Correndo baseado na sensação de estar correndo

A parafernalia eletrônica está enraizada em nossa cultura. Celulares de última geração fazem fotos, filmam em tecnologia de DVD, acessam a internet de dentro d’água e até fritam ovos (sua função menos usada é a de telefone), GPS, computadores pessoais, leitores digitais de livros, a família “Ai” (iPhone, iPad, iPod, iCaramba…)… Na corrida, tudo igual. Basta ir em algumas provas e, nesta época de Natal, temos inúmeras “arvores natalinas”  de pernas e tênis, com dois relógios (um cronômetro e outro GPS), celular, fone de ouvido… entre outros apetrechos. Juro que às vezes chego até a ver unas bolas vermelhas e até um Papai Noel pendurados! Nada contra essa era da informática, os GPS ajudam e muito nos treinamentos (têm minha defesa), ainda mais para quem como eu gosta de sair correndo pelas ruas. Distância e ritmo médio influenciam na melhora do desempenho. Ótimo. Mas não podemos criar uma dependência tecnológica.

Em alguns treinos, não olho qualquer vez para o relógio. Procuro, somente pela sensação, correr no ritmo traçado pela planilha. Não é fácil. Consegui, uma vez, fechar 16 km em 5:10 por km, exatamente o previsto, dessa maneira, sem acompanhar o ritmo pelo GPS. Saber dosar a velocidade, sentir realmente quando apertar ou diminuir as passadas, um conhecimento fundamental na corrida. Dominando essa técnica (claro que nunca será 100%, porque não somos máquinas calculadoras), você ficará mais rápido e mais forte.

Domingo passado (18), corri a etapa de Verão do Circuito das Estações em São Paulo, a convite da Adidas, sem relógio, GPS. Sentindo a respiração. Não fui para fazer tempo, mas gostei demais da experiência. Nunca tinha corrido uma prova sem qualquer referência. Nem na estreia nos 10 km! Pretendo repetir a dose. E em corridas nas quais vá para buscar o recorde pessoal. Sentir até onde posso chegar. Fechei a prova inteiro, com 41:46, sempre tendo o controle, apertando nas descidas e no plano, segurando nas subidas. Pela passagem do tapete dos 5 km, com 20:44, fui praticamente constante o tempo todo.

Ainda não posso divulgar uma conclusão pessoal porque preciso de mais embasamento, mas acredito que muitas vezes acabamos, mesmo sem pensar ou querer, colocando um “freio” psicológico. Está correndo uma prova forte, sentindo-se bem, controlando a situação, mas ao olhar para o GPS e verificar a médica, pensa: “Opa, nesse ritmo vou quebrar. Não vou aguentar”. E “tira o pé”. Intuitivamente, reduz a velocidade para se proteger de algo que nem sabe realmente se vai ocorrer. Não está ofegante, nem cansado, nem nada, mas mesmo assim, adoto o bloqueio psicológico. Será que é isso mesmo?

Fica a dica. Em alguns treinos, não só nos regenerativos ou de rodagem, com base no tempo, mas nos de ritmo e velocidade (incluindo algumas provas) que tal largar sem nada nos braços ou ouvidos? Baseando-se apenas na sensação de estar correndo?

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