DESGASTE DO TENDÃO
Estou com 51 anos, pratico corrida há 6, e gostaria que me explicassem o que me acomete. Desde o início de 2010, ao dar os primeiros passos, após levantar-me da cama, sentia um incômodo no meu calcanhar do pé direito, que logo desaparecia. Ali pelo meio do ano, o incômodo se tornou mais constante, logo que começava a correr. No ano passado participei de 2 maratonas (Paris e Rio), além de várias meias, provas de 10 milhas etc e esse incômodo não me impediu que as concluísse com muita felicidade. No final de outubro, após dois treinos mais fortes, senti dores que me incapacitaram até de andar sem que estivesse mancando. Busquei orientação de um ortopedista, que me indicou parar de correr e fazer sessões de fisioterapia (fiz 20). Em 05/12 participei da maratona de revezamento Ayrton Senna, juntamente com três amigos de JF. Como consequência, fiquei 8 dias mancando. Novamente consultei um médico e fiz ressonância magnética, cujo resultado envio em anexo. Peço seu diagnóstico, bem como orientações de procedimentos, para poder parar de sentir essa dor – agora constante – e poder voltar aos meus treinos. Não trabalho com a hipótese de parar de correr.
Ary Augusto Barbosa, Juiz de Fora, MG
A situação que você relata é bastante comum entre os praticantes de corrida de longa distância e se trata de um quadro de tendinopatia do tendão de Aquiles, ou tendão calcâneo (segundo a nova nomenclatura), caracterizada por um processo de desgaste do corpo do tendão, que é visualizado pela ressonância. Esta condição é difícil de ser tratada, pois o tecido acometido é pouco vascularizado e portanto com limitada capacidade de recuperação. As medidas fisioterápicas para analgesia (melhora da dor) estão bem indicadas, assim como uso de gelo e a elevação da parte posterior do pé através do uso de uma calcanheira de silicone. Na minha experiência no tratamento de inúmeros casos como o seu, constatei que os exercícios de contração excêntrica de panturrilha são mais eficazes. Converse com um fisioterapeuta para uma demonstração dos mesmos, onde o músculo se alonga enquanto está fazendo força.
CONDROMALÁCIA?
Ano passado escrevi pedindo orientações sobre um problema no meu joelho esquerdo. Volto a recorrer à seção, porque quando retornei à corrida, intercalada com caminhada, passei a sentir o mesmo incômodo na parte de traz do joelho com dificuldades para flexionar a perna ou agachar e às vezes com dor na parte lateral do joelho, principalmente após treinos longos, só que não sinto dificuldade pra correr, apenas para dobrar a perna. Gostaria de saber: trata-se de condromalácia patelar? Qual o risco de continuar treinando e competindo? É caso para parar com a corrida? Por favor, qual orientação poderia me dar, pois a corrida me proporciona bem estar!
José Nivaldo Ferreira de Moraes, Feira de Santana, BA
Creio que se trata de condromalácia patelar, um desgate na porção da cartilagem da patela na sua articulação com os outros ossos do joelho, que vai implicar em tratamentos constantes e durante longo tempo, pois é uma situação de difícil controle. Existe um risco de haver uma piora caso você continue a treinar e competir. A cartilagem é um tecido muito especializado, com baixa capacidade de regeneração, cuja lesão pode ser acompanhada clinicamente e observada a evolução do paciente. Sugiro você continuar seu programa de fisioterapia e reforço muscular de membros inferiores, uso de substâncias condroprotetoras, e alternância de atividades aeróbicas com a corrida.
FASCIITE PLANTAR
Tenho uma dor muito forte no calcanhar direito, mas ela só aparece quando fico parado por mais de 5 minutos e quando acordo pela manhã. Então passo um creme na sola do pé, faço uma massagem e a dorme some. O que é isso?
Alex Ferrari, via e-mail
Você apresenta a velha e boa fasciite plantar, também chamada de fasciose plantar, caracterizada por um processo inflamatório na emergência desta faixa de tecido conjuntivo presente na sola do pé, desde o osso do calcanhar até os dedos. A retração deste tecido causa uma solicitação exagerada nos pontos de inserção no osso e daí a formação de pequenas espículas ósseas, conhecidas vulgarmente como esporões de calcâneo e que não são a causa da dor na maior parte dos casos, como podem pensar os pacientes e até mesmo alguns profissionais da área médica. O movimento do arco plantar do pé durante a marcha e a corrida também pode causar um desgaste exagerado na porção da inserção da fáscia plantar e desencadear o quadro de fasciite plantar. O uso de gelo, medidas fisioterápicas para analgesia e alongamento da fáscia são as medidas preconizadas para o tratamento.
LIGAMENTO CRUZADO
Em 2008 sofri uma torção no joelho esquerdo; fiz uma ressonância e o médico diagnosticou lesão total no ligamento cruzado anterior. Contudo, após fisioterapia, ele fez diversos testes e disse que fisicamente não aparentava ter rompimento o ligamento e não quis fazer a cirurgia. De lá para cá levo vida normal, faço de tudo sem dores e limitações. Recentemente sofri outra torção no mesmo joelho de igual gravidade, porém desta vez não fiz ressonância. Estou me recuperando muito rápido por sinal e já estou voltando a realizar todos os movimentos normalmente. A pergunta é a seguinte: Qual a importância deste ligamento já que se está rompido, eu tecnicamente não poderia estar fazendo todos esses movimentos, inclusive correr. Poderia eu ter nascido sem este ligamento, pois pelo que me parece não está me fazendo a menor falta?
Fabiano, fabianotx@gmail.com
Seu relato é no mínimo curioso, pois a lesão total do ligamento cruzado anterior normalmente acarreta uma série de limitações ao paciente. O ligamento cruzado anterior do joelho é um dos responsáveis pela manutenção da estabilidade desta articulação, característica que impede o joelho de sofrer falseios durante a marcha ou mudanças de direção. Pode ser que seu joelho não seja dependente do ligamento cruzado anterior, situação clínica pouco freqüente, mas que existe em algumas pessoas, desta forma explicando sua lesão prévia, mas atualmente seu quadro clínico em franca recuperação. Não acredito que você tenha nascido sem o ligamento cruzado, uma possibilidade muito remota. Atividades em uma única direção você será capaz de realizar sem muitas dificuldades, porém as que requerem mudanças de sentido podem lhe provocar novas entorses e uma piora do quadro clínico, portanto muito cuidado
OSSO EXTERNO
Em abril/09 sofri dores horríveis no peito e o diagnóstico, após passar ortopedistas e fazer exames locais, foi artrite no osso esterno. Tratei com fisioterapia e anti-inflamatórios orais e locais. Ao final do ano a dor melhorou, porém nunca mais pude pegar qualquer tipo de peso acima de 5 kg! À noite já sinto as dores voltarem. Gostaria de saber se há exercícios que fortalecem essa região do peito e se posso praticar ioga ou musculação, ou mesmo corrida.
Monica Pellegrino, via e-mail
O osso esterno é o osso central de nosso tórax, largo e achatado, que se encontra conectado a diversas costelas e tem como função a proteção dos órgãos vitais do tórax , como o coração e os pulmões. Creio que sofreu um quadro de artrite nestas articulações entre o esterno e alguma costela, caracterizada por um quadro de inflamação local. Os exercícios que fortalecem a região do tórax podem ser realizados na sala de musculação, que você deve praticar no limite da sua dor, o mesmo ocorrendo com a ioga e a corrida.