Blog do Corredor Tomaz Lourenço 28 de março de 2022 (0) (527)

21 km na Seven Run da Iguana vira a melhor e mais dura opção

As corridas estão voltando pra valer, e na cidade de São Paulo começa a proliferação de provas, notadamente em torno de 10 km. É uma distância democrática, acessível mesmo para iniciantes, e é bom que exista sempre essa opção. Mas depois de alguma experiência, muitos a acham sem graça, não justificando a mão de obra dessas participações, ou seja, inscrição, pagar, pegar o kit, se deslocar para o evento para correr uma “provinha”, que não garante grandes emoções na chegada.

Aliás, choro no final, de alegria e/ou dor, só costuma acontecer mesmo em maratonas, e não por acaso. Ao final dos 42 km, com a lembrança dos vários meses de treinamento e dedicação, não tem como não se sentir realizado por ter vencido o desafio da longa distância. Só quem já virou maratonista conhece essa sensação, não dá muito para explicar. Experimente!

E neste domingo, 27/03, aconteceu a Seven Run, com 3 distâncias: 7, 14 e 21 km. Merece mais uma vez elogios a postura de eficiência e transparência da Iguana Sports. No final da manhã, já estavam disponíveis os resultados, absolutamente integrais e bem claros, sem complicação como fazem alguns organizadores, para dificultar esse acesso, de forma a não se saber direito o total de concluintes.

No caso da Seven Run da Iguana, foram exatamente 1.259 concluintes nos 21 km, 942 nos 14 km e 1.171 nos 7 km, totalizando 3.372 corredores. Enquanto os participantes das distâncias menores fizeram o tradicional percurso plano pela Marginal do Rio Pinheiros, os da meia- maratona enfrentaram algumas subidas e descidas de pontes e viadutos, mas em compensação foram brindados com um trajeto menos monótono.

Água gelada a cada 2 ou 3 km, portanto bem satisfatório, assim como banheiros químicos e atendimento médico no percurso, mas poderia haver pelo menos um posto de isotônico para o pessoal dos 21 km. Também seria muito simpático e reconfortante (e isso vale para todos os organizadores e distâncias) a instalação de um último ponto d´água a 1 km da chegada, para ajudar no arranque final.

Depois da chegada, caminhada até a entrega de um achocolatado, água e frutas, apenas para os inscritos, como deve ser, mas com restrição numa boa.

Completei os 21 km em 2h35, como estimava, porém ficou claro que tenho muito o que treinar, para encarar a Maratona do Rio em junho e fechar abaixo de 5 horas, para me garantir no Ranking Brasileiro de Maratonistas, feito pela CR, e cujo tempo-limite na minha faixa etária (75/79 anos) é sub 5h10.

Corredores na Seven Run

Como sempre, aproveitei a corrida para dar uma olhada nos participantes e cheguei às constatações abaixo, que comento. A boa notícia é que mais uma vez uma prova da Iguana tem pouquíssimos “pipocas”, confirmando a conscientização dos corredores sobre a importância de ser civilizado, mas também de que os organizadores devem segurar um pouco no valor das inscrições.

O segundo aspecto é estarem saindo de moda as meias de compressão, talvez pelas inúmeras matérias e reportagens sobre a inutilidade delas, ou a não confirmação “científica” de que servem para alguma coisa, que não o aspecto estético.

Nesse sentido ainda, comento sobre as camisetas regatas, sem dúvida mais apropriadas para o verão brasileiro, mas que quase ninguém mais usa, pela “ditadura” das atuais camisetas de manga. E o que falar das corredoras que participam de calças legging?

Por último, o susto ao cruzar com um corredor descalço, opção surgida há alguns anos como mais “natural”, mas que logo saiu de moda, pela fraqueza dos argumentos a favor dessa alternativa.

Algumas constatações

Menos de 1% participando sem número
5% (ainda) correndo com meia de compressão
Pouquíssimos de camiseta regata
Um corredor “pré-histórico” (descalço!!!)

“Vergonha” X “Orgulho”

Como toda prova em que mais de uma distância é oferecida, a organização precisa informar corretamente para que não haja erros (involuntários) por parte dos participantes. E a Iguana fez isso muito bem, com placas indicando para onde deviam seguir os corredores que faziam 7, 14 ou 21 km, e staffs reforçando verbalmente as alternativas, mesmo porque quando se corre por vezes deixamos passar muita coisa, pelo cansaço e pela cabeça abaixada.

Esse aspecto faz parte das “obrigações” de uma organização que se preze (e que é paga para isso, pelos participantes), mas não posso deixar de lembrar aqui de uma situação engraçada/grotesca que me aconteceu na primeira vez que corri a Meia-Maratona de Lisboa, em 1997, então, como até hoje, a principal prova portuguesa.

Para quem não sabe, são dois eventos, o principal de 21 km e um de 7 km, ambos saindo na cabeceira na famosa ponte 25 de Abril, sobre o rio Tejo, que é fechada uma única vez por ano, para os corredores. Quando se termina a longa travessia, há uma bifurcação para separar as duas corridas e quando lá corri apareceu a placa indicativa, na verdade um grande papelão onde estava escrito à mão: na seta à esquerda “ORGULHO” e na pra direita “VERGONHA”.

Não acreditei no que vi, mesmo já conhecendo o jeito português, na medida em que meus pais vieram de lá. Além da grosseria na indicação, menosprezando o pessoal da mini, havia o fato da desinformação em si. Passado o choque da “placa”, alguns quilômetros depois um corredor ao lado me consultou: “O gajo, esta mini não acaba nunca?” Indiquei que ele retornasse, para a chegada em frente ao Mosteiro dos Jerônimos. Nos anos seguintes melhorou bastante a organização da Meia de Lisboa.

Mais informações em www.iguanasports.com.br

Fotos: Tião Moreira

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