Temos de olhar para nosso umbigo e fazer a nossa parte nas provas

A São Silvestre tem falhas enormes que precisam ser melhoradas. Isso não se discute. Tem pontos positivos também. Nem 8 nem 80. Devemos cobrar melhorias, sempre. Apontar os erros, dar sugestões… Mas também contribuir para esse avanço e não ser mais um ponto de confusão. Nem levianos.

Já falei da falha na hidratação, da zona da largada, da demora inexplicável do primeiro dia da entrega dos kits, da péssima relação custo/benefício da São Silvestre, do kit fraco, do horário tarde (9h está longe do ideal para correr) e por aí vai. Chega. Só voltarei ao tema mostrando possibilidades de melhorias. Há muitos exemplos tanto no Brasil quanto no mundo que podem ser muito bem adaptados à São Silvestre. Mas hoje vamos olhar para nosso umbigo. Também contribuímos para os problemas da SS.

Alguns exemplos para nossa discussão:

1) Assisti por sugestão do amigo e treinador Marcelo Camargo, de Belo Horizonte, ao VT na íntegra da prova na noite de ontem, pelo SporTV 3. A organização errou ao deixar falhas enormes da grade. Mas aquela onda de pessoas que ficou na outra pista da Avenida Paulista e invadiu o espaço de largada após a buzina, desrespeitou quem estava lá há um bom tempo esperando, calmamente. Nosso espaço termina quando invadimos o do outro. Nesse caso, a invasão não é figura de linguagem.

2) Quem não tem a mínima condição de correr em um ritmo de 4:30/5:00 por km, por exemplo, e fica lá na frente, ao lado das faixas de tempo (que poderiam servir como uma referência), contribuem em muito para a zona da largada. As pessoas que aguardam na fila do gargarejo e daí, com 1 km de prova (ou até menos), estão caminhando, também… exemplos não faltam.

3) Quem vai de pipoca. É um protesto? Pode até ser, mas está desrespeitando quem pagou (e caro) pela prova. Contribui até para a falta de água no final. Obrigação da organização, porém…

4) Acredito, pela minha vivência em provas, que a São Silvestre seja a corrida com o maior número de “não corredores”. Não estou falando de ritmo ou de performance. De pessoas que só participam dessa prova no ano. Não correm normalmente, não estão habituados aos eventos. Só isso justifica um “zé mané” pegar uma garrafa de água, tomar dois goles e a jogar para o alto e para trás. Só estão vindo uns 15 mil corredores atrás mesmo… Talvez, como sugeriu o amigo Nelton Araújo, do Rio, distribuir uma cartilha no kit com “boas maneiras” talvez ajude nessa empreitada quase impossível, eu diria, mas um passo em frente.

5) Definição do percurso é algo da organização, que envolve diversos outros fatores, inclusive liberações de autoridades de trânsito. Sugestões para que usem os dois lados das avenidas, quando possível, são bem interessantes. Como usar toda a Pacaembu e os viadutos pelo caminho, por exemplo. Isso já aliviaria e muito a muvuca. Separar a largada em 3, com 20 minutos de intervalo entre elas, nos dois lados da Paulista, também.

6) Sobre o triste e lamentável acidente que causou a morte do cadeirante Israel Barros. Não dá para falar absolutamente nada sem o laudo final da perícia e da investigação policial, além da análise médica das causas da morte. Com esses documentos em mãos, a história passa a ser outra. Ele foi fechado, passou mal, a descida tem a inclinação maior do que aceitável, o equipamento quebrou… puros exercícios de adivinhação. Por respeito ao Israel e a sua família, que já passa por um sofrimento terrível, não devemos fazer isso.

Haveria diversos outros temas para citar, porém, acho que já está suficiente para mostrar que todos nós temos de criticar e cobrar as autoridades e organizadoras, mas também olhar para nosso umbigo, fazer nossa parte nas provas.

Fotos: Sérgio Shibuya/MBraga Comunicação

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