Blog do Corredor André Savazoni 7 de novembro de 2013 (14) (168)

Quando o menos é mais. E também dá resultado. Com intensidade

Para começar esse texto, vamos deixar claro que não trata-se da corrida como qualidade de vida ou saúde. Fatores também primordiais e que levam centenas de milhares de pessoas a calçar um tênis (ou não) e sair trotando e correndo por aí. Mas, dessa vez, fala de resultado, de desafiar você mesmo, de buscar melhores marcas pessoais.

Na maratona, é praticamente uma certeza que longas quilometragens semanais resultam em menos tempo nas provas. Rodar 120, 140 km de segunda a domingo está comprovado que (salvo raras exceções) garante bons desempenhos nos 42 km (que refletem ainda nas distâncias menores). Mas e o oposto? Correndo menos, mas com mais intensidade? Como dizem no “dicionário do corredor”, com a “faca nos dentes” todo dia de treino? Sem falar que para nós, amadores, como achar tempo para essas longas quilometragens? Hoje em dia, não consigo mesmo!

Por confiar no trabalho do amigo e técnico Marcelo Camargo, de Belo Horizonte, começamos a parceria um pouco antes de Boston. Para valer, foi a partir de maio que o trabalho teve início, visando à Maratona de Nova York. Basicamente, foram quatro treinos semanais – dois de tiros (um intensivo e um extensivo), um contínuo de ritmo e um longão. Em algumas vezes, cinco dias, mas raramente. Com uma prova mensal. Algumas para ritmo, a maioria para recorde pessoal. Sem falar nos “tempo run”.

Dessa forma, baixei as marcas nos 21 km (1:23:19) e nos 10 km (38:56), por exemplo. Não bati o recorde pessoal, mas fiz 18:57 nos 5 km (no último sábado, em Nova York, na véspera da maratona, mas essa é uma história para o final).

Eu sempre falava para quem me questionava sobre a eficácia do treino: “É cansativo e estou baixando todas as minhas marcas, fazendo treinos de velocidade que nunca imaginei atingir. Porém, a resposta sobre a maratona, só poderei dar depois de corrê-la”. Por uma questão de vivência, não podia cravar que rodar no máximo 70 km por semana (e isso na semana do longão de 36 km) seria suficiente. Mas confiei plenamente no Marcelo, me dediquei ao máximo e foi o que fiz para Nova York. Não tinha calor, frio, vento, cansaço dos trabalhos, obrigações familiares que impedissem de treinar. Fui a hora que dava. Muitas vezes, 11h com um sol daqueles. Outros, com frio e chuva.

Como os treinos eram intensos (e continuarão sendo no próximo ciclo, para a Disney, que começa na segunda-feira), o descanso também foi primordial. Fiz várias paradas após provas ou semanas fortes. Para recuperar mesmo o corpo. Na média, não rodei mais do que 50-60 km semanais. E, claro, como é determinante para qualquer parceria, o Marcelo foi respeitando minhas individualidades. Por exemplo, que o polimento tradicional não funciona para mim. Tenho de manter a “pegada”. Baixamos para 35 km a quilometragem há duas semanas da maratona, mas mantendo a intensidade, tanto no tiro quanto no longão. E na semana da prova, idem. Fiz 10x400m na terça e corri quinta, sexta e sábado (os 18h57 nos 5 km) em Nova York. Funciono assim. E tenho de correr na véspera dos 42 km!

Dessa forma, cheguei descansado, mas forte psicologicamente por ter mantido os treinos em Nova York. E, no dia da prova, deu tudo certo, com ritmo praticamente constante a cada 5 km (como o planejado com o Marcelo, de correr igual do início ao fim), fechando com o recorde pessoal de 2:57:31 em uma prova que muitos diziam não ser para tempo devido às dificuldades do percurso (reforçadas pelo vento contra e frio intenso de domingo).

Aliado a tudo isso, no mês de outubro, comecei também um trabalho de alongamento, exercícios funcionais e pilates duas vezes por semana, além da alimentação cortando bastante carboidratos e glúten. Mas isso será o tema da coluna de sexta-feira! Resumindo a parte do treinamento: treinar sempre em ritmo forte desgasta, aumenta a possibilidade de lesões, minimizado com o descanso correto, mas dá muito resultado.

