Todas vez em que participo de provas em montanha – onde temos contato direto com a natureza, percorrendo visuais muito bonitos, acrescentado inclusive pelos sons, em experiências totalmente opostas das corridas no asfalto –, me surge adúvida: “Fone de ouvido nas montanhas? Para quê?”
Destaco três pontos nesse sentido:
A) Como corremos em trilhas fechadas, com níveis de competidores e distâncias variadas, em muitas acabam se misturando participantes de distâncias curtas e longas. Por mais que a organização tente fazer trajetos diferentes, sempre há partes idênticas e o contato entre os participantes torna-se fundamental, ao pedir licença para ultrapassar ou para quem está na frente correndo mais lentamente, abrir espaço (com segurança) ao ouvir a chegada de alguém mais veloz. Com o fone, isso atrapalha demais. Na abertura da Copa Paulista de Montanha, em Mairiporã, pedi seis vezes licença para uma corredora dos 9 km até ela me ouvir…
B) Considero que a atenção tem de ser redobrada nas provas de montanha. Não basta correr, caminhar ou controlar o seu ritmo. Precisa estar “de olho” nos obstáculos naturais. Rios, galhos, pedras, raízes, cipó, buracos, erosão… ou seja, foco. Com os fones, não estará 100% concentrado, longe disso. Pelo menos eu não consigo.
C) Ao ficar ouvindo músicas, algumas com volume bem alto, você acaba perdendo muito nesse “contato” com a natureza, volto a dizer, para mim, o principal atrativo. Sons de pássaros, animais, da água, do vento…