Blog do Corredor André Savazoni 10 de setembro de 2012 (20) (200)

Mi Buenos Aires querido, como eternizou Carlos Gardel…

“Mi Buenos Aires querido, cuando yo te vuelva a ver, no habrá más penas ni olvido…” Nada melhor para definir a fantástica capital argentina como a melodia de Carlos Gardel. Então, o primeiro ponto, não podemos tratar a Meia-Maratona de Buenos Aires como “somente” uma prova. Há um contexto envolvido na viagem. Único. Que precisa ser sentido, não dá para descrever com palavras ou imagens. Esse “todo” que a deixa cada vez mais “brasileira”, com mais de 1.800 inscritos nesta edição e, somando a no mínimo um acompanhante em média, ao menos 3.600 brasileiros invadindo a capital porteña no último final de semana.

Antes de continuar lendo esse texto, se quiser adotar a “trilha sonora”, é só clicar aqui.

Os passeios pelos bosques de Palermo, o colorido de La Boca, um trote na Reserva Ecológica na beira do Rio da Prata, a mistura do novo e antigo em Recoleta, o charme do centro que tenta evitar uma decadência que atinge as principais metrópoles mundiais, os protestos sociais contra o aperto econômico atual ou os “anos de chumbo” tão recentes e ainda marcantes, as ações pró-Malvinhas… E ainda nem entramos na gastronomia – na carne, empanadas, doce de leite em todas as formas, alfajor, o vinho, ah, o vinho, esse merecia um capítulo a parte. Volto a dizer, ir para Meia de Buenos Aires é diferente de apenas inscrever-se em uma prova…

Pela segunda vez, participei dos 21 km. Houve melhoras e pioras em relação a 2010, minha estreia lá. Hoje, a prova entrou no calendário oficial da cidade. Está amplamente divulgada, todos sabiam da corrida, o que não ocorria há dois anos. Um avanço enorme. Havia muito mais gente pelas ruas durante o percurso, com mais animação, shows, calor humano. A Expo (apesar de preços pouco convidativos) estava bem completa, maior, com diversas opções. Com cara de expo. O kit melhorou, com camisa Adidas (marca oficial da prova) muito bonita, por exemplo.

Mas a organização, inexplicavelmente, deu passos atrás. Estranho. A começar pela largada, que há dois anos contava com baias por separação de ritmo. Ao retirar o kit, você informava o tempo pretendido, recebia uma pulseira e, assim, todos, independentemente do nível técnico, corriam desde o início como pretendiam. Agora, foi uma bagunça, que chegou a ter uma caminhada até o km 1. Havia placas de marcadores de ritmo – 4:30, 4:45, 5:00, 5:15, 5:30 por exemplo, mas não baias, só no “meio do povão”. Ia um pouco e parava. Minha mulher, Mari, que terminou em 2h01, disse que perto do km 1 parou tudo e houve uma longa caminhada até voltar a correr.

A mudança do percurso (foi idêntico ao de 2011 e diferente de 2010), a meu ver, não deixou a prova mais bonita (como a organização defende) e diminuiu umas das características principais: correr somente em largas e longas avenidas, com muitas retas. Agora, passamos por ruas estreitas pelo centro (que nada acrescentam) e colocaram um vaivem na região do porto, com asfalto ruim e buracos por cerca de 4 km (que neste ano ainda contou com um vento contra).

Outra bobagem: a distribuição de bananas durante os 21 km que, jogadas ao chão, transformaram o asfalto em uma pista de esqui, um escorrega daqui, escorrega de lá, principalmente para quem vinha mais atrás, já que foram quase 15 mil inscritos e cerca de 12 mil concluintes, um recorde no país. Faltaram ainda camisas no tamanho pedido no kit, principalmente para mulheres (G).

Todos erros bobos, que podem ser corrigidos facilmente. No geral, a nota média da Meia de Buenos Aires segue muito alta.

Hidratação com água e isotônico, foi correta. Havia muitas mesas por posto. Ouvi relatos de um pouco de confusão para quem vinha atrás, mas era uma prova muito cheia mesmo.

