Performance e Saúde Redação 4 de outubro de 2010 (0) (144)

Estresse tibial; Lesão labral; Desgaste no joelho; Trombose venosa

ESTRESSE TIBIAL
Estava me preparando para a Maratona de Porto Alegre e algumas horas após um treino longo de 30 km, sem nenhuma dor ou desconforto, comecei a sentir dor na canela, inclusive me impossibilitando de caminhar. Consultei um ortopedista que diagnosticou tendossinovite. Segundo ele, tal diagnóstico era respaldado no rangido que fazia meu tendão quando movimentado. Ele ainda solicitou uma ressonância magnética do local para avaliar possível fratura por estresse e receitou antiinflamatórios. Gostaria de saber quais as causas dessa doença e como posso preveni-la.
Daniel Castro Duarte, Florianópolis, SC

Extremamente importante o ortopedista ter lhe solicitado uma ressonância magnética da parte anterior de sua perna, para afastar a possibilidade de fratura por estresse, na minha opinião o diagnóstico mais grave que poderia lhe acometer. De qualquer forma, não creio na fratura propriamente dita, mas sim em uma condição chamada de síndrome do estresse tibial medial, uma inflamação do periósteo da tíbia (membrana que reveste os ossos) e dos tecidos moles adjacentes, causando dor e dificuldade para o paciente manter a atividade física.  Sua causa é um desbalanço entre a solicitação e a recuperação do tecido ósseo, que não tem tempo para se recuperar entre sessões de treinos, além de um suporte muscular inadequado da região. Ou seja, muito treino de corrida, pouco descanso e pouca musculação. Aguarde o resultado do exame para comparar as imagens com seu quadro clínico na ocasião.

 

LESÃO LABRAL
Pratico corrida há 4 anos e participei das duas últimas São Silvestre. Queria que vocês comentassem sobre a lesão labral, pois desenvolvi essa lesão e fui submetido a uma artroscopia do quadril , em abril. Queria que vocês me dessem umas dicas de recuperação e me informassem se eu vou voltar a correr bem sem problemas.
Ronivaldo Castro Pacheco, São Luís, MA

A lesão labral é caracterizada por uma fissura no prolongamento da cartilagem de cobertura do teto do acetábulo, nome da porção do osso que abraça a cabeça do fêmur (osso da coxa) e forma a articulação do quadril. A cirurgia é realizada com o intuito de regularizar a parte rompida e devolver à articulação uma cobertura adequada. A reabilitação é mandatória e inclui exercícios de reforço muscular de todo o quadril, alongamento dos rotadores internos e externos, e exercícios de ganho de amplitude articular na água, antes de retornar às corridas. 

DESGASTE NO JOELHO
Tenho 66 anos, já participei de várias corridas e minha média semanal de treino ficava entre 40 a 50 km. Gostava muito das provas de 10 km, que corria no ritmo de 5min/km. Algumas vezes sentia umas fisgadas no joelho. Fui ao ortopedista que acabou por pedir uma ressonância magnética que acusou osteoartrose e condromalácia patelar, sendo que para o joelho esquerdo, severidade III a IV. O médico realizou três aplicações de ácido hialurônico em cada um e, depois, fiz vinte sessões de fisioterapia; recentemente entrei em academia para o devido reforço muscular. Uns dizem que, pela situação, devo parar com as corridas e me dedicar a outro esporte, sob pena de em cinco anos eu precisar de uma prótese no joelho. Outros não enxergam a situação com essa gravidade. Eu gostaria da opinião de vocês. Realmente eu estou balançado se devo ou não parar de correr para mais tarde não depender das próteses.
Décio Nora Ribeiro, Vila Velha, ES

Tanto seus sintomas quanto seus exames de imagem que foram solicitados pelo ortopedista indicam que seu joelho sofre de um desgaste na porção articular, envolvendo principalmente a camada de revestimento dos ossos, chamada de cartilagem. As três aplicações de ácido hialurônico  serviram para tentar regenerar parcialmente estas cartilagens e supri-las com uma forma sintética de líquido sinovial, substância que banha os espaços intra-articulares e nutre as cartilagens. A pergunta que você faz é extremamente difícil de ser respondida com precisão, como já constatou pelas respostas conflitantes que recebeu de outros especialistas. A continuação da prática de corrida invariavelmente vai lhe acarretar um desgaste maior nas cartilagens dos joelhos, porém é impossível determinar o grau de desgaste. Talvez seja interessante você considerar a idéia de reduzir sua média semanal de quilometragem, o número de provas no seu calendário de corridas e a intensidade dos seus treinamentos para ver o resultado. Outra idéia é substituir algumas sessões de treinos de corrida por outras atividades aeróbias para que mantenha em dia seu condicionamento cardiovascular. Faça um treinamento de reforço muscular através da musculação, e você ainda terá muitos anos de corridas pela frente.     

TROMBOSE VENOSA
No ano passado tive uma séria trombose venosa (TVP), que se estendeu da veia cava infra-renal até a metade das duas coxas. Gostaria de saber se poderei voltar a correr normalmente com treinamento ou se meu desempenho estará seriamente comprometido, logo agora que pretendo prestar um concurso na policia, em que preciso fazer 2.400m em 12 minutos.
Danilo Luiz, São José dos Campos, SP

Tudo vai depender da sua evolução e da eficácia do tratamento da TVP que você apresentou. A trombose venosa profunda é uma condição clínica extremamente séria, potencialmente grave, na qual um coágulo sanguíneo entope alguma veia profunda dos membros inferiores e compromete o fluxo de sangue que estaria retornando ao coração. No seu caso, a veia acometida foi a veia cava logo abaixo dos rins. O tratamento basicamente envolve a administração de anti-coagulantes para que o coágulo seja dissolvido, e a recuperação normalmente é total.  Portanto, se o tratamento adequado for instituído, são grandes as chances de você retornar ao seu desempenho anterior.  

 

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