José Eduardo Motta Garcia esteve em Boston em 2015 e voltará, agora, em 18 de abril, para mais uma edição da maratona mais antiga do mundo. A história dele na corrida começou em 2005, com 10 km. Partiu para as meias e chegou aos 42 km. Com a experiência de já ter corrido em Paris e Chicago, entre outras ao longo do mundo, destaca: “Nenhuma delas se aproxima do que se encontra na capital do estado de Massachusetts”.
“Era setembro de 2005. A empresa onde eu trabalhava na época apoiava um circuito de corridas de rua em São Paulo, quando um colega me convidou para participar de uma das etapas, de 10 km. Até então eu jamais havia pensado em ‘simplesmente’ correr, embora praticasse atividade física regularmente desde criança. Resolvi fazer minha inscrição e partir para os treinos na esteira, quando pude perceber o quão duro seria enfrentar a distância. Acabei finalizando a prova em despretensiosos 1h03. Iniciava aí a minha história no mundo das corridas.
Durante os primeiros anos, fazendo provas de 5 e 10 km, a meia-maratona era considerada uma ousadia. Os 42 km da maratona beiravam a insanidade, algo reservado para um pequeno grupo da humanidade, privilegiado fisicamente – pensava eu.
A evolução prosseguiu e a primeira meia maratona chegou, se tornado rapidamente minha distância preferida, embora ainda a terminasse com certa dose de sofrimento. Até hoje considero os 21 km o ideal para quem procura um desafio, mas que não está disposto a enfrentar a desgastante preparação para uma maratona. É uma prova que exige estratégia e conhecimento do corpo em reações adversas. Passei a participar de muitas meias-maratonas (hoje já são 44), o que exigiu disciplina e inclusão dos treinos longos em minha rotina.
Em 2011, decidi, sem um motivo específico, fazer uma maratona. Estava apenas curioso para saber como me comportaria passando horas correndo. Passei a ler tudo o que encontrava na internet sobre preparação na distância, e escolhi um programa de treinamento de um site norte americano. A estreia seria em Buenos Aires, em outubro daquele ano, e a meta estava traçada: concluir em menos de quatro horas, sem caminhar em nenhum trecho. Durante a longa preparação, enfrentei várias fases: empolgação, ansiedade, desânimo, cansaço, mas a disciplina perdurou por todo o período. Os treinos foram cumpridos rigorosamente.
Finalmente percorri os 42 km na capital argentina, e, apesar das intensas dores nas pernas, com a meta cumprida, em 3h48. A emoção foi tão grande que, uma semana depois, já havia decidido fazer a minha segunda maratona. Eu acabava de encontrar a minha distância preferida.
Rapidamente passei a estar familiarizado com tudo que envolvia a distância. Sabia quem eram os recordistas, as histórias, as principais provas, as majors e, é claro, a Maratona de Boston. O índice exigido para a minha idade, de 3h10, ainda estava distante, mas a evolução obtida nas provas seguintes me permitiu sonhar, até que em 2013 virou nova meta (para não dizer obsessão). Os treinos eram todos focados para tal fim, e consequentemente os minutos foram sendo derrubados, prova após prova, até que em abril de 2014, em Madri, na Espanha, veio o índice: 3h08, apesar da prova dura e com várias subidas. Foi difícil segurar a emoção. Eu estava classificado para a maratona mais tradicional do mundo.
Na maratona seguinte, no Rio de Janeiro, dois meses depois, corri sem responsabilidade, o que me levou a bater o tempo de Madri e cravar surpreendentes 3h06.
Em Boston-2015 pude entender toda a magia que gira em torno da prova. Não é simplesmente uma corrida. Toda a região vive o evento, sabendo que não só os organizadores, mas todos se beneficiam com o impacto que é gerado na economia local. Basta andar pelas ruas da cidade para encontrar produtos, serviços e ações de marketing criados especialmente para o momento. Mesmo tendo participado de outras grandes maratonas, como Paris e Chicago, nenhuma delas se aproxima do que se encontra na capital do estado de Massachusetts.
No dia da maratona fez muito frio, além da chuva, que apertou depois da primeira hora de prova. O percurso pesado, no melhor estilo ‘tobogã’ de subidas e descidas contínuas, é suavizado com o público apoiando durante praticamente todo o trajeto. Concluí os 42 km com bom rendimento e sensação de desgaste abaixo do esperado, o que me levou a alcançar a minha melhor marca na distância: 3:00:08, sendo o 11º brasileiro. Não só havia tirado mais de seis minutos do meu recorde anterior, como estava garantido para voltar a Boston em 2016.
Esse ano voltarei a viver tudo isso, na edição 120 da mais tradicional das maratonas. A expectativa não poderia ser maior!”
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.
Parabéns pelas conquistas!! Se for possível, gostaria de saber quantos anos tinha quando correu sua 1a Maratona? Vou para minha 2a Maratona, onde a 1a foi com 44 anos de idade.
Mdu, amigo Eduardo, parabéns pela a matéria, já conheço sua história, VC e guerreiro, corre muito, estou torcendo para que vc consiga ser maratonista sub3, que Deus te ilumine nesta empreitada
Alexandre, eu tinha 32 anos. Bons treinos para a maratona e obrigado pela mensagem!
Grande Zé Maria, estamos juntos na luta diária dos treinos! Você corre muito. Obrigado pela força!
Para quem fez Boston 2015(devido chuva e baixa temperatura), merece todas as honras de atleta Amador! Parabéns!