O esperado duelo entre Quênia e Etiópia durou poucos quilômetros. Os quenianos até foram bem, com duas posições no pódio – Abel Kirui com a prata e Wilson Kipsang com o bronze –, mas quem brilhou mesmo foi Stephen Kiprotich, de Uganda, campeão olímpico da maratona em Londres-2012 com 2:08:01. Os brasileiros também têm motivos para festejar. Marilson Gomes do Santos foi o quinto colocado (2:11:10), Paulo Roberto de Almeida Paula (2:12:17) o oitavo e Franck Caldeira o 13º (2:13:35).
A prova foi considerada bem dura pelos atletas. A temperatura variou entre 18 e 25°C, sendo que o percurso com diversas curvas e a alta umidade do ar contribuíram para as dificuldades. Tanto que entre os dez primeiros colocados, somente o corredor do Zimbábue Cuthbert Nyasango obteve o recorde pessoal, na sétima posição, com 2:12:08. Veja a classificação completa da maratona.
Marilson perdeu a quarta posição a cerca de 250 m do final, quando foi ultrapassado pelo americano Meb Keflezighi. “Queria muito uma medalha e até o fim tive a esperança de chegar pelo menos em terceiro. Fiz tudo o que pude. A última volta no circuito foi a mais difícil de minha vida. Sofri muito”, afirmou. “A maratona da Olimpíada teve a cara das maratonas normais, com o domínio africano. Tenho certeza de que fiz a melhor preparação possível e, mesmo tendo completado bem a prova, na raça, queria muito uma medalha.”
Paulo Roberto de Almeida Paula chorou depois de cruzar a linha de chegada, emocionando quem assistiu à entrevista ao Sportv. “O objetivo era melhorar o meu tempo (queria correr para 2h10), mas as condições climáticas não ajudaram. O 8º lugar é um sonho, uma recompensa por todo o treinamento feito nos últimos meses. Fiz muito esforço para estar aqui, agradeço ao povo brasileiro, minha família, principalmente minha esposa.”
Franck Caldeira, que chegou a liderar a maratona na altura do km 10, afirmou que estava se “sentindo bem”. “Tentei abrir vantagem na liderança, mas não deu. Estou contente por ter terminado a prova em 13º lugar entre tantos concorrentes de alto nível. Em Pequim-2008, não consegui completar o percurso, o que foi uma frustração muito grande.”
CAMPEÃO – Correndo ao lado de Kipsang e Kirui, se não fosse o uniforme diferente, de Uganda, poderíamos dizer que Kiprotich era mais um maratonista do Quênia. Ele nasceu perto da fronteira entre Uganda e Quênia, e se parece com um queniano, corre como queniano e há seis anos treina no Quênia (atualmente em Kaptagat, perto de Eldoret), com os quenianos, como Emmanuel Mutai.
“Passei a maior parte do meu tempo no Quênia. Só volto para casa para alimentar minha família. Então essa é minha mensagem (para as autoridades de Uganda): precisamos de instalações “, afirmou o campeão. Kiprotich tem 23 anos (desde os 17 treina no Quênia), nasceu em Kapchorwa, a 300 km a nordeste da capital de Uganda (Kampala), perto do Monte Elgon e fronteira com o Quênia. Ele tem três irmãos e três irmãs, mas é o único esportista.
Sincero, o campeão disse na entrevista coletiva que não sonhava com o ouro olímpico. Mas se manteve sempre no primeiro bloco. Por volta do km 35, ficou cerca de 30 m atrás de Kirui e Kipsang. Dava a impressão que conformava-se com o bronze., porém, de repente, arrancou para assumir a lideraça, até o fim. “Ele passou por nós como um guepardo”, disse Kirui. Kiprotich foi embora para ganhar por 26 segundos de diferença. “No início, realmente, não acreditava que poderia vencer. Mas quando faltavam três milhas, eu disse para mim mesmo: ‘Vamos'”. E foi o que fez.
A medalha de Kiprotich foi a única de Uganda em Londres. Veja o quadro de medalhas completo do atletismo.
Fotos: IAAF/Divulgação e Valterci Santos/AGIF/COB
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Olá André!
Quero parabenizar todos os maratonistas que participaram dessa olímpiada, e desejo sinceramente que a Medalha de Ouro que o atleta Stephen Kiprotich de Uganda ganhou com muito merecimento possa servir de exemplo e força para o tão sofrido povo de Uganda, e que o governo de lá invista mais no esporte para dar mais esperança para seu jovens e crianças.
Em homenagem ao povo de Uganda, nada melhor do que divulgar seu país e sua cultura, veja este artigo para começar: http://pt.wikipedia.org/wiki/Uganda
Um grande abraço!!!
Mesmo não sendo um brasileiro vencedor e emocionante a chegada da maratona olímpica. Qual outra modalidade se pode vencer com a bandeira de seu país na mão?
Se tivesse classificação por equipe o Brasil seria prata (5o, 8o e 13o) só atrás do Quênia (2o, 3o e 18o), os brasileiros fizeram bonito nessa prova.