20 de setembro de 2024

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Blog do Corredor André Savazoni 30 de março de 2012 (22) (121)

Brasileiro quer ter razão sempre. Em tudo. Mas vive ignorando as regras

Antes de começar esse texto, um aviso: estou generalizando mesmo. Há muitos que não se enquadram nos comentários, mas uma boa parcela vai se identificar. Infelizmente. Brasileiro quer ter razão sempre. Em tudo. Mas vive ignorando as regras. Não se informa, não lê, mas está lá, sempre dando “pitaco”. No mundo das corridas, é o que mais se vê. E não estou falando só de provas.

Outro dia, por exemplo, havia uma discussão nas redes sociais sobre a Meia-Maratona da Corpore, no dia 15 de abril, devido à obrigatoriedade do uso da camiseta oficial da prova. Simples, vejam o item 10 do regulamento (que todos concordam ao se inscrever, mas quase ninguém lê): “A cada competidor será fornecida uma camiseta com número gravado que deve ser obrigatoriamente usada”. Resumindo: a camiseta é o número de peito! Não concorda? Não se inscreva. Ao clicar “sim), está aceitando as regras. Não leu, azar o seu! Ou melhor, o nosso, porque deveria ter lido.

Jundiaí tem uma pista moderna (e pública) de atletismo. Porém, em vários horários do dia, está  difícil treinar nela. Entre os esportes do atletismo, não há a caminhada. Mas, claro, o espaço é de todos. Não vejo como uma pessoa pode gostar de ficar andando em círculos, mas “cada louco com sua mania”. Como disseram vários conhecidos: há gente que nunca andou na vida e agora vai todo dia na pista. Então, andam na raia 1 e 2 quando estamos fazendo tiros, vão de calça jeans, bolsa à tiracolo, sapato… Quarta-feira havia um senhor de bermuda jeans com cinto, camisa polo, sapatênis, caminhando na raia 2!

Está certo, já cobramos da prefeitura uma orientação. Ninguém tem de saber as regras. Precisam ser ensinados. O Sérgio Rocha enviou um e-mail muito bem escrito, apontando todas as falhas e o por quê da cobrança. Não recebeu resposta alguma. Mas, desde quarta-feira, há um cartaz (feito a mão, que molhou é claro com a chuva, mas dá para ler, afixado no portão de entrada da pista). Com os rodízios das raias de domingo a domingo, e para o que cada uma está liberada.

Ontem, por exemplo, as raias 1 e 2 estavam fechadas para “descanso”. A 3 e 4 eram para treinamento de corrida. E assim sucessivamente. Então… gente andando lentamente na 3 e 4, um outro homem entoando cantigas religiosas em tom alto, de calça jeans, na raia 2 fechada e marcada com cones… Claro, deveria  haver funcionários da prefeitura informando, orientando, dizendo: “Por favor, essa raia não é para ser utilizada”. “Senhora, caminhada é na 7 e 8, essa é para treinamento de corrida”. Porém, além disso, as pessoas não estão nem aí!

Ninguém me falou do cartaz. Você dá de cara com ele. Chamou minha atenção, fui lá e li. Respeitei. Segui as regras. Cobramos isso. Então, cada um tem de fazer a sua parte. A prefeitura tem de orientar melhor. Porém, os jundiaienses que vão à pista do Bolão, no mínimo, tinham de se informar como se comportar (e o que vestir) em um local específico para o treino de atletismo.

Isso se amplia para os dias de corrida. As pessoas vão pegar a água, saem trotando ou andando ao lado dos postos de abastecimento, nem se importando com quem vem atrás (deveriam pegar a água e voltar para o meio); largam em baias que não condizem com seu ritmo, cospem para o lado imaginando que estão sozinhos no mundo… E essas pessoas são as mesmas que atiram lixo pela janela do carro, transformam-se em “monstros” ao volante, furam fila, gostam de dar um “jeitinho” em tudo, gabam-se por fazer a inscrição em nome do avô para pagar meia (já li inúmeras vez no Facebook), cortam caminho e chegam com a bandeira do Brasil a tiracolo como vimos na Maratona de Berlim… Uma pena. Se vamos crescer como Nação, temos de ser corretos sempre. Na corrida e fora dela. Respeitar as regras (e se informar sobre delas) é uma obrigação! Até para pedirmos e cobrarmos mudanças quando necessário.

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22 Comments on “Brasileiro quer ter razão sempre. Em tudo. Mas vive ignorando as regras

  1. Assino embaixo com a mesma indignação André, mas você sabe tanto quanto eu que o que falta na verdade é educação. Educação para seguir regras, respeitar e ser respeitado. Tomara que un dia isso mude, vamos fazendo nossa parte, cada um com suas ferramentas! abraços!

