquilho ou se fantasiar… e por aí vai), a São Silvestre se tornará uma das grandes provas do mundo.

    Um abraço

    André Savazoni

  10. Oi André,
    Depois de “correr” a SS ano passado só farei de novo se mudar pelo menos a largada. Do jeito que ela é atualmente é mais uma procissão atlético-comemorativa de fim de ano que uma corrida propriamente dita 🙂
    No link do vídeo abaixo dá para ver a largada da maratona de NY deste ano:
    http://zero-drop.com/?p=3611
    O detalhe interessante são os dois andares da ponte com corredores.
    Será que não dava para fazer parecido em SP?
    Abraço!

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    Edenilson, claro que daria para acertar a largada da São Silvestre. Por exemplo, para as ondas, poderiam usar os dois lados da Avenida Paulista ou as ruas laterais. Basta boa vontade e, desculpe o trocadilho, organização da organização. Só isso.

    Muito bom o vídeo sobre a largada de Nova York.

    Abraço
    André Savazoni

  11. André,
    interessantes os pontos que você levantou. Quando soube da mudança, minha primeira reação foi de indignação. Mas, realmente, uma característica que sempre tornou a São Silvestre ímpar era sua realização à noite. A outra, por ser uma corrida realizada no último dia do ano. Há outra prova com essas características no Mundo?
    Infelizmente, não tive a oportunidade de correr nenhuma edição noturna (tinha apenas 12 anos quando houve a mudança) e deve ter sido uma experiência interessante. Mas gosto do fato dela ser diurna, isso me permite celebrar a Virada com a família, em casa; torna o meu momento com a corrida uma coisa bem pessoal, isento de preocupações. É aquele momento em que repenso todo o Ano que passou, e o que quero daqui pra frente, sabe?
    Abraço,
    Igor Girotto

  12. Edenilson, gosto do seu comentário sobre a São Silvestre se descaracterizar enquanto corrida. Acho que é isso mesmo; faz anos que corro sem inscrição, e entendo isso como um direito que todo paulistano(e porquê não todo brasileiro?) têm de celebrar seu último dia do Ano coletivamente.
    Abraço,
    Igor Girotto

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