Dizem que quando você bate o seu recorde, a prova é perfeita. Bem, acima, fiz uma análise geral. Prós e contras. Foi longe de ser perfeita. Mas bati meu recorde pessoal. Em três segundos – 1:26:32. Eu dividiria minha prova em duas. Como estava muito frio (perfeito para correr), eram duas opções: largar mais na frente ou aquecer. Preferi a segunda. Como me recuso a pular grades, por respeito a quem ali está, fiquei bem para trás. Passei o primeiro km para 5:15, o segundo para 4:20. Só nesse tempo, perdi ao menos 1min30 em relação ao ritmo entre 4:00/4:05 por km que pretendia correr.

Depois do km 2, com a “pista livre”, comecei a apertar. O máximo que podia. Lembrei de uma entrevista do Paulo Roberto de Almeida Paula ao podcast Contra-Relógio no Ar: cada prova tem uma história, temos de fazer o máximo possível naquele dia, nas circunstâncias oferecidas. Pela primeira vez, fiz split bem negativo, uma prova crescente. Percorri 19,1 km em 1:16:57, o que dá 4:01 por km. Essa é a meta para a próxima meia.

E para quem ainda não foi a Buenos Aires. Ou não correu a meia porteña, comece a programação para 2013. Não irá se arrepender.

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20 Comments on “Mi Buenos Aires querido, como eternizou Carlos Gardel…

  1. Gostei da frase… de fato, bati o PR e adorei a prova, mas todos os pontos levantados por você fazem sentido. As ruas estreitas, as cascas de banana e a falta de baias. Mas adorei. Já estou querendo ir ano que vem…

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    Sim, Vinicius. A prova é ótima. Mas há falhas que não podemos deixar de lado. Segue muito rápida, mas poderia ser ainda mais.

    Abraço e parabéns pelo PR.

    André

  2. A prova é ótima, mas os erros continuam. Foi assim no ano passado. O circuito antigo de 2000 a 2005, era mais plano com trechos longos em reta. Parabéns pelo resultado!

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    Exatamente Wanderlei. Eles deram uma truncada no percurso e fazem erros bobos (o pior, é que tinham resolvido o da largada em 2010, não sei porque voltaram atrás).

    Obrigado.

    Abraço
    André

  3. Tempo muito bom. Parabéns. Ainda pretendo ir pra lá um dia. E tomara que com esses pequenos defeitos corrigidos.

    Não que faça diferença ou tenha relevância, mas a classificação final eles fazem pelo tempo bruto? É assim que tá no resultado do site. Fica estranho.

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    Sim, Enio, classificação por tempo bruto. Já tinha olhado. Bem, como não aspiramos muito nesse ponto, rs, paciência, porém, fica um pontinho de frustração por causa de falhas bobas (e que não existiam, por exemplo).

    Você tem de ir à prova. Dá para se programar bem antes e não fica caro.

    Abraço
    André

  4. Cachafaz power!!! Parabens, André.

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    Luis, se tivesse tomado o vinho que tomei domingo no almoço e a panqueca de doce de leite em um restaurante tipicamente argentino (para argentinos), teria corrido ainda mais. Rs. Será o tema do próximo texto!

    Abraço
    André

  5. Oi André,
    Parabéns pela prova e por seu novo recorde pessoal! Correu muito!!!
    Abs.

  6. André, receba meus sinceros parabésn pelo novo recorde (tá vboando heim!).
    Senti na carne a alegria de tudo que viveu em buenos Aires. Parabéns.
    Estive na maratona de 2011 e adorei.
    Grande abraço.

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    Que bom José. Irei na maratona, meu objetivo neste semestre, no dia 7 de outubro. Essa ainda não corri, mas ouvi ótimas referências.