  2. Perfeito!

  3. André, certíssimo. Pura questão de educação que serve para tudo na vida. Infelizmente isso é artigo que está cada vez mais em falta! 🙁

  4. Concordo com tudo, André. Com o lance da água, então, nem se fala… Posto de hidratação não é balcão de bar e eu tenho esperanças de que um dia os nossos colegas de esporte mais espaçosos enfim compreendam isso. Um dia, uma prova dessas, ainda vou levar uma bifa, mas não vou desistir de pedir.

  5. Olá André!

    Parabenizo você por mais um artigo de grande utilidade pública no mundo das corridas e também fora delas.

    Parabenizo também a iniciativa da Corpore pela obrigatoriedade do uso da camiseta oficial da prova com o número gravado nela, essa decisão acabou dando um Xeque-Mate nos “Pipócas”, o uso obrigatório de camisas oficiais do evento já é pratica comum na maioria das corridas da Argentina e em várias corridas que a Nike fez no Brasil.

    Quanto ao bom senso ao uso das pistas de atletismo em locais públicos, como é o caso da Pista do Bolão em Jundiaí e a Pista do Ceret em São Paulo, somente o bom senso e uma boa dose de reflexão pode resolver, afinal a pista de atletismo é um espaço para se praticar atletismo, assim como uma quadra poliesportiva é para praticar volei, futebol e basquete.

    No caso da Pista do Ceret essas figuras que gostam de desfilar de sapatos e de calça jeans na pista estão cada vez mais raras, naturalmente no decorrer do tempo também vão desaparecer da Pista do Bolão, pois mais cedo ou mais tarde vão se tocar.

    Um grande abraço!!!

  6. O final da novela será o fechamento da pista pela Prefeitura…pois é muito ‘difícil’ educar ‘cavalo velho’…kkk

  7. otimo texto André, eu sou daqueles que “reclamo orientando” .Tipo esses dias quase arrumei encrenca ao orientar um ciclista que andava fora de sua área especificada no Parque das Nações. O cara não gostou. Fazer o que né. Mas acho válido a gente orientar “de leve” para todos usuários. Esperar da prefeitura, é bom sentar um pouco. E votar tentando acertar é um grande passo tbm.

    Abraços
    corridaderuams.blogspot.com

  8. Boa tarde André. Boa matéria vou imprimir e colocar no mural do bolão.
    Sem contar as pessoas teimosas ,que além de andar na raia 1 e 2, ainda ficam falando no celular. E se você reclamar acham ruim.

  9. Esqueci de comentar, a Pista do Ceret esta dentro de um Parque Esportivo (Antigo Ceret) que fica na divisa dos bairros da Vila Formosa e Tatuapé, mas oficialmente pertence a Vila Formosa, e esta repleta de belas alamedas para caminhada, além de ter um calçadão externo fora da pista, por isso é raro ter essas “figuras” que você comentou no seu artigo, não conheço a Pista do Bolão, e não seu se ela esta dentro de um Parque Esportivo ou não. Abraços!!!

  10. Esqueci de comentar, a Pista do Ceret esta dentro de um Parque Esportivo (Antigo Ceret) que fica na divisa dos bairros da Vila Formosa e Tatuapé, mas oficialmente pertence a Vila Formosa, e esta repleta de belas alamedas para caminhada, além de ter um calçadão externo fora da pista, por isso é raro ter essas “figuras” que você comentou no seu artigo, não conheço a Pista do Bolão, e não sei se ela esta dentro de um Parque Esportivo ou não. Abraços!!!

  11. Muito bem colocado. Parabéns pela clareza do texto.
    Infelizmente estamos ainda longe de outros países em educação, e ess é um aspecto em que se mede a educação de um povo, observando como ele se comporta em locais públicos e entre outras pessoas com interesses e atividades diferentes das que pratica.
    Abraço!

  12. Falta educação,é isso….Em Campo Grande MS temos um Parque chamado Nações Indígenas destinado inicialmente à caminhantes e corredores.O Governo do Estado autorizou em uma pista específica a entrada (SOMENTE) de ciclistas que infelizmente não respeitam o espaço destinado a eles.Juntamente com os ciclistas agora temos que conviver com skatistas (o que é proibido dentro da pista do parque)que insistem em usar a ciclovia e a pista de caminhada.As autoridades do local? Não fazem nada!!! Os porteiros do local,fingem que não estão vendo!!.Assim como relatou o Rodrigo aí em cima, também oriento sobre a proibição mas infelizmente os mal educados não estão nem aí para as orientações e norma.Nós que procuramos seguir as normas de convívio social é que nos aborrecemos.
    abçs
    corridaderuams.blogspot.com

