Está lançada a campanha do blog: “Largada por ondas com separação por ritmo, eu quero CORRER a São Silvestre 2012”. Quanto mais gente participando, melhor. A ideia é contar com o apoio de corredores de todo o Brasil. Considero a São Silvestre um patrimônio nacional, deveria inclusive ser tombada! Todo mundo conhece a prova, corrê-la, independentemente do seu ritmo, tem um gosto especial. Único. Porém, nos últimos anos, com o crescimento anual (não tão intenso no número de concluintes, como vemos nos números), quem gosta realmente de correr vem sendo deixado de lado sistematicamente.
A São Silvestre, hoje, é excelente para quem é da elite. Seja elite A ou B. Para quem paga para largar no Pelotão C. Para os fantasiados, carregadores de faixa etc. Para quem quer só fazer a festa, divertir-se. Para quem participa de uma prova no ano, justamente a São Silvestre. Como uma menina que perguntou, durante a entrega dos kits: “Corri até hoje, no máximo, 3 km, será que terei problemas na prova?” Para quem quer caminhar ou fechar a prova trotando, em duas horas. Tudo correto. Todos merecem seu espaço. Mas e quem gosta de correr? Seja no ritmo de 4:00 ou 5:00 por km, entre outras médias, por que é deixado de lado?
Corrida é esporte. Esporte lembra competição. Buscar um recorde pessoal na São Silvestre, com todas as dificuldades do percurso, é ainda mais especial. Hoje, praticamente impossível. Queria correr forte a prova, fui no meio da “geral” para poder retratar a sensação, ver como era. Não adianta, também, ficar discutindo, falando, dizendo isso e aquilo e, ano após ano, não correr a prova. Conhece a teoria, mas não a prática. Fiquei 1h40 em pé, no sol, sem me aquecer, sem me hidratar (já que a água que levei esquentou, é claro!). Tudo muito difícil.
A solução é simples. Exemplos positivos existem. Vou citar um, da Maratona de Chicago, que tem 40 mil inscrições. O mesmo que os organizadores da São Silvestre sonham para 2012. São quatro currais de largada em onda, com ritmo comprovado. Ficando, daí, o último, para o geral. Há, inclusive, quanto tempo você levará para passar pelo tapete de largada. Isso é organização.
Curral A – Meia-maratona inferior a 1:25:59 e maratona a 3:10:59. Expectativa: 1.500 mil corredores. Tempo para passar pela largada: 42 segundos.
Curral B – Meia-maratona inferior a 1:35:59 e maratona a 3:35:59. Expectativa: 3 mil corredores. Tempo para passar pela largada: 1:58.
Curral C – Meia-maratona inferior a 1:45:59 e maratona a 3:55:59. Expectativa: 4 mil corredores. Tempo para passar pela largada: 4:11.
Curral D – Meia-maratona inferior a 1:50:59 e maratona a 4:00:59. Expectativa: 4 mil corredores. Tempo para passar pela largada: 6:31.
Depois, vem o geral. Quem quer correr fantasiado, com cartazes, com faixas (a não ser que seja rápido)… quem não tem tempo, está estreando nos 42 km ou corre acima de 1:50:59 na meia ou 4:00:59 na maratona. Justo. Quer largar mais na frente, tem de obter resultados durante o ano. Assim, 12.500 corredores têm direito a largar mais na frente. Isso representa, pensando em 40 mil vagas, arredondando, em 32% dos participantes. Por sinal, para quem se interessou, as inscrições para a Maratona de Chicago começam em 2 de fevereiro.
O que impede de adotar isso na São Silvestre? Nada. Muitos organizadores exigem, ainda, que os tempos previstos sejam obtidos em suas provas. Aí, teria muita reclamação, principalmente nas redes sociais, mas é um risco que correremos: a Yescom separar por ondas, mas, exigindo a marca em suas corridas… O que precisamos, realmente, é de organização largada da São Silvestre, o pior problema da prova. O resto da corrida, sinceramente, está bem dentro da média nacional das principais provas, no quesito hidratação, marcação do percurso, cronometragem, medalha (que na edição de 2011 se destacou).
Então, vamos tentar tornar o sonho realidade: “Largada por ondas com separação por ritmo, eu quero CORRER a São Silvestre 2012”