Tudo começou em 2006, na Maratona de Chicago, quando ouvi falar pela primeira vez na famosa Maratona de Boston. Desde então, como boa parte dos maratonistas, participar desta lendária corrida se tornou um sonho. Em outubro de 2010, com o índice obtido em Berlim, decidi encarar o desafio e fiz a minha inscrição. Para se ter uma idéia, a prova se tornou tão cobiçada, que as 27 mil vagas desta 115ª edição (dia 18 de abril) se esgotaram em apenas 8 horas.
Treinei muito forte nos três meses que antecederam a corrida, pois queria estar bem preparada para enfrentar o relevo diferenciado da prova. O esforço valeu a pena. Entendi perfeitamente porque a maratona mais antiga do mundo é tão especial e repleta de "glamour".
Desembarquei em Boston na 5ª feira e, no dia seguinte, conheci um pouco da simpática e acolhedora cidade, repleta de monumentos históricos e bons restaurantes.
No sábado, fui visitar a bem organizada feira da maratona aonde retirei meu kit e também comprei artigos oficiais. A partir deste momento, comecei a entrar no clima, sentindo a cidade respirar a prova. Corredores e seus acompanhantes passeando pelas ruas, shopping e restaurantes, vestindo casacos de edições anteriores (seguindo uma antiga tradição).
Já estava ansiosa e muito animada para correr. Tomei os devidos cuidados com a alimentação e hidratação e procurei poupar as pernas, evitando longas caminhadas.
A prova é realizada sempre na terceira segunda-feira de abril, feriado de Patriot's Day, e o percurso acontece na estrada que sai da cidade vizinha de Hopkinton e termina no centro de Boston.
No dia da prova, 18 de abril, às 7h, subi em um dos ônibus escolares que transportam os participantes até a "Athlete's Village", local destinado aos atletas, com banheiros, distribuição de água, isotônico, frutas e pães.
A largada é organizada, sem tumulto, com saídas em três etapas (10h, 10h20 e 10h40). Em cada uma das saídas, os corredores são alocados em nove baias, conforme a qualificação. Temperatura ótima de 8/9 graus e um sol maravilhoso.
A primeira metade da prova é repleta de descidas muito acentuadas. Esforcei-me para manter o ritmo, tentando guardar energia e pernas para as subidas que viriam mais para frente.
A organização é perfeita: postos de distribuição de água e isotônico a cada milha (dos dois lados da estrada), banheiros químicos e assistência médica disponível em vários locais.
Porém, o que mais me surpreendeu foi a presença maciça de público e voluntários durante todo o percurso (estimativa de 500 mil pessoas). Muitos jovens e crianças distribuindo frutas e água, nos estimulando e vibrando muito. Outro fato que chamou minha atenção foi o grande número de corredoras, que representaram 45% dos concluintes!
No km 25, começam as subidas, que culminam na famosa "Heart Break Hill" no km 35. Eu havia treinado muito morro e consegui correr bem, diminuindo o ritmo, administrando a velocidade, sempre evitando caminhar. No topo da montanha, fim das subidas, muita gente gritando e literalmente empurrando os corredores para o trecho final da prova.
Os últimos 7 km são praticamente descidas novamente, mas quando faltavam 2 km para o final, senti um enorme cansaço e vontade enorme de parar, mas fui em frente e completei (em 3:33:54) a minha 5ª e mais significativa maratona – rindo e me divertindo! A prova é maravilhosa; adorei!