  13. Concordo com o texto. Aqui em Porto Alegre na pista do CETE, também acontece isso. As raias 1,2 e 3 são destinadas preferencialmente para corredores, mas como sempre existem os desavidos que tendem a permanecer nos locais errados. E ainda existem os que fazem tiros de 200m metros que ao terminar a distância permanecem na raia, prejudicando muitas vezes os que possuem uma velocidade maior. Porém nao vejo problema em pessoas que utilizam a pista somente para caminhar, pois estas podem estar lá de forma preferencial, por comodidade, por facilidade, por proximidade de suas casas. Nunca esquecendo que a pista pode ser uma alavanca para a pessoa iniciar a correr, tenho diversos amigos que utilizaram desse método, intercalando voltas de caminhadas com corrida.

  14. André Savazoni num dia de fúria ! Hahaha.. Também sou todo certinho, quando vejo uma instrução procuro segui-la. A pista onde treino tem a distância oficial mas é de terra, não pode ser usada quando chove ou quando choveu recentemente. Tem uma placa lá dizendo isso e eu sempre respeito, mas muita gente não está nem aí, entra na pista molhada pra caminhar, até de sapato.
    Depois quando vou treinar estão lá os buracos na raia 1, muitas vezes já peguei uma pá e tapei os buracos antes de começar o treino. E pessoas caminhando na raia 1 quando faço tiros já nem ligo mais, apenas desvio, mas passo raspando pra ver se eles te tocam.. heheh..

  15. Creio que o melhor caminho será a orientação bem detalhada principalmente aos que não estão familiarizados com as regras de uma pista de atletismo. A pergunta é. Estão eles (os responsáveis) familiarizados também?

    ————————

    Roberto, sendo bem direto, diria que os “responsáveis” estão pouco e, em muitos casos, nada familiarizados. Esse é uma outra questão importantíssima.

    Abraço
    André

  16. Pouco ou nada a acrescentar. Parabéns André!

  17. Treinar em pista é sempre um suplício, e isso acontece em todo o Brasil, por conta das pessoas que insistem em não cumprir as regras do local. É lamentável mas faz parte do tal do jeitinho brasileiro. Da mesma forma acontece nas corridas, cada um deve procurar a prova que lhe agrade. Basta ler o regulamento, depois não adianta reclamar do horário, do vestuário, do percurso etc.

  18. Concordo com praticamente tudo, mas tenho uma pergunta: que diferença faz para *você* a roupa que as pessoas usam lá?

    —————————-

    Alan, a questão de meu comentário não é a roupa que as pessoas usam, mas sim roupas adequadas para a prática do esporte. Se você vai de calça jeans caminhar na raia 1 e 2 de uma pista de atletismo, não está lá para fazer atividade física e não terá resultado prático algum. O mesmo mulheres caminhando com uma bolsa enorme à tiracolo, pendurada, só vai ampliar o risco de se machucar, de sapato, de bermuda jeans com cinto (segura os movimentos). Essa é a questão que levantei.

    Abraço
    André

  19. André, eu tinha a impressão de que essa falta de educação era típica do brasileiro, mas lendo esse texto ( http://marathontrainingacademy.com/running-etiquette-how-to-not-be-a-rude-runner#more-2161), tô começando a achar que é um problema global…

    Abs!

  20. Sim, sim e sim!!! É cultural ser espaçoso. Se não tem nada vetando, usa-se e abusa-se. Na dúvida o pessoal não vai perguntar, ter orientação, na dúvida o pessoal simplesmente abusa. E se existirem regras, mas ninguém vigiando, também vale essa cultura do espaço.

  21. Concordo com sua indignação, e fico feliz em ver o pessoal sendo solidário; quem sabe não é o começo da mudança…

  22. É bem por aí, André! Você disse tudo quando escreveu “imaginando que estão sozinhos no mundo…”, sem pensar nas consequências de seus próprios atos. Ontem, na Corrida e Caminhada contra o Autismo, vi pessoas descartando garrafas de água fechadas em cima do parapeito da Ponte Estaiada. Ninguém imagina que uma garrafa dessas, se cair de uma altura daquelas e pegar em uma pessoa, pode causar um grande estrago? E isto, infelizmente, não se restringe ao mundo das corridas. O individualismo, o egoísmo, a falta de educação, todos parecem “estar na moda” hoje em dia,em qualquer setor ou atividade. Eu costumo ir a shows, e o que tem de gente que levanta câmera fotográfica pra filmar bem na cara dos outros e/ou que bebe e fica esbarrando ao lado… é algo impressionante. Ninguém tem noção de cidadania e civilidade. Mas adora “cobrar” do governo, adora apontar a falta de ética e honestidade dos políticos… Acho que falta espelho no Brasil…

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