Performance e Saúde Redação 12 de novembro de 2010 (6) (177)

Doença de Hoffa, mais uma para incomodar

Descrita pela primeira vez por Albert Hoffa, em 1904, esta doença é uma inflamação na gordura infrapatelar, uma bolsa de gordura localizada logo atrás do tendão patelar, abaixo da patela.

Essa doença tem como causa principal os movimentos repetitivos no joelho, que acarretam microtraumas na gordura de Hoffa, que inflama, incha e passa a sofrer uma compressão entre o fêmur e a patela ou entre a tíbia e o fêmur.

Esses microtraumas e essa compressão fazem com que a gordura de Hoffa sofra novo processo inflamatório, hemorragia e fibrose (depósito de um tecido de cicatrização que também pode causar dores), caracterizando a síndrome da gordura de Hoffa.

Um trauma único também pode causar a inflamação nesta gordura infrapatelar. No caso de uma lesão do tendão patelar, devido a uma entorse grave, por exemplo, pode ocorrer também uma inflamação na gordura de Hoffa.

 

QUAIS AS CAUSAS? A síndrome da gordura de Hoffa acomete corredores, causada por microtraumas resultantes de repetitivas forças de rotação e hiperextensão do joelho durante a corrida.

Por isso, alterações ortopédicas do joelho, como o genu recurvatum (joelho em hiperextensão) e instabilidade rotacional, quando o joelho apresenta certa frouxidão e permite maior movimento de rotação durante a prática esportiva, são descritos na literatura como causas mais freqüentes da doença de Hoffa.

Condições que possam diminuir o espaço entre o fêmur e a patela, e entre o fêmur e a tíbia também podem causar o pinçamento da bolsa de gordura e como conseqüência a sua inflamação.

Na primeira fase dessa lesão há inflamação da gordura infrapatelar, causando o edema (inchaço). O atleta se queixa de dores na região anterior do joelho onde há, geralmente, a diminuição da amplitude de flexo/extensão. Num exame clínico, essa gordura fica espessa, palpável e o Sinal de Hoffa é positivo (teste que pressiona a gordura de Hoffa durante a extensão do joelho, que é positivo quando o atleta sente dor). Numa fase mais tardia, a inflamação evolui para uma fibrose e a dor fica mais intensa.

Não é um diagnóstico simples, através de raio-x, por exemplo, e a fibrose geralmente é identificada tardiamente. Mas outros exames de imagem, como a ressonância magnética, podem detectar a inflamação numa fase inicial.

O exame clínico também é importante e testes especiais como o já descrito Sinal de Hoffa e queixas do paciente também são fundamentais para descartar outras hipóteses.

 

O TRATAMENTO. Geralmente, a primeira escolha é o tratamento conservador, isto é, sem precisar de cirurgia. O primeiro passo é detectar a causa principal da lesão, o que chamamos de mecanismo de lesão, e evitar que ele se repita. Para saber se a causa é uma instabilidade, excesso de treinamento ou alguma condição que cause o pinçamento da bolsa de gordura, uma avaliação criteriosa é fundamental.

A fisioterapia usa alguns recursos para diminuir o processo inflamatório, a dor e melhorar a cicatrização da lesão (evitando a fibrose). O gelo (crioterapia) pode ser usado diariamente, mesmo na fase inicial, e é indicado para diminuir o edema (inchaço) e a inflamação. Não use o gelo antes da atividade física, pois diminui a sensibilidade e pode mascarar a dor, piorando ou causando lesões sem que o atleta tenha a sensibilidade como limite.

O ultra-som, as ondas curtas e o laser também são utilizados como antiinflamatórios e cicatrizantes, mas o calor profundo (US, OC) não é indicado na fase aguda da lesão

Exercícios para a estabilidade articular, treino proprioceptivo, ganho da amplitude de movimento, fortalecimento muscular, manutenção do condicionamento físico, alongamento muscular e até correção postural fazem parte da reabilitação.

Na readaptação ao esporte, uma avaliação criteriosa do treinador (educador físico) e do fisioterapeuta é fundamental para detectar alguma sobrecarga articular durante a atividade, sendo necessária, eventualmente, uma correção biomecânica da corrida.

Há casos em que a cirurgia é indicada, mas mesmo assim há a necessidade da fisioterapia pós-operatória, para evitar a fibrose, recuperar força e flexibilidade muscular.

A hidroterapia (fisioterapia na piscina) também é indicada tanto para os casos conservadores, como para um tratamento pós-operatório. Uma das vantagens é que permite um trabalho de manutenção do condicionamento físico, sem o impacto e sobrecarga sobre a articulação do joelho.  

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6 Comments on “Doença de Hoffa, mais uma para incomodar

  1. Parabéns pelo estudo. Sou fisioterapeuta e estou com um caso deste. E uma jovem de 23 anos esta em um quadro agudo. Tenho tido dificuldade para tratá-la pois é a alérgica ao gelo .
    O que vc sugere?
    Quanto as referencias bibliográfica para o TTO poderia estar me passando alguma?
    Muito obrigada
    Aguardo contato…

  2. Recentemente tive um diagnóstico de inflamação na gordura de Hoffa e recorri a este site para tirar as dúvidas. Obrigada pela elucidação das dúvidas e pela sugestão de tratamento com gelo.

  3. PARA RESPODER ERISON 12 MAIO 2011 AS17:11 direitomonicaferreira@mail.com

  4. acabei de descobrir que tenho inflamação na gordura de Hoffa,sinto muita dor e edema na panturrilha,gostaria de saber se essas características fazem parte dos sintomas?obrigado aprendi bastante lendo esse site…

  5. Bom tarde

    Acabei de pegar o resultado tomei um susto nao sabia oque era, bom fiquei tranquilo com informação tao claras e diretas obrigado e continue fazendo isto pois se pessoas gostarem seu tempo fazendo coisas importantes haverias pessoas melhores.
    Parceiro de informacao

  6. gostei muito das informaçoes contidas no site pois tambem tenho esses diagnosticos.E de um edema na topografia superficial da bursa tambem..a dor é intensa..Mas o gelo tem ajudado bastante aliado a fisioterapia.

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