Escrevi na semana passada sobre a dificuldade que é emendar dois treinos para maratona em busca de tempo, que as dores incomodam demais no final do dia. Na manhã seguinte, você está 100% (com algumas exceções), mas não recomendo a ninguém. Vale por um objetivo específico, uma vez ou outra. Mas a periodização do treinamento é fundamental. Agora, uma segunda etapa da série “não faça isso”, mas que deu certo na Tribuna 10 km, domingo, deu com certeza.
Como fiz treino de ritmo de maratona na quinta-feira (7 mil a 4:08 por km), 30 km de longão na sexta (4:42 por km) e 12 km de caminhada/trote em Santos no sábado – sendo a meta a Maratona de Porto Alegre, dia 3 de junho – , fui para a Tribuna para curtir a prova. Já disse ser a minha preferida no Brasil pelo astral, percurso e organização. No sábado, aproveitei para relaxar, bater papo com meu irmão Rodrigo, tomar vinho (muito vinho, como fazia tempo que não bebia) com a família…
Na noite de sábado, 22h, estava no shopping comendo lanche com peperoni e mais um monte de coisas escolhidas pelo meu outro irmão, Vítor, o caçula. Ou seja, tudo errado. Nunca faria isso se a prova-alvo fosse a Tribuna. Antes de dormir, uma garrafa de Gatorade diluída com a mesma quantidade de água. Pelo menos hidratado, tenho de acordar… pensei. Funcionou.
Para ajudar, minha rinite atacou como há anos não atacava. Espirrei a noite toda. Pensei em não ir ao acordar. Ideia logo descartada.
Fui tranquilo para prova, deixei o GPS com a Mari, minha mulher, que também participou da prova. Corri somente na sensação de esforço, ouvindo o corpo. Me senti muito bem desde o início. A cada quilômetro, meu ritmo seguida o mesmo ou até melhorava. Usei o básico do básico: ao passar por conhecidos, se estava falando normalmente, brincando, seguia ainda mais forte no trecho seguinte. E assim fui até o final…
Já na orla da praia, sabendo que poderia fazer um recorde pessoal impensado, apertei um pouco e passei pelo tapete de chegada com 39:48 no tempo bruto. Sabia que tinha sido sub 40, confirmado pelo oficial hoje – 39:37. E o que é melhor, cheguei me sentido bem demais, sabendo que poderia ter ido até um pouco mais rápido. De quebra, garanti minha camiseta SUB 40 do Desafio Caixa-CR nos 10 km.
Em termos de confiança para Porto Alegre, melhor impossível. Claro que não podemos fazer isso sempre, mas ter passado um ótimo sábado com minha família, dando risada, curtindo, tomando vinho, me deixou relaxado, tranquilo, sem presão alguma. Junte-se ao fato de não ter de ficar pensando (e olhando) o ritmo no relógio. Valeu demais à pena. Integra a série “não faça isso”, mas, sinceramente, de vez em quando, faça sim.