Blog do Corredor André Savazoni 16 de abril de 2013 (4) (1142)

Atentados em Boston. Uma cicatriz que ficará para sempre

Esse texto escrevi para a cobertura dos atentados em Boston para o Jornal de Jundiaí. Foi publicado na edição desta terça-feira. Segue abaixo, na íntegra:

“A Maratona de Boston é tão grandiosa não só pelos 117 anos de existência, pelos atletas estrangeiros que atrai, por fazer parte do grupo das seis maiores provas de 42 km do mundo (as Majors) ou por ser o segundo maior evento de um dia em audiência na TV, perdendo somente pelo Superbowl, a final do futebol americano. Boston é especial pelo público, pelos moradores das cidades da região que vão para as ruas em todo o percurso para fazer uma grande festa. Pelas milhares de crianças nas calçadas, sorrindo, querendo um toque de mão, ou entregando água, gelo, sorvete… a maratona é um patrimônio do americano. E ontem, esse patrimônio foi literalmente explodido.

Pelas ruas, a sensação era de surpresa para os estrangeiros, que não imaginavam o que estava acontecendo. Mas de profundo pesar  para o americano de qualquer região e de perda de um ente querido para os moradores de Boston e região. Principalmente pela morte de uma criança de 8 anos. Que tinha ido até a chegada para torcer, bater palmas, aproveitar o feriado do Dia do Patriota. Cruzei a linha de chegada  da maratona em 3h01, ou seja, por volta das 13h daqui (14h de Brasília). A primeira explosão ocorreu às 14h50 daqui, conforme informado pelas redes de televisão. Nesse momento, almoçava em um restaurante italiano, o Maggiano’s, localizado a cerca de 600 m do local do atentado, junto com o João Theoto Junior e a esposa, Maria Cristina.

Não ouvimos a explosão, vimos a notícia pela televisão. Os americanos presentes, choravam copiosamente. Uns apoiavam-se nos outros. Os estrangeiros pareciam não acreditar no que estavam vendo. Ao sairmos para a rua,  o som era das sirenes. Ambulâncias, carros de polícia e bombeiros, veículos sem identificação, além de helicópteros. Nâo havia pânico, as pessoas foram seguindo os seus caminhos. A região da rua Boylston, local da chegada, foi toda interditada. E assim continuava até 22h de ontem, quando fui lá dar uma olhada. Cercada pela polícia, nem o lixo deixado pelos maratonistas foi limpado. Ninguém entrava. Nem as emissoras de TV americanas, como a CBS e a NBC, que estavam com links entrando ao vivo a toda hora da entrada do “bloqueio”.

Pela noite, muitos carros de polícia circulando pela cidade, alguns bloqueios. Bem menos movimento de pessoas. Nos pubs ou cafés, muita gente com as jaquetas da maratona celebrando. Se bem que celebrar não é a palavra ideal. Normalmente, depois da prova, as ruas ficam cheias, de noite, uma cerveja é tão valorizada como completar os 42 km. Acompanhada de um hambúrguer, então… Mas ontem estava diferente. Em relação a 2012, que também estive aqui em Boston, diria que havia 20% ou menos do público normal. Os dois parques, que ficam cheios, o Public Garden e o Boston Common, muito próximos do local da explosão, estavam abertos e iluminados, mas vazios. Uma ferida aberta que vai demorar muito para cicatrizar. Mas a marca será eterna.”

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4 Comments on “Atentados em Boston. Uma cicatriz que ficará para sempre

  1. Jamais acreditei que fosse ver coisa desse tipo em uma maratona. Triste!
    http://www.oxigenionaveia.com.br/2013/04/boston-e-o-espirito-da-maratona.html

  2. Decisão tomada: estarei em Boston 2014. Abcs!

  3. Lamentável. A que ponto chegou a violência e a intolerância!
    Bom retorno para casa.

  4. Os animais, os que denominamos de irracionais, jamais matam seus semelhantes meramente por matar. E o que dizer de determinados atos de animais dito “racionais”?
    Somos seres humanos mesmo? Tem certeza da sua resposta?

    Humano, humanidade, humanismo…

    Fico a pensar do que se fazem ao outro a troco de, desde uma brincadeira ( de extremo mau gosto – http://www.corredorderua.com.br/2012/05/night-run-sao-paulo/ ) até a agressão (como foi esta maratona), sem dar ao menos, à vítima, uma posição de defesa. E vale para qualquer situação – esporte, show, festa, dia-a-dia etc

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