No dia 15 de maio aconteceu a Maratón Movistar Lima 42k, a terceira edição neste novo formato com o padrão Adidas. Também foi a primeira em parceria com a empresa Telefônica, o que permitiu um belo upgrade tecnológico, com direito à transmissão da prova em telão e em TV a cabo.

Autodenominada a "hermana menor" da prova de Santiago, esta já em sua quinta edição e igualmente patrocinada pela marca esportiva alemã, a maratona limenha ainda está longe de atingir os 16 mil participantes da chilena (nos 42 km concluíram apenas 2.348 em abril último), mas contou com a presença de quase 10 mil corredores, somando-se as três distâncias (maratona, meia e 10 km), e para todos que cruzaram a linha de chegada foi doada uma muda de árvore para enfeitar ainda mais as belas ruas dos distritos onde os atletas passaram. A cor da camiseta oficial também era verde. Esta campanha e outra em prol da erradicação do trabalho infantil foram amplamente divulgadas ao longo de todo o evento.

FEIRA DA MARATONA AO AR LIVRE. A retirada do kit aconteceu no Parque da Reserva, famoso pelo seu Circuito Mágico del Água, um conjunto de 13 fontes reconhecido pelo Guiness por ser o maior complexo de fontes do mundo dentro de um parque público. Os participantes recebiam uma pulseira para entrar gratuitamente no show de luz e som das fontes, realizado à noite. A Expo Maratón foi a céu aberto, possível graças ao característico baixo índice pluviométrico da cidade.

A prova foi montada no Pentagonito, uma zona militar no distrito de San Borja. O Exército disponibilizou o estacionamento, para que os participantes pudessem chegar ao local de prova, confortavelmente. A maratona começou às 7 horas, a meia às 8 horas, e a prova de 10 km às 8h30. O clima, nesta época do ano, costuma ser excelente para uma maratona, variando entre 8º e 15ºC. Além disso, uma constante névoa cobre a cidade, tanto que os prédios limenhos são de cores fortes, para evitar a depressão. Mas isso pode ser vantajoso numa maratona, principalmente para os atletas que concluíram depois das 11 horas, por não enfrentar o sol.

DESCE E SOBE. Quanto à altimetria, é totalmente o oposto da "hermana mayor", com muita descida na primeira metade, e subida no final. Há alguns trechos longos de subida, mas nada muito íngreme. Quem fez treinamentos específicos para subidas e conteve a ansiedade nos trechos iniciais não teve nada a temer. Quanto à altitude, ao contrário do que muitos brasileiros imaginam, Lima é, na verdade, uma cidade litorânea, com 150 metros de altitude, por se localizar numa elevação em relação ao nível do mar.

No regulamento constava que o abastecimento aconteceria a cada 5 km, com água e Powerade. Posteriormente, aumentaram o número de postos, sendo a cada 5 km até os 20 km, e depois a cada 2,5 km. Houve também um posto de frutas, pelo qual os atletas passavam duas vezes, ao longo da maratona. Quanto ao percurso, acontece por bairros agradáveis, com inúmeros trechos arborizados e prédios históricos bem conservados. Entre os pontos turísticos percorridos, destaque para a Huaca Pucllana, uma pirâmide de 25 metros de altura, e o Larcomar, um charmoso shopping a céu aberto, escavado nos rochedos de Miraflores.

O público ainda não parece acostumado com este tipo de evento, mas sempre se encontrava espectadores incentivando, inclusive distribuindo esponjas e bebidas, ou jogando água. O bloqueio do trânsito também foi perfeito, o que irritou muito os motoristas nas horas finais da prova, sendo que o tráfego limenho já é cotidianamente intenso.

BRASILEIROS NO PÓDIO. A prova valeu para o Campeonato Sul Americano de Maratonas, com o pernambucano Marcos Antonio Pereira ficando com a medalha de prata (o campeão foi o queniano Peter Nyaka em 2:16:57, que obviamente não concorria no campeonato), com o tempo de 2:19:40, atrás do peruano Miguel Mallqui (2:17:10). No feminino ouro para a peruana Jimena Misayauri (2:42:40), prata para a equatoriana Sandra Ruales (2:8:01) e bronze para a paraibana Mary da Costa Oliveira (2:54:29).

Lima possui muitas atrações, como o Centro Histórico, diversos museus, ruínas incas e de povos anteriores. Apenas tome cuidado com a segurança e com a gastronomia peruana. Ou melhor, com o excesso dela antes da maratona. Não por acaso, Lima foi declarada a capital gastronômica da América.