Os brasileiros Solonei Rocha da Silva e Paulo Roberto de Almeida Paula correram juntos boa parte da maratona do Mundial de Atletismo, na Rússia, no sábado, e cruzaram a linha de chegada de mãos dadas. Solonei terminou oficialmente em sexto lugar e Paulo Roberto em sétimo, com o mesmo tempo: 2:11:40 – as melhores marcas pessoais da temporada. Já na Meia-Maratona do Rio, ontem, o queniano Geoffrey Mutai ratificou, com sobras, a condição de favorito e venceu a prova e estabeleceu o novo recorde com 59:57. No feminino, vitória da queniana Nancy Kipron (1:11:52). O Brasil ficou com o quarto lugar nas duas provas: Giovani dos Santos (1:02:17) e Cruz Nonata da Silva (1:14:47).
O dia chuvoso e a baixa temperatura acabaram ditando o ritmo na 17ª Meia do Rio de Janeiro. Geoffrey Mutai fez o que se esperava dele, largando na ponta e mantendo a posição até o final. Os quenianos Mark Korir, com 1:00:49 e Edwin Kipsang Rotich, com 1:02:08s ficaram com os segundo e terceiro lugares, respectivamente.
No total, 12.244 corredores concluíram os 21 km (9.252 homens e 2.992 mulheres). Um crescimento na meia-maratona de 1.595 atletas em relação ao ano passado, quando foram 10.649 concluintes (8.150 homens e 2.499 mulheres), consolidando-a como a maior do Brasil. Nos 5 km neste ano, mais mulheres do que homens – 985 contra 712, num total de 1697. Somando as duas provas, foram 13.941 corredores completando os dois percursos. Confira os resultados completos no site oficial.
“Gostei muito de estar aqui e conseguir vencer em minha estreia. Um percurso duro e que ficou mais complicado em razão da umidade e o vento contra. Mas achei muito bom estar aqui e ver esta bonita festa na largada e chegada”, destacou Mutai. “Espero voltar no próximo ano e defender esse resultado no Rio de Janeiro.” Mutai ainda elogiou os corredores brasileiros. “Eles estão evoluindo muito e treinando mais forte. Tenho certeza que nos Jogos Olímpicos estarão prontos para brigar por grandes resultados”, finalizou o vencedor, que ainda levou para casa um prêmio de 14 mil reais pela conquista.
Giovani dos Santos comemorou a melhora do recorde pessoal. “Fiz o meu melhor e esse era meu pensamento. Consegui baixar meu tempo e gostei do resultado, especialmente por enfrentar tantas feras. Agora é seguir trabalhando e buscar a evolução para poder encarar qualquer adversário”, afirmou.
Na quarta colocação do feminino, a brasileira Cruz Nonata da Silva disse que o tempo não foi seu aliado. “Apesar de ser uma prova muito competitiva, mantive um ritmo bom durante todo o percurso. No meu caso, o clima úmido e a chuva atrapalharam um pouco, pois eu prefiro correr com calor e sol”, afirmou Cruz.
MARATONA – Com 70 participantes, a maratona do Mundial de Atletismo foi disputada com vento constante e sob uma temperatura de 24ºC, o que desgastou muitos corredores. Mas a dupla brasileira esteve bem durante os 42 km. “Temos o mesmo ritmo e um procurou ajudar o outro. Tenho mais facilidades em subidas e ele em decidas. Somos amigos, da mesma região do interior de São Paulo”, afirmou Paulo Roberto, que é de Irapuru, referindo-se a Solonei, que nasceu em Penápolis. “A partir do km 35, quando ainda estávamos no pelotão da frente, decidimos correr em nosso ritmo, sem importar em saber quem ganharia o ouro. O importante era completar bem a prova.”
Solonei concorda com o amigo. “O objetivo era ficar entre os 10 primeiros e conseguimos, mostrando união”, lembrou o maratonista, que chegou a liderar a prova no início. “Saí na frente, mas estava no meu ritmo, sem loucura, de uma maneira confortável. Acho que estamos no caminho certo para a Olimpíada do Rio.”
Emocionado, Paulo Roberto, oitavo colocado na Olimpíada de Londres-2012, agradeceu o apoio que recebe do Exército e da CBAt. “Estou fora de casa há 90 dias por causa do Mundial. Demos o nosso melhor. Temos de superar a cada dia os nossos limites”, afirmou. Já Solonei, ouro no PAN de Guadalajara-2011, disse que estava muito feliz. “Para quem era coletor de lixo em Penápolis há apenas 4 anos, só tenho de agradecer tudo de bom na minha vida. É um orgulho poder representar o Brasil”, completou em entrevista ao site da CBAt.
Campeão olímpico em Londres, Stephen Kiprotich, de Uganda, voltou a ser brilhante na maratona. Ele conseguiu quebrar o ritmo dos adversários, correu em ziguezague ainda no Parque Olímpico para não dar vácuo ao etíope Lelisa Desisa, ganhador da medalha de prata, e completou os 42.195 m sorrindo, mandando beijos para o público, sem deixar transparecer o desgaste da prova. Kiprotich obteve a marca de 2:09:51, seguido de Desisa, com 2:10:12. O também etíope Tadese Tola ficou com o bronze, em 2:10:23. Foi a primeira vez que um corredor venceu a maratona da Olimpíada e do Mundial.
Cobertura do Mundial e da Meia do Rio na CR de setembro.