20 de setembro de 2024

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Perfil admin 31 de janeiro de 2017 (0) (410)

2h57 na Maratona de Foz do Iguaçu. Aos 65 anos!

Fazer uma maratona sub 3h exige dedicação, alimentação, anos de treinos e uma preparação bem feita, além do clima favorável no dia. Um resultado que muitos não conseguem mesmo com essa união de característicos. Sabemos também que, fisiologicamente, a cada década de vida, há uma perda de massa magra, da constituição física no geral. O envelhecimento é uma certeza para todos. Por isso mesmo que índices de qualificação e recordes vão ficando mais altos com o passar dos anos. Nenhuma novidade até aí.
Agora, e quando você junta esses fatores e consegue o sub 3h aos 65 anos e ainda na Maratona de Foz do Iguaçu, considerada uma das mais difíceis do Brasil? Pois bem, esse foi o resultado do leitor da Contra-Relógio Victor Queranza, de Mococa, no interior de São Paulo. Ele fez 2:57:46 no dia 25 de setembro. Isso mesmo, não há erro de digitação!
Os dados estatísticos atestam que o resultado de Queranza foi mesmo excepcional. Em Foz do Iguaçu, além dele, apenas outros 35 corredores foram sub 3h no masculino (incluindo a elite) e quatro das mulheres do total de 556 concluintes, ou seja, 7,20%. Usando como exemplo a classificação de 2015 do Ranking Brasileiro de Maratonistas, publicado anualmente pela CR na edição de janeiro, com base nos resultados em provas oficiais de 42 km realizadas no país, o primeiro colocado foi o excepcional Gabriel Garcia, com 3:10:18 obtido em Porto Alegre (plana e propícia para bons resultados), com Jorge Emídio de Oliveira na segunda posição (3:21:13 no Rio de Janeiro) e Francisco Rosendo Sobrinho (3:26:48 em Foz do Iguaçu).
Se a análise for feita com base no ranking da Association of Road Racing Statistician (ARRS), que pode ser conferida no site www.arrs.net, Queranza seria o 20º homem mais rápido na maratona na faixa dos 65-69 anos (alguns corredores na relação têm mais de um resultado e, claro, apesar de oficial, essa classificação não é 100% exata, mas uma boa fonte de comparação). O líder desse ranking é Derek Turnbull, da Nova Zelância, que fez 2:41:52 em 12 de abril de 1992, aos 65 anos e 129 dias, em Londres. A lenda Ed Whitlock, do Canadá, que bateu inúmeros recordes mundiais acima de 60 anos, tem 2:51:02 na mesma faixa etária de Queranza, obtido em 14 de novembro de 1999, quando estava com 68 anos e 253 dias http://www.arrs.net/Veterans/VR6_Mara.htm).
Para citar alguns outros feitos do corredor brasileiro, em 2013, quando estava na categoria dos 60 aos 64 anos, no 12º Troféu Brasil Master, na pista do Conjunto Esportivo Constâncio Vaz Guimarães, em São Paulo, Queranza venceu tanto os 5.000 m quanto os 10.000 m (esta com o recorde da competição). Venceu com 17:51.69 e 38:30.30, respectivamente.

A HISTÓRIA – Queranza nasceu em 12 de junho de 1951. "Sou separado, tenho um filho, João Vitor, que me dá um grande apoio e incentivo, mas sou o único corredor da família. Comecei a correr em 1970 (aos 19 anos), participando de provas de rua, incentivado pelos professores José Benedito Pereira e Inácio Jorente Filho", lembra em entrevista à CR. Nesses 46 anos no atletismo, troféus e medalhas foram sendo acumulados em diversas faixas etárias e distâncias, tanto nas ruas quanto nas pistas.
"Todas (essas conquistas) são muito especiais para mim, mas destaco o Campeonato Sul-Americano disputado na Venezuela no ano de 1992, quando marquei os tempos de 15:12 nos 5.000 m e de 32:40 nos 10.000 m. Também participei mundial de veteranos na cidade de Buffalo (EUA), me classificando em 4º lugar no ano de 1995. Na minha categoria sou bicampeão da Volta da Pampulha, campeão da Meia Internacional do Rio, vencedor da Maratona de São Paulo, entre outras, e, na minha cidade, Mococa, fui 18 vezes campeão da Corrida de São Silvestre local", enumera Queranza.
Em Foz do Iguaçu ele disputou a oitava maratona da vida. O melhor resultado foi obtido na Maratona de São Paulo de 2002 (vencida por Vanderlei Cordeiro de Lima), quando terminou na 33ª colocação com 2:35:11, aos 51 anos. O resultado no Paraná mereceu outra comemoração. "Em Foz do Iguaçu, consegui a classificação para a Maratona de Boston de 2018", reforça o líder do ranking brasileiro nos 42 km na faixa dos 65 aos 69 anos. Nesse caso, Queranza foi bastante modesto, pois o índice para a prova norte-americana é de 4:10:00. Lembrando ainda que, em Foz, o segundo colocado na categoria foi Afonso da Silva Ferreira, com 3:55:29. No Brasil, em 2016, a segunda posição no ranking é de João Ferreira de Freitas Filho, de Curitiba, assinante da Contra-Relógio, que marcou 3:11:15 na Maratona de Porto Alegre, em 12 de junho.
Qual o segredo dessa longevidade? Queranza explica com uma simplicidade peculiar. "Primeiramente, gostar muito de correr, sempre se dedicar e nunca baixar a cabeça nas dificuldades, sempre seguindo em frente. Além de cuidar muito bem da saúde e sempre fazer uma avaliação médica."
É essa paixão pelo esporte realmente que mantém Queranza ativo nas pistas e nas ruas. "Corro na raça por gostar muito. Não tenho apoio adequado do poder público, contando com um pouco de ajuda das empresas e do comércio da cidade. Quando vou participar de alguma corrida, conto com os amigos que fazem e vendem rifas para custear as minhas participações", afirma. "Assim, não tenho uma alimentação adequada, passo dificuldades. Por exemplo, há provas que quero correr, pois sei que tenho condições de vencer, mas não posso estar presente por falta de ajuda em Mococa. Isso é muito triste", completa o corredor, mantendo o lema de sempre seguir em frente, sem baixar a cabeça.

 

Os pódios em Foz
O brasileiro Sérgio Celestino da Silva ficou em segundo lugar na Maratona Internacional de Foz do Iguaçu, disputada no dia 25 de setembro, promovida e organizada pelo SESC-PR. Ele terminou oito segundos atrás do ganhador, o queniano David Kiprotich Bowen, que fez 2:20:45. Entre as mulheres, Patrícia Fernanda Lobo também acabou na segunda posição, com vitória da queniana Priscilla Lorchima (2:47:25).
Marcos Antonio Pereira, João Marcos Fonseca e Mateus Soares Trindade completaram o pódio. Já o feminino teve ainda Simone Ponte Ferraz, Dione D'Agostini Chillemi e Giovana da Mata.
O cadeirante Eduardo Aparecido de França, de São José dos Pinhais, que há cinco anos faz a prova, conquistou pela terceira vez o primeiro lugar, com o tempo de 2:54:33.
De acordo com os dados disponibilizados no site oficial da maratona, foram 556 concluintes nos 42 km, além de 206 duplas nos revezamentos masculino, feminino e misto (412 corredores) e 942 participantes na prova de 11,5 km. Somando as três distâncias, o total chegou a 1.910 corredores.
Mais informações e resultados completos em www.sescpr.com.br/maratona

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