FOTOS: Fernanda Paradizo/Asics

Veja também

14 Comments on “Quando o menos é mais. E também dá resultado. Com intensidade

  1. Parabéns, Savazoni, isso aí, ralou nos treinos fortes e conseguiu muitos resultados. O caminho é árduo, muitos fogem dele, e nem todas rotas alternativas trazem o mesmo benefício.
    Abraços

    Rodrigo Augusto
    Corridaderuams.blogspot.com.br

  2. Bacana seu relato, André! Inconscientemente, acho que sigo um pouco essa metodologia, pois não costumo rodar uma km alta na semana, ficando na média com uns 40 kms/semana. Imagino que o ganho de mecânica promovido pelo treino de velocidade seja o x da questão, você simpesmente “acostuma” seu corpo a rodar forte. Treino mais para os 10 km e às vezes para a meia, não sei como seria se fosse ir para uma maratona bem feita. De todo modo tenho ntenção de subir um pouco a km, para uns 60 semanal, no max. Abs

  3. André, bom demais ver seu resultado atingido dessa forma. Porque eu também não faço grandes volumes mas o treino é intenso. Agora é manter e a constância vai me levar aos bons resultados também. Parabéns!

  4. Parabéns. Espetacular

  5. Seu resultado é impressionante!!! Parabéns.

  6. Parabéns Savazoni, você nos inspira, quando digo para meu treinador que li uma matéria sua, ele já fica preocupado sabendo que vou aprontar nos treniamentos.

    Semana que vem é minha vez de tentar atingir meu objetivo do ano, sub 03h30m na Maratona de Curitiba, fé em Deus e vamos lá!

  7. Parabéns, André! Eu e a Gí acompanhamos todas as suas passagens, realmente muito fortes e constantes! Vc cumpriu seu treinamento, sem mimimi, e deu no que deu, Recorde Pessoal com larga diferença! Vc, sua família e seu técnico estão de parabéns!
    Que venha a Disney!
    Abração e curta seu pós recorde! rs

  8. Nossa André, meus parabéns! Excelente prova e resultado. Seu novo RPM é fruto da sua dedicação e comprometimento com os treinos. A parceria com Marcelo Camargo já é sucesso. Adorei!
    abraços e bons treinos para Disney!!!!
    Helena
    Blog Correndo de bem com a vida
    @Correndodebem

  9. Parabéns André Savazoni!

    Treinando muito forte com uma kilometragem total semanal baixa para os padrões, mas baixando marcas, o que você deve estar pensando para baixar mais ainda? Você mesmo disse que treinou extremamente forte para NY.
    É manter a constância desse “muito forte” ou aumentar a intensidade do “muito forte”?

    No tradicional 120~140km/semana o atleta tem um acumulado sem entrar no extremo esforço de treino, penso eu. Com esta nova metodologia de treino, você tem uma nova metodologia de recuperação e o intervalo para iniciar um novo ciclo de treino?

    Tente expressar, se possível, que sensações diferentes durante a prova o seu corpo/cabeça experimentou em comparação com as sensações vividas por conta da metodologia do treino anterior.
    E as dores/incômodos, se é que teve, também foram de intensidade mais baixa e de pontos do corpo não comuns que você vivenciou em maratonas anteriores?

    Exatamente em qual km a “ficha caiu” e você disse a si mesmo: “- o treino está dando resultado!”, se é que você teve tempo para fazer esta divagação durante a prova. (risos)

  10. Parabéns André e Marcelo pelo belo trabalho realizado! Nada mais gratificante para o corredor e seu treinador o alcance de uma meta. Que você tenha muito sucesso nos próximos desafios e possa compartilhá-los conosco.
    Abraços e bons treinos!

  11. Fico muito feliz com o resultado do seu trabalho. Parabéns a você por tudo o que fez, e ao Marcelo pelo planejamento. Dois craques!

  12. Parabéns!
    Eu até acredito que treinar forte dá resultado, mas acho que só para quem tem base. Você já tem alguns anos de base (isto é, de treinos em sua maioria moderados), não é?

  13. Congratulations my dear.

  14. É isso aí, o caminho é esse! Quando mudei para a assessoria esportiva que estou atualmente (Vitalità rua & Triathlo Team) fazia 120 a 130km p/semana e chegava nas maratonas sempre cansado e ainda na parte final vinham as cãimbras, Atualmente rodo, no pico, 76 km, mas costuma ser sempre entre 40 e 60km p/semana. Eu digo que é uma prova a cada treino, pois a intensidade é grande, mas com tempo suficiente de recuperação. Parabéns e até a Disney onde tentarei o meu sub 3, pois já tive 2 maratonas de 3h01…

Leave a comment