A Maratona de Londres, disputada no dia 17 de abril, foi palco de resultados sensacionais. O queniano Emmanuel Mutai venceu com 2:04:40, recorde da prova (era 2:05:10, de 2009), melhor marca de 2011 e a quinta (depois sétima) da história. No feminino, o show foi da queniana Mary Keitany que, em sua segunda maratona (estreou em Nova York, no ano passado, com 2:29:01), venceu com 2:19:19, o nono melhor tempo da história entre as mulheres, mesmo correndo grande parte da prova sozinha. Para completar, festa brasileira. Marílson Gomes dos Santos terminou em 4º lugar entrando no seleto grupo dos maratonistas sub 2h07.
Marilson foi a Londres com a meta de buscar uma marca pessoal que o colocasse entre os melhores do mundo, já que seu recorde de 2:08:37 era muito fraco para o atual panorama internacional. E se superou, com 2:06:34, correndo a maior parte do tempo no pelotão principal. Quando Mutai começou a imprimir um forte ritmo, a partir do km 30, Marílson chegou a cair para a sexta posição. Porém, rapidamente, se recuperou, consolidando-se no quarto lugar, abrindo vantagem em relação ao etíope Tsegaye Kebede e ficando atrás apenas do trio de quenianos – Mutai, Martin Lel e Patrick Makau. Na América do Sul, o tempo obtido por Marílson em Londres só é superado pelo obtido por Ronaldo da Costa (2:06:05), em Berlim/1998, o recorde mundial na época.
Até por volta do km 30, o primeiro pelotão do masculino tinha nove atletas, além do último coelho. Foi quando Mutai começou a impor seu ritmo e chegou a chamar Lel, com um gesto de mão, para acompanhá-lo. Em vão. Mutai foi abrindo distância e passou a correr sozinho. Nos três últimos quilômetros, chegou a reduzir um pouco a média, voltando a acelerar no sprint final. A emoção, então, ficou para a disputa entre Lel e Makau até os últimos centímetros, com Lel, conhecido por seus sprints em maratona, se importo em segundo lugar, os dois com 2:05:45.
Em entrevista ao site da Iaaf, Mutai festejou o tempo e o resultado. "Desde que comecei a correr em Londres, tenho duas vezes a quarta colocação e, no ano passado, fiquei em segundo", afirmou o queniano. "Neste ano voltei e meus sonhos se tornaram realidade. Eu queria muito ganhar uma grande maratona e desta vez eu fiz isso", completou Mutai, que tinha sido também vice-campeão em Nova York em novembro do ano passado. "Eu não estava pensando sobre o tempo, apenas em ganhar. Mas eu melhorei o meu melhor de 2h06 para 2h04. Eu realmente não posso pedir mais do que isso. Agora posso dizer que sou um corredor de maratona ótimo, porque eu consegui dois feitos de uma vez – ganhei em Londres e corri para 2h04."
Vice-campeão, Lel afirmou que, quando Mutai apertou o ritmo, sabia que não poderia acompanhá-lo. "Não sei como meu corpo iria reagir e queria ter certeza de que poderia terminar", afirmou. Já Makau, depois de vencer em Roterdã e Berlim no ano passado, estava feliz por chegar ao pódio em sua estreia em Londres, revelando que quase desistiu no meio da prova, o que teria dado o terceiro lugar a Marilson. "Eu tive alguns problemas com meus joelhos e quadris, então não estava confiante. Fiquei cerca de 10 metros para trás no km 22 e pensei em me retirar, mas decidi ir em frente. Não estava 100% no final."
Split negativo no feminino. Com as coelhas puxando o ritmo, a prova feminina teve disputa apenas na primeira metade, quando a russa Lilya Shobukhova, vencedora de 2010, liderou e procurou impor seu ritmo. Porém, sempre com Keitany em seu encalço. A partir do km 25, Keytany literalmente disparou. Ela fez 16 minutos entre o km 25 e o 30, só ampliando a distância até o final. A russa chegou a cair para o terceiro lugar, mas se recuperou, superou a queniana Edna Kiplagat e manteve-se tranquila na segunda posição, sem forças para buscar Keitany, que diminuiu o ritmo a partir do km 40, administrando a vitória.
Para se ter uma ideia da força de Keitany na segunda metade da Maratona de Londres, Shoburkhova passou a meia maratona com 1:10:37, com média de 3:21/km. Parecia, nesse momento, que a russa estava sobrando. Num split negativo impressionante, a queniana fez a segunda metade em 1:08:41, média de 3:15/km. "Eu sabia que poderia obter o meu melhor tempo aqui", disse Keitany, primeira queniana a vencer desde Margaret Okayo, em 2004. Shobukhova, por sua vez, afirmou que achava que poderia buscar Keitany. "Mas ela estava muito rápida. Eu sabia que ela imprime grande velocidade a partir da meia maratona e não fiquei surpresa. Assim que ela disparou, eu sabia que já estava lutando pelo segundo lugar."
E um outro recorde: 22 mulheres fecharam a Maratona de Londres com tempo inferior a 2h30 – a melhor marca dos últimos 15 anos. No total, além dos atletas de elite, 35.643 amadores completaram a tradicional prova londrina, sendo o mais velho Paul Freeman, de 86 anos, que terminou em 6:47:31, enquanto Iva Barr, de 83 anos, cruzou a linha de chegada em 6:36:10.