Neste ano, diversas maratonas da América Latina homenageiam o bicentenário do movimento de emancipação de seus países. Após correr a maratona de Santiago (11/4), e já com inscrição e passagens prontas para Assunção (8/8), recebi o convite dos maratonistas da equipe Acorja, de Pernambuco, para tentar completar a "Trinca do Bicentenário" em Rosário, terra natal de Che Guevara e do jogador de futebol Di Maria (Messi também nasceu na mesma região).
A 9ª Maratón Internacional de la Bandera acontece como parte dos eventos comemorativos do Dia da Bandeira Nacional, sempre no domingo posterior ao feriado de 20 de junho. Como esta data caiu em um domingo neste ano, a presente edição foi realizada numa segunda-feira. Não sei se por causa das comemorações, ou devido à Copa do Mundo, a cidade estava repleta de bandeiras da Argentina, inclusive algumas gigantes, que cobriam toda uma face de um prédio.
A Expo Maraton foi bem simples, com algumas lojas e serviços para atletas. No centro do salão, uma enorme bandeira para que os participantes escrevessem suas mensagens. No domingo à tarde, aconteceu um evento de apresentação da maratona, com a presença dos atletas convidados. Faltou apenas um jantar de massas oficial.
No dia 21, a prova se iniciou no Monumento de la Bandera, o principal cartão postal da cidade. Com largada às 9 horas, o sol já estava forte, mas a temperatura é baixa nesta época e muito agradável para uma maratona. Uma prova urbana muito bonita, bem arborizada em sua maior parte, e que passa por vários pontos turísticos da cidade. Se o público não é numeroso, há uma participação intensa daqueles que estão lá prestigiando os atletas. Na primeira parte, conhecemos o Parque Urquiza, e percorremos a Avenida Pellegrini (a principal de Rosario), para chegar ao Parque da Independência, que possui tantas atrações como o Parque do Ibirapuera, de São Paulo.
SOMBRA E PERCURSO PLANO. Após retornar para a região da largada (18 km de prova) pela Pellegrini, na segunda parte, os atletas visitam os diversos parques às margens do Rio Paraná, no caminho rumo ao Balneário La Florida. Percurso de ida e volta, com o ponto de retorno nos 28 km. Entre os km 26 e 30 não havia muitas sombras, de árvores ou de prédios, e o sol foi cruel neste trecho, mas apenas neste trecho. Chegada da prova na Arena montada próxima ao Monumento de la Bandera, com direito a uma bela descida no km final, para dar uma reanimada aos atletas que dosaram suas energias para terminar bem a maratona.
A prova é predominantemente plana, com um ou outro morrinho, mas nada assustador. Lembra um pouco a Maratona de Porto Alegre pela disposição do percurso no mapa, e até pelo fato de passar pelos estádios dos dois principais clubes da cidade, um em cada metade da prova. Nove postos de água (a cada 4 km em média) mais um posto de Gatorade e um de frutas. A água era distribuída em saquinhos que estouravam facilmente ao pressionar. Mas após "pegar o jeito", foi possível refrescar com eficiência. O guarda-volumes funcionou bem. No mesmo dia, aconteceu uma corrida de 7 km, além de uma caminhada de 4 km.
A prova foi muito bem avaliada pelos atletas locais, brasileiros, uruguaios e americanos, que pude conversar após a maratona. O principal atrativo, para nós, é o clima adequado para uma maratona. Para dados comparativos, meu melhor tempo em maratonas brasileiras é de 4h18, enquanto que consegui vários sub-4h, no inverno americano, no Uruguai, e nesta prova em Rosário. Não tenho a intenção de desestimular a participação nas maratonas brasileiras, mas provas longas em climas tropicais e subtropicais são sempre um desafio à parte, sem falar que essas últimas valem para o "Ranking Brasileiro de Maratonistas", elaborado pela Contra-Relógio, ou do "Desafio das 6 (por enquanto) Maratonas Brasileiras".
Mas se o objetivo é simplesmente obter o melhor tempo pessoal nos 42 km, não tenho dúvidas de que vale investir numa prova internacional. Por outro lado, como a CR sempre defende, quanto mais as organizações do país anteciparem a largada ou mesmo mandando a mesma para a tarde/noite (como será a do Sol Ponte, dia 16/10, no Ceará), melhores serão as condições para se buscar o melhor tempo em solo brasileiro.
A maratona de Rosario, vencida pelos argentinos Oscar Cortinez (2:19:43) e Maria Gabriela Almada (2:48:58), é certificada pela AIMS e teve 1.621 concluintes este ano. A próxima edição será no dia 26/6/2011. Mais informações no site http://www.atletismorosario.com.ar/42k/index.asp
Carlos Hideaki Fujinaga é assinante de São Paulo