    Abraço
    André

  7. Oi André, primeiramente parabéns pelo tempo, 1’26’32 não é para qualquer um. Eu corri em Buenos Aires, foi minha primeira corrida em Buenos Aires. Diferentemente de você, praticamente todo mundo do meu grupo de corrida piorou o tempo com relação a Foz do Iguaçu, que corremos em julho. No meu caso, quebrei no km 16, ainda não entendi a razão, mas acredito que tenha sido a falta de longões adequados, no último mês fiz um de 16 e um de 21. No meu GPS e no GPS da galera deu 21.400. Acho que tinha um errinho aí, pois eu saí bem na frente (cheguei as 6:30) e não peguei nem lentidão, saí no ritmo que quis e fiz muitas tangentes. Eu penso que numa cidade como Buenos Aires, poderiam ter escolhido um trajeto um pouco melhor, passamos por viaduto, pedágio, uma região portuária muito feia e deserta. Teve momentos no final onde se cruzavam os corredores e vi muita gente passando por baixo da fita (depois do tapete de controle). Outro problema foram as garrafinhas muito roliças e duros, um colega torceu o tornozelo.
    Gostei da prova, talvez esteja um pouco mal humorado pelo meu resultado ruim, mas em comparação com as duas meias anteriores que fiz, essa foi a que teve maior problema.

    Abs.

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    Então, Matheus, realmente, comparando com 2010, a Meia de Buenos Aires piorou em alguns pontos, principalmente no percurso. Essa parte do porto, que você falou, não existia no outro percurso. É feia, com asfalto ruim e tinha ainda vento contra. Não acrescentou nada. O pedágio, tinha.
    No meu GPS deu 21.300 m… teve gente que vi também cortando pelas calçadas (e muito). Não faço isso, mas dava para fazer em quase todos os cruzamentos no centro.
    Eu até cheguei cedo também, mas fui aquecer, guardar a roupa, ir ao banheiro… daí, fiquei para trás.
    Lembre uma coisa, há dias e dias. Às vezes, não encaixamos a prova, já passei por isso, e não há uma resposta. Não era o dia. Simples assim. Estava muito úmido na Meia das Cataratas, bem mais do que em Buenos Aires. E lá, são praticamente duas retas. Em Buenos Aires, há muitas e muitas curvas, você têm de manter bem o ritmo e acertar as tangências para não perder tempo.
    Acho as garrafinhas ótimas, porém, aí, é questão de educação, de as pessoas as jogarem para o lado, não no meio da rua, como vi muitos fazerem.

    Abraço
    André

  8. Muito bom André! Parabéns pelo resultado e que venha o sub 3h na maratona em outubro. Como você bem sabe: sigo na torcida! Abcs.

  9. Parabéns pelo resultado André!
    Essa prova está nos meus planos para o próximo ano! 😉

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    Vale a viagem demais, Etienne. Está nos meus planos voltar também.

    Abraço
    André

  10. Participei em 2010 e 2011. Em ambas fiz meu melhor tempo em meias, especialmente a última, mas sem dúvida o trajeto de 2010 me pareceu mais bonito. Na primeira prova voltei a B. Aires depois de dez anos. Levei a esposa e ficamos quase uma semana, aproveitando o recesso do feriado. Na segunda, sozinho, fui, corri e voltei. Sempre costumo dizer que a capital argentina é a mais européia das metrópoles latino-americanas. Apesar das crises constantes (na Argentina as crise econômicas costumam durar anos), B. Aires mantém seu charme, elegância, com seus cafés em quase toda esquina, isso sem falar dos restaurantes. Sou fã incondicional da cidade.

  11. Boa noite!

    André,

    Você foi perfeito em sua abordagem sobre a prova.

    No entanto, eu acrescentaria a dificuldade que tive muitos corredores tiveram, inclusive eu, de conseguir um bendito taxista para levar até o local da prova.

    Por essa razão comecei vários minutos após a largada e não gostei nada do tempo bruto. Ainda bem que estava portando meu Garmin.

    Abraço.

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    Vitor, valeu pela contribuição. Não falei do táxi, porque fui para a rua no centro e peguei rapidinho. O mesmo ocorreu com outros corredores que falei. Não enfrentaram esse problema, que também é crônico em Buenos Aires.

    Só demorei um pouco para pegar o táxi na volta, pois fiquei mais tempo lá na chegada esperando minha mulher e um amigo.

    Abraço
    André

  12. Adorei o post André. Estava torcendo pelo teu tempo, se largasse bem teria baixado muito mais que 3 seg, mas recorde é recorde e teu tempo é bom demais, parabéns! Agora é focar na Maratona de Buenos Aires! Te encontro lá! Abraço!

