A ótima entrevista do Franck Caldeira ao CRnoAr desta quarta-feira (15) merece um ponto de destaque, quando ele fala que está focado definitivamente nas maratonas, que não dá mais para sair correndo qualquer distância sem se especializar, sem ter um objetivo e uma distância definidos. Isso vale tanto para nós, amadores, quanto para o pessoal da elite. Foco numa prova é fundamental. Não dá simplesmente para sair correndo por aí.
Claro que, dentro de um planejamento, são encaixadas outras provas. Fazem parte da preparação. Seja para ritmo ou para testar sua evolução e resistência. Lembrem da entrevista do Adauto Domingues, técnico do Marilson Gomes dos Santos, ao mesmo podcast. Marilson tem três vitórias na São Silvestre, mas nunca “treinou” para a prova. Traduzindo: nunca a planilha visou especificamente à São Silvestre, mas sim a corrida foi encaixada dentro de uma programação.
Isso não quer dizer que ao traçar o plano de correr uma maratona, no meio da preparação, você não possa bater o recorde pessoal num 10 km ou numa meia. Ou o Franck, exemplo citado, correr bem um 10 km ou voltar a vencer a Meia do Rio. Pode acontecer. Bons resultados nessa etapa já ocorreram comigo. Principalmente nos 21 km. Não venci nenhuma prova, calma! Mas no ano passado, na preparação para Maratona de Porto Alegre, fiz meu primeiro sub 1h30 na Meia da Corpore, com 1h29. Mas nos 42 km estava bem melhor e, apesar do calor, fiz meu recorde pessoal nos 42 km, 3:09:28. Mais tarde, baixei a marca da Corpore por duas vezes.
Porém, com um trabalho correto, você estará 100% na data da prova alvo, no caso do Franck, no dia 15 de abril em Milão, na Itália. No meu caso, será um dia depois, 16 de abril, em Boston. Isso não quer dizer que não possa baixar minhas marcas nas meias de São Paulo ou da Asics BH, que serão “provas teste”. Mas em nenhuma delas estarei 100%.
Quem fala muito bem dessa importância do planejamento na corrida é o técnico Wanderley de Oliveira. Em suas palestras nas quatro etapas da Golden Four Asics do ano passado, debateu com propriedade o assunto. Repetindo: esse assunto não é exclusivo do pessoal da elite, vale demais para os amadores, independentemente dos objetivos e da distância que está focando.
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Concordo plenamente!
Não sou especialista, mas acho que tenho bagagem suficiente para dizer com propriedade quem vivenciou e vive essa vida de corredor amador.
Corro há 6 anos (uma centena de provas)
Mas sempre tinha como planejamento correr no primeiro semestre de todo ano uma maratona. E no segundo semestre queria melhorar meu tempo nos 10 km. São dois extremos. Dificilmente você fará seu melhor tempo em uma prova curta treinando para uma maratona. O oposto é mais certo acontecer, você até consegue ser mais rápido na maratona treinando forte para provas curtas.
Desde que tenha um planejamento bem elaborado e longo prazo para essa finalidade.
No meu caso abri mão de correr maratonas (já corri 5x) para melhorar meu tempo nos 10 km esse ano (meta sub 38′ – atualmente 39’25)
Futuramente, mais rápido, pensarei em melhorar meu tempos na meia e maratona consequentemente.
Sem um foco definido não existe milagre.
Você pode até aproximar da meta, mas nunca será dentro do seu melhor, pois você não treinou especificamente para aquilo.
Boa a sorte a todos. Principalmente ao Frank Caldeira, ele precisa de muita para ser aquele cara que venceu o Pan.
Abraço
Sem dúvida nenhuma! Eu acho até que quem corre sem foco em prova alguma precisa ter um foco. Ainda que esse foco seja o de não ter objetivo específico, mantendo uma preparação média e constante, ao invés de uma ótima que vise a prova-alvo.
É o que eu mais tento fazer: participar o mínimo possível de provas. Não só porque não consigo entrar numa prova e correr num ritmo moderado, mas como também meu bolso não aguenta os precinhos que estão sendo cobrados por ai! 100 reais para participar de uma corrida já é visto como normal!
