Performance e Saúde admin 4 de outubro de 2010 (1) (121)

Muito ansioso pela volta da creatina?

 

O ramo da nutrição esportiva é um campo do conhecimento que vem evoluindo rapidamente. Todo ano são publicadas centenas de pesquisas que dão aos nutricionistas e aos órgãos governamentais as bases para a prescrição e para as resoluções na área. Com base nestas pesquisas e em amplo debate, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), publicou no dia 27 de abril uma nova resolução visando a regulamentação de alimentos e suplementos voltados aos atletas, entre eles o polêmico BCAA, e liberando novamente a creatina e a cafeína. Acompanhe a seguir os principais pontos descritos na nova legislação.

– Suplementos hidroeletrolíticos são aqueles destinados a auxiliar a hidratação, devendo conter entre 460 e 1.150 mg de sódio por litro, até 700mg por litro de potássio e  até 8% de carboidratos. O produto pode ou não ser adicionado de vitaminas e minerais e não pode ser adicionado de fibras. O teor de frutose não pode ser maior que 3% do volume do produto. Estes produtos podem ser denominados isotônicos (quando a quantidade de substâncias presentes é parecida com a do plasma) ou hipotônico (quando estas substâncias estão em menores quantidades que as encontradas no plasma). O termo hidrotônico não é contemplado na legislação. O objetivo do produto é diminuir a desidratação durante o exercício, evitando a perda de mais de 2% do peso corporal. Os estudos mostram que a ingestão de bebidas esportivas, principalmente no clima quente e úmido, melhora a performance e a função do sistema nervoso central.

– Suplementos energéticos são os destinados a complementar as necessidades calóricas do atleta. Os mesmos devem possuir no mínimo 75% de carboidratos (pelo menos 15 gramas na porção) e não podem conter fibras. Muitos atletas não conseguem ingerir quantidades suficientes de calorias por meio da alimentação. Por isto estes suplementos são eficientes, evitando que a perda de peso e massa magra aconteça. Atletas que treinam para o aumento de massa muscular muitas vezes também se beneficiam dos produtos. Vários estudos mostram que o incremento de 500 a 1000 kcal diariamente associado ao treino de resistência promove o ganho de peso. Contudo, é importante destacar que apenas 30 a 50% do peso ganho ocorre na forma de músculo. O restante acontece na forma de água e principalmente gordura. Consequentemente, o uso de tais produtos não é recomendado a todos os tipos de atletas.

– Em situações nas quais o acesso a alimentos seja restrito podem ser utilizados suplementos para substituição parcial de refeições, como shakes. Estes devem conter entre 50 e 70% de carboidratos e 13 a 20% de proteínas. Lipídios devem corresponder a no máximo 30% do valor energético total do produto, sendo que a gordura saturada não pode ultrapassar 10% e a gordura trans não pode ir além de 1% do valor energético total do composto. Este produto pode ser adicionado de fibras.

–  Suplementos protéicos são aqueles destinados a complementar as necessidades protéicas de atletas. Os mesmos devem conter no mínimo 10 gramas de PTN por porção e não podem possuir fibras. Indivíduos em treinamento intenso podem precisar de proteínas adicionais para atingir a recomendação (1,4 a 2,0 gramas de proteína por dia), o que pode ser convenientemente fornecido pelos suplementos. O cálculo da quantidade de proteína extra é feito por um nutricionista esportivo a partir do que vem sendo fornecido por meio dos alimentos. Quantidades extras acima de 2,0 gramas de proteína por quilo não têm nenhum benefício adicional, nem promovem junhor ganho muscular.

– Os aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA) ficam temporariamente dispensados da obrigatoriedade de registro e podem ser comercializados, mas de acordo com a Anvisa não são indicados para atletas, já que não foi comprovado que melhoram o fornecimento de energia. Este item foi um dos mais polêmicos durante os debates e continuará sendo alvo de críticas, já que vários estudos mostram que os mesmos reduzem a perda de massa magra, melhoram a função mitocondrial (e portanto o fornecimento de energia), contribuem para o aumento do VO2 máximo e diminuem o acúmulo de ácido lático no músculo. A Sociedade Internacional de Nutrição esportiva publicou no início deste ano documento que aponta que o uso do BCAA pode sim melhorar a performance e estimular a síntese protéica.

–  Os suplementos de creatina voltam a ser liberados. O produto pronto para o consumo deve conter entre 1,5 e 3 gramas de creatina por porção. Deve ser utilizada creatina monoidratada com grau de pureza mínima de 99,9%, sendo que o produto pode ser adicionado de carboidratos, mas não de fibras. O produto não pode ser consumido por crianças, gestantes, idosos e doentes ou indivíduos com problemas renais e hepáticos. Algumas revisões mostram que a creatina é o suplemento nutricional mais eficiente para o aumento da performance em exercícios de alta intensidade e também para o ganho muscular em indivíduos em treino resistido. A creatina monoidratada também se mostra eficiente na prevenção de lesões. O consumo recomendado é de 2 a 3 gramas por dia durante 3 a 4 dias. A adição de carboidratos aos suplementos parece aumentar a retenção da creatina no organismo. O único efeito adverso com estas doses é o ganho de peso, o que não é desejável para alguns atletas.

– A cafeína também volta a ser liberada para uso por atletas. O produto deve conter 210 a 420mg de cafeína por porção. O composto é encontrado naturalmente no guaraná, no café, no cacau, nos chás preto, vermelho, verde e branco.  Vários estudos mostram que a ingestão de 3 a 9 mg de cafeína por quilo de peso entre 30 e 90 minutos antes do exercício contribui para poupar o carboidrato, melhorando a performance em exercícios de resistência e de velocidade em exercícios anaeróbicos. O interessante é que indivíduos já habituados a ingerir muitas bebidas ricas em cafeína (incluindo as citadas e ainda refrigerantes à base de cola) parecem ter menos benefícios após o uso de suplementos contendo este composto. Mas cuidado: doses acima de 9mg/kg/dia ultrapassam os níveis urinários aceitos por muitas organizações esportivas.

Veja também

One Comment on “Muito ansioso pela volta da creatina?

  1. Olá pessoal que saudade desta revista!A 10 anos atrás eu era assinante .Parei de correr e parei de assinar(errei)Hoje em dia voltei a treinar atletismo e ciclismo e será muito interesante voltar a assinar e ficar atualizado com as novidades.Um grande abraço e um ótimo ano novo……

Leave a comment