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    Ah sim, Giovana, com certeza. Um minuto a menos teria feito sem tumulto na largada, mas faz parte. Não tenho do que reclamar, me senti bem em toda a prova, corri legal. A confiança foi lá em cima para a Maratona de Buenos Aires.

    Reta final para todos nós agora.

    Abraço
    André

  13. Andrè, é a mesma empresa que organizará a maratona? Como é a distribuição de água, é em copos fechados? Isotônico também? Pelo seu relato achei meio bagunçado. Acho que a maratona como será com menos atletas poderá ser melhor organizada.

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    Alex, mesma organização e patrocinador. Hidratação em garrafinhas, a cada 5 km. Será assim na maratona. Há postos de isotônico intermediários, não vi exatamente os quilômetros na maratona. Na meia, tinha. Na verdade, temos de ver como será a largada, mas como comparação, foram 12 mil concluintes na meia. Na maratona, no ano passado, terminaram 5.500. Mesmo com aumento este ano, teremos 50% menos de corredores.

    Abraço
    André

  14. parabens Andre…
    como sempre brilhante, no post e na performance…
    Ab,
    Dani Valverde

  15. Parabéns André! Tá correndo muito….Boston 2013!
    Um dia chego lá…..kkk
    Abração!

  16. Meu amigo,
    Parabéns! Vou ficar na sua cola no dia 07/10, você vai estar voando para 3:50. rs rs rs
    Abração!

  17. André, esses pontos levantados aconteceram mesmo, e concordo com vc que eles são mínimos, principalmente se comparados as nossas corridas.
    Eu também perdi um tempo grande na fila do guarda-volumes, não consegui me alongar nem aquecer, entrei na faixa dos 5:30, caminhei uns bons metros no km 1, no km 2 eu também perdi tempo, mas fiz muita força pra minimizar isso, fazendo curvas, freadas bruscas e zigue-zagues.
    Mas no geral gostei muito, o vento contra acontece, e na perna da volta ele estava a favor. Poderia não ter vento nenhum no dia.
    Os buracos na rua me atrapalharam também, achei ruim.
    O pessoal que reclamou da distância a “mais” não se atentou que na região do centro, haviam muitos prédios e o sinal do GPS ficou confuso, o pace marcava errado, e quando isso acontece, a distância sempre fica maior.
    Recorde é recorde.
    Parabéns.

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    Felipe, é isso mesmo que escreveu. São falhas que a organização já tinha corrigido e pode melhorar para 2013, mas segue uma prova muito boa.
    Percebi esse ponto do GPS “louco” mesmo, rs, e quanto ao percurso, é certificado internacionalmente.

    Abraço
    André

  18. Outro detalhe. Minha namorada pela primeira vez conseguiu uma camiseta no tamanho (P). Em toda corrida que vamos, nunca tem feminina P. Esse lance de tamanho de camiseta acontece em todo lugar.

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    Verdade, está crônico esse problema, porém, a partir do momento em que pedem para colocarmos na inscrição o tamanho, é o correto entregá-las. Outra falha boba, facilmente evitada.

    Abraço
    André

  19. O pessoal citou 2 pontos importantes aí: o meu GPS também deu 21,400km, e até o km 15, mais ou menos, tava bem alinhado com as placas de km. Achei que fosse apenas um erro de posicionamento da placa, mas aparentemente a distância era maior mesmo. Outro ponto é o do hotel/táxi: sem conhecer a região, e imaginando algum problema, peguei em Palermo o hotel mais próximo possível da largada, em Las Cañitas. Ótima decisão, o hotel era bom e tive que fazer apenas uma caminhadinha rápida de cerca de 1km para chegar e ir embora. Não é o melhor lugar do mundo para quem quer conhecer a cidade, mas mesmo minha mulher que não corre concordou que foi a melhor decisão. Fica a dica.

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    Boa dica Vinicius sobre o hotel. Ano que vem quero ir com meus filhos e, daí, ficar em Palermo é a melhor opção por causa dos parques, zoológico, essas coisas para crianças.

    Quanto ao percurso, é certificado internacionalmente, por causa do Campeonato Sul-Americano, tem o selo da IAAF. O que aconteceu é que houve uma queda no sinal no Centro e, também, pelas tangências, acaba dando mais mesmo.

    Abraço
    André

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