André, eu estava pensando nisso essa semana. Acho que para um amador sério, uma prova a cada dois meses é o ideal, incluíndo aí as provas-teste. Minha meta é a Maratona de POA dia 3 de junho. Iniciei minha planilha de 16 semanas na terça-feira. Até o dia da maratona vou fazer 2 ou 3 provas, no máximo: Corrida do Carteiro 10 km em Florianópolis dia 26 de fevereiro. Corrida do Carteiro Curitiba 10 km dia 25 de março (prova ainda não confirmada), Meia Maratona da Corpore dia 15 de abril, que servirá como teste e treino-chave pra maratona. Já tive anos de entrar em várias provas mais ou menos por diversão, é legal, mas acontecem duas coisas chatas: A performance estaciona e o excesso de provas acaba se tornando banal, o corredor percebe nem está mais sentindo o friozinho na barriga antes de uma largada, pois ele entra em provas quase todo fim de semana. Prova tem que ser um momento especial, o corredor tem que ficar ansioso, mentalizar a prova e tentar fazer o seu melhor. Se competir a cada 15 dias perde toda a graça.
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Tem toda razão, Julio. Muitas vezes, dependendo, pode até colocar uma prova de 10 km ou 21 km no meio, com um intervalo maior, mas usando ela como treino. Por exemplo. Num domingo, teria 10 km a 50 minutos de rodagem. Tem uma prova aqui perto, com os amigos ou minha mulher, vou e rodo isso. Teria um longão de 21 km, tem uma meia, faço o longo no ritmo previsto na planilha na prova. São possibilidades.
Agora, realmente, o foco, é a prova escolhida.
Abraço
André Savazoni
Existe toda uma mídia que faz com que o corredor médio tenha que correr o máximo possível todas as provas. Porém que já pensou, acordou e saiu da ‘matrix’ sabe que no fundo isto não satisfaz e só o prejudica. Quem corre para viver e não vive para correr acaba conciliando satisfatoriamente família/trabalho/esporte. Se este tripé estiver desnivelado o banquinho cai. Viva a vida e boas (selecionadas) corridas.
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Com certeza, Alex. E, além disso, ninguém é menos ou mais corredor por participar de uma, duas ou 20 provas no ano. O importante, como disse, é selecionar as corridas. Também, como lembrou bem o Leo Mesquita, pesam e bastante nos bolsos.
Abraço,
André Savazoni
Devo ter feito umas 70 provas na minha vida de corredor, destas umas 35 em 2005, ano em que comecei a correr, hoje eu faço provas para competir ou como parte do treinamento para um objetivo maior. Concordo plenamente com você. Este ano o Foco até julho é a maratona do RJ e nesse meio tempo faço a meia intl. de SP em ritmo de maratona, 10km da TF em março pra tempo, meia da Corpore em abril pra tempo e depois a maratona em 08/07
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Realmente, Marcel, no começo acabamos fazendo mais provas. Depois, com a experiência e sabendo ouvir o corpo, elas vão reduzindo. E, mesmo assim, não dá para entrar em todas com pé embaixo.
Fiz basicamente isso, sem os 10 km, no ano passado. Corri a Meia de SP para ritmo de maratona na preparação para Porto Alegre. E, depois, na Corpore, fui para o primeiro sub 1h30 e fiz.
Estarei no Rio também neste ano. Não sei ainda se para maratona ou meia. Veremos.
Abraço
André Savazoni
Sem falar que haja espaço para tanta camiseta feia e medalha de participação furreca!
Vou correr a Maratona do Rio em julho, mas não vejo problemas em participar de várias provas. Tenho o foco na maratona, mas, enquanto isso, vou aproveitando as corridas que aparecem aqui em SC. Provas testes ou não.
Talvez eu não seja tão competitivo assim. Vai saber. Gosto de melhorar minhas marcas, mas gosto mais ainda de me divertir correndo.
Nas corridas é bem mais divertido que nos treinos. Em 2011, corri 32 provas e fui melhorando os tempos. Se as inscrições não fossem tão caras, esse número seria maior.
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A questão, Enio, é o planejamento. O foco, é a Maratona do Rio, em julho. Você pode até correr outras provas, várias, mas usando como treinamento, ritmo. Divertir-se correndo como falou. Pode até baixar seu tempo, mas irá baixar muito mais nas provas-alvo.
Abraço
André Savazoni
Leo Mesquita, parabéns pela sua colocação. Sou do tempo que correr era de kichute, competição era com senha de papel e planilhas era do Dr. Cooper. Hoje corridas são em inglês, inscrição de 50 doláres e tênis 1 salário mínimo. Em que transformaram o meu esporte anti-estresse, ou melhor ‘stress’? Vendo uma CR de 2007 vi um grupo de SP que treina com pneu e sacos de areia, agora é para-quedas e funcional. Corrida ou melhor Running virou chique…