Blog do Corredor Especial Redação 3 de fevereiro de 2012 (0) (121)

Mais corredores no Brasil, mas não em maratonas

O crescimento no número de corridas no país, assim como de participantes, não está se refletindo no aumento de maratonistas, o que é até coerente com a mudança no perfil dos corredores brasileiros nestes últimos anos. Enquanto há 10 anos havia a preocupação com os resultados alcançados, agora ela está em segundo plano para a maioria, que busca qualidade de vida e convívio social, notadamente. Nesse sentido, hoje o predomínio é de corredores que treinam em equipes e participar de maratonas é algo que interessa a poucos; os revezamentos e provas de 10 km já bastam como desafio para essa maioria.

Nas maratonas oficiais do país (Porto Alegre, São Paulo, Rio, Foz do Iguaçu e Curitiba, e o ingresso de duas novas – Londrina e Florianópolis), o total de concluintes no ano passado foi de 9.488 corredores, número praticamente igual ao de 2010 (9.456), mesmo passando de 5 para 7 provas. Da mesma forma, ficou estável o total dos que conseguiram entrar no Ranking Brasileiro de Maratonistas (3.807 contra 3.821 em 2010), revelando não ter havido, ao menos teoricamente, melhora nos índices técnicos de nossos corredores na distância de 42 km. Como se sabe, para ingresso no Ranking da CR existe tempo-limite por faixa etária, como aparece no quadro, e o percentual dos que conseguiram ficou em 40,1%, contra 40,4% em 2010.

Levando em conta as outras 3 maratonas não oficiais (Brasília, Recife e Caxias do Sul), o total de participantes passa um pouco dos 10 mil, mas boa parte corre mais de uma maratona brasileira, daí que se pode estimar algo entre 7 mil e 8 mil maratonistas em provas no Brasil.

Por outro lado, a participação de brasileiros em maratonas no exterior está entre 3 mil e 3,5 mil corredores, alguns fazendo duas por ano lá fora, sem contar por vezes uma ou mais aqui dentro, sendo portanto razoável estimar em mais 2 mil maratonistas nessa situação, o que levaria a um total de 10 mil corredores que anualmente enfrentam a distância dos 42 km, pelo menos uma vez por ano, aqui ou lá fora.

É um número pequeno para os 500 mil corredores que se imagina (sem fantasia…) existir no Brasil, sendo que corredor aqui é considerado o que faz pelo menos uma corrida (de qualquer distância) por ano. Mas coerente com o novo perfil dos corredores brasileiros, como falamos no início, assim como com as condições climáticas não muito favoráveis no país em grande parte do ano, para os treinos longos visando participar de maratonas.

Aliás, a revista tem batido na tecla de que nossas maratonas deveriam ter largadas bem cedo, e até já conseguimos algum sucesso nessa reivindicação a favor dos corredores e também do trânsito da cidade, como se constata nas provas de Foz do Iguaçu e Curitiba. É uma decisão fácil e eficiente para a performance ou para diminuir o sofrimento dos participantes e esperamos que todas as nossas corridas de longa distância (inclusive meias) tenham essa preocupação. Quem sabe com essa mudança passemos a ter maior número de maratonistas.

Como comparação, nossos hermanos argentinos estão em maior número desafiando os 42 km, como se nota pelo total de concluintes este ano em Buenos Aires, com 5.500, quase o dobro do verificado em nossa maior maratona, a de São Paulo.

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