Depois de ter terminado Roterdã este ano em 3h07 e a Juliana (minha esposa) em 3h42, vimos uma reportagem na CR de julho de 2010 que falava de maratonas rápidas (ladeira abaixo) e escolhemos a Steamtown na Pensilvania, no mesmo dia de Chicago, 9 de outubro. É uma prova com 2 mil inscritos, boa parte participando em busca de recordes pessoais (e conseguindo…) em função do percurso quase todo em descida, sendo o declive total de 300 metros, mas mesmo assim é uma maratona oficial. Fizemos a inscrição com o objetivo de baixar de 3h e 3h30, garantindo nossa vaga em Boston.
Chegamos na quinta e aproveitei para conhecer os últimos 6 km de prova, onde há um trecho de forte subida, mas nada de assustador e fiquei tranquilo. No sábado, conhecemos Forest City, onde acontece a largada; o primeiro km é um pirambeira assustadora, seguido por uma subidinha até o 3º km. Aí começa o trecho rápido de descida que dura até o km 13, depois o traçado é levemente em declive até o 37, onde começa a temida "Eletric Street" e logo em seguida a chegada.
A feira é bem organizada e eficiente e a cidade agradável, com comida boa e preços muito bons. No dia da corrida, acordamos às 5h15, tomamos café e às 6 horas pegamos os ônibus da prova para Forest City. O trajeto durou 40 minutos e tudo funcionou perfeitamente. Sem filas, banheiros químicos limpos e cheirosos (nem sabia que isso existia) e um ambiente acolhedor na escola da cidade. Faltando 5 minutos, caminha-se tranquilamente para a largada, sem o "empurra-empurra" típico das grandes corridas.
LARGADA. Às 8 em ponto, após o hino americano, um tiro (assustador) de canhão deu o sinal de largada e lá fomos nós descendo a ladeira do primeiro quilômetro. Busquei meu ritmo de corrida próximo a 4:10/km no trecho inicial de descida, monitorando o batimento cardíaco para garantir não exagerar. Esse é o erro mais citado pelos corredores experientes na prova. A temperatura em torno de 15ºC, considerada quente para época e com previsão de alta durante o decorrer da prova, estava agradável e eu me sentia muito bem. Passei a meia em 1h27, um pouco abaixo do planejado e entrei no trecho bem interessante, onde a corrida passa por trilhas de cascalho e cascas de árvores.
O tempo todo fomos saudados pelas famílias que vivem nas 14 comunidades ao longo da corrida. As pessoas ofereciam água e frutas, além do que a organização proporcionava. Curiosamente, no site da prova, se indicava de que nos postos de abastecimento não haveria gel de carboidrato. A partir do km 25 uma situação inusitada: bancas de medicamento (analgésico, vaselina, curativo para bolhas e outros) eram disponibilizados aos corredores em dificuldade. Felizmente não precisei dessa ajuda e continuei mantendo o ritmo até o km 32, onde eu planejava subir o nível de esforço. Como vi que estava com folga na minha meta de quebrar as 3 horas, preferi não arriscar e guardei energia para a subidinha do final, terminando em 2:57:20.
Enquanto aguardava a Juliana terminar a prova (em 3h25) fiquei sabendo que tinha sido o 3º na categoria master (acima de 40 anos) e que além do troféu receberia um cheque de 100 dólares. Mas algumas coisas não têm preço e, obviamente, nunca vou descontar esse cheque, que guardarei como lembrança da minha primeira maratona sub 3 horas.
Pedro Luiz Cerize e Juliana Seiler Cerize são de São Paulo.