Sempre gostei de correr, mas somente há cinco anos comecei a levar o esporte a sério, passando a ser orientada por competentes profissionais e me mantendo informada através de boas leituras, como os artigos da Contra-Relógio. Então, em 2007, aos 55 anos, após correr várias meias, comecei a pensar em encarar uma maratona. Meus treinadores, Helem e Marco Túlio, me deram a maior força.
Sentindo que seria possível, iniciei meu treinamento em Belo Horizonte, que foi bem planejado, de acordo com o meu perfil, pois não queria treinar exaustivamente. Na minha modesta opinião, a disciplina no treinamento e a boa alimentação é que fazem a diferença.
Na CR de novembro escolhi a Maratona de Valencia, na Espanha. Fiquei motivada pelo percurso plano e a data favorável, 17 de fevereiro, pois eu estaria todo esse mês em Lisboa onde fiz meu treinamento final. Foi uma sorte, por causa do clima frio, avenidas amplas, calçadas bem pavimentadas e o Estádio Universitário num parque todo arborizado à minha disposição.
Treinei com muita seriedade, afinal queria fazer bonito para mim mesma. Eis que chegou o grande dia. Eu estava bem tranqüila, a escolha por Valencia foi uma decisão acertada, a cidade é linda, muito antiga, tendo sido fundada no ano 137 a.C, bem preservada e evoluída. Vale a pena conhecê-la.
A temperatura estava bem baixa para mim, por volta dos 12ºC, tempo nublado. Como eu estava usando uma roupa de acordo, inclusive com as luvas que recebi no meu kit (com vários brindes), foi suportável. Corri com o tênis Gel-Nimbus da Asics, que vi na CR de janeiro, e foi perfeito; por isso, recomendo.
No final da corrida, a temperatura caiu muito, sendo necessário ter um bom agasalho à disposição a fim de se manter a temperatura corporal. Eu não estava preparada, mas a minha santa irmã e minha mãe, que estavam lá, me socorreram com um dos casacos.
Tomei café no hotel às 7h15 e não consegui comer muito mais do que eu faço normalmente. A corrida saiu às 9h, como o previsto. As duas barras de cereal que eu levei não foram boa escolha. O carboidrato em gel eu já tentei e não gostei e os sachês que vieram no kit eu tive receio de tomá-los. Mas tinha água, powerade (que só recebi depois do km 21), esponja molhada e a simpatia dos valencianos, à vontade.
Senti falta de ter alguma coisa para comer; achei que por ser uma maratona, nos seria oferecido, mas não foi, talvez porque a organização monta um serviço diferente (e acho que único no mundo) de colocar no km que desejamos o kit alimentação de cada um, como acontece para atletas de elite. Quando fui pegar o número não entendi bem essa cortesia e não aproveitei.
Durante a prova, embora a minha mente estivesse focada na chegada, procurei interagir com o público, com o pessoal do apoio que por todo o percurso nos aplaudiam, desejavam "ânimo" e faziam comentários positivos. Um deles me deixou ainda mais fortalecida e envaidecida; quando eu estava entrando no Estádio Del Turia para alcançar o km 42, um espectador disse: "Minha senhora, não tem preço que pague chegar até aqui". Foi demais! Conclui em 4:37:30 e fiquei em sexto lugar entre 148 participantes da minha faixa etária. Mas, para mim, o mais importante foi ter chegado bem disposta, alegre e realizada. Este será para sempre um momento inesquecível.
Maria da Glória Valadão é assinante de Belo Horizonte