Confesso que não sabia exatamente como iria render fazendo uma meia-maratona sem relógio ou gel de carboidrato. Não era para correr em ritmo forte, apenas manter uma sensação de esforço tranquila, do começo ao final, como um longo de luxo. Nos 10 km, já me adaptei ao esquema. Foram dois sub 40 e um 40:29 assim. Nos 21 km, o problema é não deixar a média cair após o km 10, 11… Montei algumas “estratégias” e deu muito resultado. No geral, a experiência foi aprovada na etapa do Rio da Golden Four Asics, ontem. Merece algumas correções, mas até o tempo final foi muito bom, 1:28:43, meu segundo oficial em meias.
Um dos fatores que me deixou um pouco inseguro foi que não comi banana no café da manhã. Sou metódico quanto a isso. Banana com mel e aveia. Pronto, encaro qualquer distância. Mas comecei a prova já me sentindo bem, com vontade de correr. Estava quente e bem úmido, além de um pouco de vento contra no trecho do Recreio dos Bandeirantes. Foi um obstáculo, mas faz parte.
Para não deixar o ritmo cair ou perder a concentração, usei durante os 21 km uma estratégia que aprendi com o Vicent Sobrinho, um exemplo para mim: “Você marca um corredor na sua frente e vai atrás dele. Ao chegar, mantém o ritmo, ultrapassa e marca outro…”. Foi assim o tempo todo. Deu muito certo. Até a chegada.
Não foi 100% “no escuro” porque vi o tempo bruto em três relógios de marcação durante a prova. Não era exatamente o tempo/ritmo que eu estava correndo porque larguei um pouco mais atrás, mas serviu como uma referência. Agora, quanto ao gel, se tivesse um para tomar por volta do km 15 ou 16, teria mais pernas no final, não tenho dúvidas disso. Mesmo sem forçar, o tempo seria mais baixo. Domingo, na Asics São Paulo, como quero recorde pessoal, vou com relógio (não sei se GPS ou cronômetro) e com gel.
Agora, o teste foi muito aprovado. Farei outros, até chegar um dia na maratona correndo assim, sem relógio, só na sensação do esforço.
A CORRIDA – Em relação à prova, gostei bastante do visual da Golden do Rio. Bonito demais. Há momentos em que você pode se distrair, inclusive. O problema do chip apresentado em Belo Horizonte foi corrigido com um modelo totalmente maleável preso pelo “arame de pão”. A Expo em um hotel provou ser muito melhor. Hidratação correta (peguei água gelada em todos os postos). Nesse ponto, só uma correção, em dois locais, a água estava antes do isotônico. O certo é o inverso, como feito na maioria deles.
A cornetada fica em uma questão de educação. Ou melhor, de falta dela. Com menos culpa da organização. O staff não conseguiu segurar uma “invasão” das baias. Saí para aquecer, fui até perto do km 2 e voltei. Faltava pouco menos de 10 minutos para a largada. Não tinha como entrar na elite B, sem apertar e ser apertado. Olhando os números, cores verde, vermelha, branca… Deveriam estar mais atrás… Além de gente pulando as grades. Faltou mais staff para segurar (o que, porém, não seria uma tarefa fácil) e, principalmente, educação a quem fez isso. Corredores que no km 2 estava trotando, outros, falando que queriam um sub 2h e ali, invadindo a elite B…
Defendo sempre a separação por baias de ritmo em provas, não importa a distância, porém, sempre disse e reforço: depende muito de nós, corredores, não só das organizadoras. Veja, na Golden Four, há esse esforço, porém, nem assim é 100% garantido. Então, para quem vai correr domingo, na etapa de São Paulo, vamos dar o exemplo. Cada um no seu espaço. Só lembrando, na primeira etapa, em Belo Horizonte, houve essa atenção e respeito.
Fotos: Asics/Divulgação